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O PROPÓSITO DOS DONS DO ESPIRITO SANTO (1)
O PROPÓSITO DOS DONS DO ESPIRITO SANTO (1)

                      O PROPOSITO DOS DONS  EDIFICAR

 

Os propósitos dos dons podem ser compreendidos a partir de sua natureza. Myer Pearlman diz que os dons do Espírito “...descrevem as capacidades sobrenaturais concedidas pelo Espírito para ministérios especiais...”.3 Para esse teólogo, o propósito principal dos dons do Espírito Santo é “edificar a Igreja de Deus, por meio da instrução aos crentes e para ganhar novos convertidos”.

Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 26.

I Tm 3.15 Proceder: portar-se, executar sua incumbência, levar sua conduta, também se comportar uns diante dos outros. 2 Co 1.12: “O testemunho de nossa consciência de que, com santidade e sinceridade de Deus, não com sabedoria humana, mas, na graça divina, temos vivido no mundo”, i. é, que nos comportamos.

A conduta cristã, a verdadeira devoção, não se fundamenta na opinião humana, não no costume burguês ou antiburguês, não na “natureza”, mas no mistério de Deus.

No AT casa de Deus designa o templo no qual reside o nome de Deus. A pessoa que ora deseja poder habitar constantemente na casa de Deus e ter nela comunhão com Deus. Vale notar que em lugar algum “casa de Deus” é equiparada a “casa de Israel”, como acontece posteriormente no NT: “Sua casa somos nós.”

Percebe-se que o efeito do templo visível, feito por mãos, era tão grande que a ideia de uma “casa espiritual” teve dificuldades para firmar-se. Contudo existem rudimentos para o habitar de Deus entre os humanos que transcende um santuário visível. O profeta vê chegar uma época em que a lei não será mais escrita exteriormente sobre tábuas, guardada no tabernáculo itinerante ou no templo imóvel em Jerusalém, mas deitada no interior da casa de Israel, i. é, escrita em seu coração, e assim Deus será o seu Deus, e eles serão o seu povo (A 5).

Aquilo que se pode notar rudimentarmente no AT, a saber, que a igreja convocada e chamada para fora por Deus (é esse o significado do termo ekklesia), que o povo de Deus também é casa de Deus, na qual ele habita, ocupa agora um espaço bem central no NT. Contudo, não é verdade que agora mais uma vez o templo, isto é, a igreja se encontre no centro; seu centro é o Senhor.

Como as past veem a casa de Deus? (A 5) Nas casas dos cristãos deve ser evidenciada aquela piedade que corresponde ao caráter da casa de Deus, na qual Deus se manifesta em Cristo, o mistério da beatitude. Somente nesse Cristo é real e possível a vida em beatitude. Toda família que tiver Cristo no centro é uma casa de Deus. “O que se esperava dos presidentes e diáconos como pais de família possui sua fundamentação e cumprimento em Deus, o Pai, do qual toda paternidade no céu e na terra possuem o nome.” A família é a pequena casa (ainda que naquele tempo fosse em geral um tanto diferente de nosso núcleo familiar: com muitas crianças, avós ou parentes que vivem com a família, servos e servas, escravos, administradores e supervisores), a igreja é a casa grande, em que o dono da casa utiliza as diferentes vasilhas para seu serviço. Timóteo deve considerar e exortar os diversos membros de igreja como família Dei.

A igreja do Deus vivo: uma intensificação em relação a “igreja de Deus” (v. 5). O Deus vivo não se deixa fixar por desejos e concepções humanas, ou exercícios religiosos. Ele se entrega inteiramente à igreja e não obstante continua sendo totalmente seu Senhor.

Desde o princípio e por natureza a igreja sempre está tanto no movimento de ser chamada e reunida por Deus como em permanecer e perseverar no grande ponto de reunião e repouso de Deus: em Cristo Jesus. Por essa razão não nos deve surpreender que o texto inclua uma terceira qualificação:

Coluna e fundamento da verdade. Diante do fato de que cada pessoa renascida pode ser uma coluna (ou uma pilastra) no templo de seu Deus, indivíduos também podem se tornar colunas particularmente fortes. Deus deseja construir um templo vivo de pedras e colunas vivas.

Fundamento da verdade. Será que de fato temos diante de nós uma concepção apenas estática de igreja? Porventura a igreja recebe uma relevância até agora não conhecida, como fundamento e portadora da verdade? Contra essas suposições cumpre explicitar:

1) Ambas as palavras, “coluna” e “fundamento”, aparecem sem artigo, ou seja, não se trata da igreja como uma grandeza própria, mas de qualquer reunião de cristãos apoiados na palavra de Cristo.

2) Paulo escreve, sem considerar isto como uma contradição, que como construtor ele lançou o fundamento que já está posto: Jesus Cristo. Ele lança a base ao anunciar a Cristo, a pedra fundamental. Chega à verdade aquele que reconhece o único Mediador entre Deus e os humanos, Jesus Cristo. Ouviu a palavra da verdade e crê nela. A igreja é “fundamento da verdade” na medida em que se baseia em Cristo.

3) Uma comparação com 2Tm 2.19s confirma que no entendimento das past Deus é aquele que lança a base firme, e que a última decisão sobre quem pertence à igreja e quem não permanece com Deus.

O firme fundamento lançado por Deus permanece, ele possui um lacre duplo: a) Deus conhece aqueles aos quais chamou, b) a Deus, que chama e santifica, o ser humano responde deixando-se santificar, ou seja, distanciando-se da não-santidade (veja o comentário a 2Tm 2.19s). Persiste a mesma tensão existente no discurso de Jeremias sobre o templo: quem confessa que pertence ao templo do Senhor está sujeito ao Senhor do templo, ao Deus santo e vivo, que possibilita sua vida em santificação e por isso também a espera.

4) As três imagens sobrepostas “casa”, “igreja”, “fundamento” (de Deus, do Deus vivo, da verdade) representam um movimento de transição de um para outro, desse modo assinalando o móvel e o permanente, o dinâmico e o constante.

5) Assim como Paulo encerra suas afirmações sobre a conduta de homens e mulheres no culto dos coríntios com uma referência à “igreja de Deus”, assim ocorre também aqui. O fato de que aqui são acumuladas mais palavras não constitui prova de que a igreja seja tomada mais a sério. Paulo havia utilizado todas as expressões, e mais do que essas, também nas cartas aos Coríntios, ainda que dispersas no contexto.

6) Decisivo, porém, é o fato de que o capítulo não acaba com o olhar sobre a igreja, mas com um hino para Cristo. É em direção desse hino que tudo aponta; a primeira e última coisa não é a igreja, mas Cristo, não o corpo, mas o cabeça. Contudo ambos formam uma unidade da forma como os v. 15 e 16 os conectam. Não se pode detectar uma evolução e solidificação diante de exposições mais antigas de Paulo, mas acontece o oposto. Uma comparação com o hino cristológico da carta aos Filipenses o sugere. Em Fp 2.5-11 Paulo fundamenta a conduta da igreja (na humildade cada um considere o outro superior) por meio do hino à humildade de Jesus. Cristo não é simplesmente exemplo para imitação moral. Sua mentalidade e sua ação fundamentam a mentalidade e ação dos filipenses. Do mesmo modo 1Tm 3.16 é alvo final e ao mesmo tempo fundamentação da beatitude, da mentalidade santa e da ação na igreja.

Fp 2.5 não se refere à “mentalidade”, que se orienta pelo ideal de uma virtude, mas a um “direcionar-se para”, um “orientar-se” conforme uma realidade dada e cumprida, que foi resolvida e inaugurada em Cristo Jesus. É precisamente dessa maneira que o hino cristológico de 1Tm 3.16 está inserido no conjunto da carta e de suas instruções.

Hans Bürki. Comentário Esperança I Timóteo. Editora Evangélica Esperança.

Esses que estão servindo na casa de Deus devem cuidar para que se comportem de acordo, para que não tragam opróbrio para a casa de Deus e ao nome digno de quem os chamou. Os ministros devem comportar-se devidamente e cuidar não somente da sua oração e pregação, mas do seu comportamento. O seu ofício os vincula ao seu bom comportamento, porque qualquer comportamento não será suficiente nesse caso. Timóteo deve saber comportar-se, não somente na igreja específica onde foi designado para habitar por um tempo, mas, sendo evangelista e o substituto do apóstolo, ele deve aprender a comportar-se em outras igrejas, onde seria designado da mesma forma para habitar por um período; e, portanto, * não é a igreja de Éfeso, mas a igreja católica (ou “universal”), que é aqui chamada de a casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo. Observe o seguinte: 1. Deus é um Deus vivo. Ele é a fonte da vida. Ele é a própria vida e aquele que dá vida, a respiração e todas as coisas às suas criaturas. Nele vivemos, e nos movemos, e existimos (At 17.25,28). 2. A igreja é a casa de Deus; Ele mora lá. O Senhor escolheu Sião para ali morar. “Este é o meu repouso.

Aqui habitarei, pois o escolhi”. Ali podemos ver o poder e a glória de Deus (SI 132.2).

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 692.

Esta seção tem sido bem descrita (M. Dibelius) como sendo “a cesura” da carta, i.é, o ponto de divisão que lhe dá relevância. Não somente forma a ponte entre a primeira parte, com suas instruções acerca da oração e do ministério, e as orientações práticas da segunda parte, mas, sim, ao ressaltar as funções verdadeiras de uma igreja, fornece a base teológica para as regras e os regulamentos, bem como para o ataque contra o falso ensino, que formam o corpo da carta. A essência da mensagem de Paulo é que a ordem, no senso mais amplo do termo, é necessária na congregação cristã precisamente porque é a casa de Deus. Seu instrumento escolhido para pregar aos homens a verdade salvífica da revelação do Deus-homem, Jesus Cristo.

14,15. A sintaxe dos dois primeiros versículos é desajeitada; Paulo teria expressado aquilo que queria dizer de modo mais claro se tivesse escrito: “Embora espere ir ver-te em breve, escrevo-te estas coisas para que, se eu tardar, fiques ciente...” Para a situação contemplada, e o argumento de que demonstra traços de artificialidade, ver a nota sobre 1:3. As “instruções” (estas coisas) abrangem todas as exortações contidas na carta. Visto que há uma possibilidade real de atraso, Paulo naturalmente quer colocá-las por escrito, especialmente porque seu conselho acerca da ordem eclesiástica e a necessidade de manter a sã doutrina claramente visa um auditório maior do que Timóteo somente. Isto se aplica especialmente à presente passagem, com suas sugestões subentendidas acerca das responsabilidades de ser membro da igreja. A tradução como se deve proceder na casa de Deus supõe que o Grego queira dizer “como a pessoa deve comportar-se,” e não “como você deve comportar-se.” A favor do último texto, que foi preferido por alguns dos pais, estão (a) o verbo no singular para que fiques ciente, e (b) o fato de que dependia de Timóteo, mais do que qualquer outra pessoa, cuidar que os ideais de Paulo fossem realizados em Éfeso. Do outro lado, o verbo “proceder” (Gr. anastrephestai) é compreensivo, e abrange de modo apto a conduta esperada de todos os grupos discutidos, e os relacionamentos mútuos entre eles. Entender que se aplica à igreja em Éfeso de modo geral também concorda melhor com o caráter semi-público da carta e com a ideia da congregação como sendo a família de Deus. A casa de Deus tem sido traduzida assim ao dar-se ao Gr. Oikos o sentido de uma “construção.” Isto é perfeitamente possível, e é apoiado por (a) as metáforas arquitetônicas na segunda metade do versículo, e (b) a linguagem de Paulo noutros lugares (e.g. 1 Co 3:9, 16-17; Ef 4: 12). Nesta passagem, no entanto, Paulo está claramente retomando o pensamento de 3:4, 5, 12, onde oikos significa “casa” no sentido de “lar” e “família” (cf. 2 Tm 1:16; Tt 1:11) e a analogia entre uma igreja e uma família humana está explícita ou implicitamente presente. Fala de cristãos formando uma família entre si na fé em G1 6:10 e com Deus em Ef 2:19.

É semelhante família ou casa, transformada numa unidade pela sua Cabeça divina, que cada congregação, ou igreja do Deus vivo, forma.

Como em 3:5, não há artigo definido antes de igreja, e isto sugere que Paulo está pensando primariamente da comunidade local específica. Seu comentário pode ter implicações para a igreja universal, mas nenhuma doutrina dela é explicitamente exposta aqui. Paulo frequentemente descreve Deus como sendo vivo (4:10; 2 Co 3:3; 6:16; 1 Ts 1:9). Toma emprestado o epíteto do A.T., onde serve para ressaltar o contraste entre Javé e os ídolos mortos.

A congregação local, Paulo acrescenta, é coluna e baluarte da verdade. Como nas Pastorais de modo geral (ver sobre 2:4), a verdade representa a plena revelação de Deus em Cristo, mas leva consigo a nuança de “a fé ortodoxa.” A escolha da palavra aqui é motivada pela oposição consciente aos mestres do erro que estão para ser denunciados em 4:1 ss. O que Paulo está dizendo é que a função e a responsabilidade de cada congregação é apoiar, reforçai, e assim salvaguardar o ensino verdadeiro pelo seu testemunho consciente. Devemos notar (a) que baluarte é provavelmente a tradução mais exata do Grego hedraiõma (que não se acha em nenhum outro lugar) e (b) que a igreja local é descrita como coluna etc., e não “a coluna, etc.”, porque há muitas igrejas locais em todo o mundo que desempenham este papel. Duas outras interpretações da passagem devem ser mencionadas. Tem sido proposto que coluna e baluarte da verdade deva (a) ser tomada em aposição a Timóteo, o sujeito oculto de fiques ciente supra, ou (bj ser ligada àquilo que se segue e ser usada para qualificar o mistério da piedade. A última pode ser rejeitada imediatamente. Envolve uma tautologia, visto que o mistério da piedade não é o apoio da verdade mas, sim, a própria verdade; e o anticlímax de Evidentemente grande vindo depois de coluna e baluarte é intolerável. A primeira é um pouco  mais plausível. Mas, em primeiro lugar, há muita matéria interveniente entre estas palavras e fiques ciente para permitir que sejam ligadas com aquele verbo; em segundo lugar, o assunto em pauta não é Timóteo, mas, sim, a função da igreja. Os exegetas têm apelado a estes expedientes porque imaginaram que, conforme é comumente interpretada, a passagem deve subentender que a igreja é, dalguma maneira, o fundamento ou base do evangelho, ao passo que a verdade é exatamente o oposto disto (1 Co 3:11). Mas se a tradução e a explicação dadas supra forem corretas, a alegada dificuldade não existe. A única preocupação de Paulo é enfatizar que os membros de cada comunidade local devem ser um baluarte forte do evangelho contra os assaltos dos falsos mestres.

John N. D. Kelly. Epístolas Pastorais Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 87-89.

I - OS DONS NÃO SÃO PARA ELITIZAR O CRENTE

  1. A igreja Coríntia.

CORINTO Capital da província romana da Acaia.

  1. Topografia. A cidade era uma das mais estrategicamente localizadas do mundo antigo. Estava situada em um planalto que contemplava o istmo de Corinto, cerca de 3 km do Golfo. Assentada aos pés do Acro corinto, uma acrópole que se ergue precipitadamente a quase 600 m de altitude, tão fácil de defender que era chamada de um dos '‘grilhões da Grécia”. Era uma fortaleza tão impenetrável que só foi tomada à força depois da invenção da pólvora. Corinto comandava todas as rotas terrestres da Grécia central para o Peloponeso ao longo do istmo.

Havia bons portos em ambos os lados do istmo: Cencréia no Golfo Sarônico ao leste e o Lichaeum no Golfo de Corinto ao Oeste. Uma moeda do imperador Adriano representava os portos mediante duas ninfas, olhando em direções opostas com um leme entre eles. Nos tempos antigos os navios eram arrastados através do istmo sobre cilindros, para evitar a longa e perigosa passagem em tomo do Cabo Malea na extremidade sul do Peloponeso. Periander o tirano (c. 625-585 a.C.) planejou abrir um canal no istmo, e o Imperador Nero começou de fato este projeto, mas um canal S& foi completado em 1893.

  1. História. Os primeiros habitantes de Corinto foram colonizadores do período neolítico e da Antiga Idade do Bronze, que parecem ter se mudado para um local mais próximo à costa, em Koraku, próximo a Lichaeum. Por volta da Nova Idade do Bronze, Koraku era uma colônia próspera em comparação com o local clássico de Corinto, nesta mesma época. E suposto, portanto, que a “Corinto abastada” da Ilíada (Livros 2 e 13) era Koraku, também chamada de Efira no livro 6. Evidências arqueológicas indicam que a colonização na Idade do Bronze foi abandonada pelos dórios em favor do local clássico.

A próspera cidade-estado de Corinto surgiu no 82 séc. a.C. Ganhou controle sobre o istmo e o sul de Megara. Colonos foram enviados para Corcira, Itaca e Siracusa. A expansão da cidade foi liderada pelo clã dos Baquíades. Durante este período, uma escola de poesia liderada por Eumelus se desenvolveu e o estilo Proto-Corinto de olaria apareceu, o qual foi muito influenciado pelo contato com o Oriente. Os Baquíades foram derrotados pelo tirano Cipselo (c. 657), cuja linhagem reinou até 582 a.C. Durante este período, Corinto alcançou o auge de sua prosperidade e poder. Periandro, o último e o

maior dos tiranos, construiu um corredor de pedras (Síoakoç) através do istmo para a transferência de navios e carga. Navios coríntios navegavam tanto para o Oriente quanto para o Ocidente carregados com as lindas mercadorias produzidas na cidade.

No início do 52 séc. a.C. o mercantilismo e imperialismo ateniense levaram Corinto ao declínio. As duas competiam pela influência sobre Samos, em Megara e ao longo do Golfo de Corinto. Uma disputa pela conquista de Corcira e Potidéia levou à deflagração da Guerra do Peloponeso em 431 a.C., que foi desastrosa para ambas. No início do 4- séc. a cidade se aliou a várias forças mais poderosas. Aliou-se com Atenas, Argos e Beócia contra Esparta. Logo em seguida (395-385 a.C.) foi estabelecido um governo democrático de pouca duração, substituído depois por uma oligarquia. Depois da batalha de Queronéia (338 a.C.) Corinto perdeu sua independência. Filipe II da Macedônia guarneceu o Acrocorinto e fez da cidade o centro de sua liga helénica.

No período helenístico Corinto era um centro industrial, comercial e de prazer. Tomou-se membro e, por um tempo, a principal cidade da Liga Aqueana, no período entre a morte de Alexandre e o surgimento da influência romana na Grécia. Depois de uma breve campanha que resultou na conquista da Grécia em 196 a.C., Corinto foi declarada pelos romanos uma cidade livre. Entretanto, logo os romanos foram forçados a restringir a influência de Corinto e da liga, e a cidade foi completamente destruída por Múmio em 146 a.C.

Corinto ficou em ruínas por cem anos, até o decreto de Júlio César em 46 a.C. que dizia que deveria ser reconstruída. Uma colônia romana foi fundada no local, a qual mais tarde se tomou a capital da província da Acaia. Sua população era formada de gregos locais, orientais incluindo um grande número de judeus, homens livres da Itália, oficiais do governo de Roma e comerciantes. A cidade se tomou um lugar favorito dos imperadores romanos. Nero exibiu sua extraordinária habilidade artística nos jogos istmianos e, em um momento de exuberância, declarou a cidade livre. Ele próprio, Vespasiano e Adriano foram patronos da cidade e fizeram de Corinto a cidade mais bela da Grécia. Pausanias, o viajante e geógrafo grego, visitou Corinto no 2- séc. d.C. e fez uma descrição concisa dos monumentos da cidade imperial.

A cidade romana foi destruída por hordas góticas no 3 e 4a sécs. Sua destruição pelos godos, em 521 d.C., levou Procópio a comentar que Deus estava abandonando o império romano. A cidade foi fundada novamente pelo imperador Justiniano e mantida na Idade Média pelos normandos, venezianos e turcos. O antigo local foi abandonado em 1858 devido a um forte terremoto. A nova cidade foi construída perto do golfo e mais para o leste.

Nos tempos romanos, a cidade era notória como lugar de prosperidade e indulgência. “Viver como um coríntio” significava viver em luxúria e imoralidade. Sendo um porto marítimo, Corinto era o local de encontro de todas as nacionalidades e oferecia todos os tipos de vícios. O templo de Afrodite no Acrocorinto era único na Grécia. Suas sacerdotisas eram mais de mil hierodouloi, “escravas sagradas”, que se ocupavam na prostituição. Sua riqueza vinha de seu movimento comercial por mar e por terra, sua cerâmica e indústrias de metal, e sua importância política como a capital da Acaia. Em seu apogeu, provavelmente atingiu uma população de 200.000 homens livres e 500.000 escravos.

Importância bíblica. Existem três itens de interesse arqueológico que se relacionam ao relato de Atos acerca da visita de Paulo a Corinto. O tribunal romano, para o qual ele foi arrastado (At 18.12) pela multidão, para comparecer diante de Gálio, foi descoberto no centro do ágora. Era uma plataforma alta apoiada por dois degraus, revestida com mármore azul e branco. Dos lados havia recintos com assentos e, mais adiante, corredores que levavam da porção inferior à superior do ágora. Esta construção é perfeitamente coerente com a concepção romana de um rostro, uma plataforma para oratória pública.

Ao sul do teatro há uma área grande e pavimentada, datada da metade do l2 séc. d.C. Em uma das pedras do calçamento está a inscrição Eratus,pro aedilitate sua pecunia stravit, “Erasto, em troca pelo título de édilo, colocou [o pavimento] responsabilizando-se por seus custos.” Paulo, escrevendo de Corinto, mencionou em sua epístola aos Romanos (16.23)um Erasto, a quem ele descreveu como “tesoureiro” ou “administrador da cidade”. Embora exista alguma dúvida se 0ík0v6|10ç é um equivalente próprio de edil, comumente em grego, em geral se afirma que este é o mesmo Erasto, um convertido ou amigo do apóstolo.

Uma inscrição encontrada perto do pórtico diz identificada como Zdvcc Ycoyn Epp aícov [“sinagoga dos hebreus”]. Provavelmente era o bloco da verga da porta de um prédio próximo. Embora a inscrição seja em geral datada no 3S séc. d.C., ela atesta a existência de uma comunidade judaica em Corinto.

O apóstolo Paulo visitou Corinto, pela primeira vez, em sua segunda viagem missionária (Atos 18). Ele havia acabado de chegar de Atenas, onde fora miseravelmente recebido. Posteriormente ele disse que começou seu trabalho em Corinto em fraqueza, medo e temor. Pretendia permanecer apenas por um curto período de tempo, antes de retomar a Tessalônica, mas o Senhor falou com ele numa visão durante a noite (At 18.9,10; lTs 2.17,18). Paulo pregou na cidade por um ano e meio. Por um tempo ele residiu na casa de Aquila e Priscila, judeus que haviam recentemente sido expulsos de Roma pelo imperador Cláudio. Assim como Paulo, os dois eram fabricantes de tendas e Paulo trabalhou com eles durante sua estada na cidade, para que seus motivos como pregador não fossem contestados. Logo depois de sua chegada, Silas e Timóteo se juntaram a ele, vindos da Macedônia.

Paulo pregou na sinagoga todos os sábados, até que uma forte oposição surgiu entre os judeus.

Ele então se voltou para os gentios e ficou na casa de Tício Justo, um gentio adepto do Judaísmo, que morava ao lado da sinagoga. Paulo fez vários convertidos durante sua estada, dentre eles Crispo, o administrador da sinagoga.

Em certo momento, uma multidão de judeus arrastou Paulo diante do procônsul romano da Acaia, L. Junius Gálio. O vencimento de seu mandato era para o ano 51-52 ou 52-53, de acordo com uma inscrição encontrada em Delfi, em 1908 (SIG II3.801). Gálio ouviu as acusações no tribunal, mas se recusou a julgar assuntos concernentes à lei judaica. Mesmo quando a multidão libertou Paulo e começou a espancar Sóstenes, o administrador da sinagoga, ele não se envolveu (At 18.12-17). Esta opinião, dada por um oficial romano altamente respeitado, de que a pregação de Paulo não era contrária à lei romana, sem dúvida deu a ele uma compreensão da proteção que Roma lhe daria ao pregar o evangelho. O relato da primeira visita de Paulo a Corinto é encerrado com a observação de que ele partiu, algum tempo depois deste incidente, para Jerusalém e Antioquia via Éfeso.

Paulo escreveu as epístolas aos Tessalonicenses durante sua estada em Corinto. Tão logo chegou na cidade, Silas e Timóteo se uniram a ele. As notícias que Timóteo trouxe da Macedônia levaram Paulo a escrever a primeira epístola aos Tessalonicenses. A segunda epístola foi escrita provavelmente logo após a primeira ter sido recebida.

O livro de Atos conta muito pouco sobre a história do começo da Igreja em Corinto, mas alguns poucos detalhes adicionais podem ser derivados das epístolas aos Coríntios. Apoio, um convertido de Áquila e Priscila enquanto eles estavam em Éfeso, foi enviado com uma carta de recomendação e exerceu um grande papel na igreja, embora às vezes involuntariamente, tenha sido causa de divisões (At 18.27—19.11; ICo

1.12). As evidências indicam que Paulo pretendia visitar a igreja novamente, em sua terceira viagem missionária (2Co 12.14; 13.1).

Enquanto estava em Éfeso, Paulo enviou uma carta para Corinto, que não foi preservada (ICo 5.9). A resposta da igreja, que pedia conselho acerca de problemas que estava enfrentando, e um relatório oral que indicava que a igreja estava muito mal, levou o apóstolo a escrever a primeira epístola aos Coríntios. Esta foi provavelmente levada para Corinto por Tito (2Co 7.13) ou por Timóteo (ICo 4.17), porque ambos haviam visitado a igreja nesta época. Depois da partida apressada de Paulo de Éfeso, ele foi para Trôade com a esperança de encontrar Tito com novidades acerca de Corinto. Sua expectativa foi frustrada, mas ele o encontrou mais tarde na Macedônia. Quando ele recebeu o relato sobre o reavivamento na igreja, Paulo escreveu sua segunda epístola da Macedônia. Depois disso, ele passou três meses na Acaia, grande parte, sem dúvida, em Corinto (At 20.2,3). Enquanto estava lá, arrecadou uma oferta para os santos pobres de Jerusalém, para a qual a Igreja de Corinto também deve ter contribuído, e de onde ele provavelmente escreveu a epístola aos Romanos (Rm 16.23).

A Igreja em Corinto reaparece na história literária ao final do l2 séc. d.C.; por volta do ano 97 Clemente de Roma escreveu uma carta, que ainda sobrevive, à igreja. Esta revela que a igreja ainda era afligida por muitos dos mesmos problemas sobre os quais Paulo escreveu.

MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 1173-1179.

CORINTO Uma cidade muito antiga. Os primeiros colonizadores chegaram a Corinto no quinto ou no sexto milénio a.C. Mas a Corinto do período clássico foi realmente estabelecida com a invasão dos dórios. Por volta de 1000 a.C. este povo grego se estabeleceu no sopé da acrópole de Corinto. Ocupando um lugar de segurança, eles também controlavam a principal rota comercial por terra entre o Peloponeso e a Grécia central, como também a rota Istmiana. Chegando logo a um alto grau de prosperidade, a cidade colonizou Siracusa na Sicília e a ilha de Corcira (a atual Corfu) e alcançou um pico de prosperidade através do desenvolvimento comercial e industrial. A cerâmica e o bronze de Corinto foram largamente exportados pelo Mediterrâneo. Por volta da metade do século V as fortunas da cidade diminuíram como resultado de uma eficaz concorrência da produção industrial ateniense. Durante o período clássico, Corinto controlava cerca de 100 quilómetros quadrados de território, aproximadamente um quarto do tamanho de Rhode Island. Não é possível contar a história de Corinto detalhadamente. E suficiente dizer que ela entrou em conflito com Roma durante o século II a.C, foi finalmente destruída pelos romanos em 146 a.C, e permaneceu virtualmente desabitada até que Júlio César fundou-a novamente em 44 a.C. O crescimento de Corinto foi rápido e, na época de Paulo, ou logo depois, a cidade se tornou o maior e mais próspero centro no sul da Grécia. Ela serviu como a capital da província romana da Acaia, com uma população que variava entre 100.000 a várias centenas de milhares de pessoas.

A história posterior de Corinto não possui nenhum valor especial para os estudantes do NT. A cidade sofreu várias catástrofes até que em 1858, quando foi destruída por um terremoto, ela se moveu para um novo local no golfo de Corinto; por isso escavadores da Escola Americana de Estudos Clássicos foram capazes de descobrir como era o lugar na época do NT.

Nos dias de Paulo, a cidade ficava a aprox.. dois quilômetros e meio ao sul do golfo de Corinto, no lado norte de sua acrópole, a uma altitude de aprox. 130 metros. O monte Acrocorinto ou acrópole se estendia a 500 metros sobre a cidade, a uma altitude de 623 metros. A cidade e sua acrópole eram limitadas por um muro que tinha um perímetro superior a 10 quilómetros. Do lado de fora dos muros, nas planícies circunvizinhas, se estendiam campos de grãos, olivais, vinhas, e outras propriedades rurais da cidade. Ao norte da parte central da cidade ficava a Agora, o centro nervoso da metrópole. A Agora tinha aproximadamente 230 metros de leste a oeste, e cerca de 100 metros de norte a sul. Seguindo a configuração natural da terra, a seção sul era cerca de 4 metros mais alta que a parte norte. Na linha divisória dos dois níveis, havia uma fileira de prédios baixos flanqueando um rostro ou bema, que funcionava como um púlpito para proclamações públicas e assentos de julgamento (q.v.) para magistrados. Aqui Paulo compareceu perante Gálio (q.v.), governador da Acaia, como resultado das acusações dos judeus de que ele havia violado a lei (At 18.12,13). Ao longo do lado sul da Agora, havia um pórtico ou colunata que era um centro de compras, medindo cerca de 150 metros de comprimento. Aqui e no lado noroeste perto do templo de Apolo, havia lojas para os vendedores de carne e vinho, provavelmente o mercado ou o "açougue" ao qual Paulo se referiu em 1 Coríntios 10.25. Uma inscrição foi encontrada perto do teatro, declarando que Erasto (q.v.; provavelmente mencionado em Romanos 16.23) o edil (tesoureiro da cidade), havia colocado o pavimento por sua própria conta. Quanto aos aspectos não-físicos de Corinto, deve ser observado que uma grande parte da população era muito inconstante (navegadores, negociantes, oficiais do governo, et ai.) e estavam, portanto, excluídos dos habitantes da sociedade estabelecida. Para tornar as coisas piores, a prostituição religiosa era comumente praticada em conexão com os templos da cidade. Por exemplo, de acordo com Strabo, 1000 sacerdotisas ou jovens escravas do Templo de Afrodite, na acrópole, eram empregadas na prostituição religiosa. Uma inscrição revela que estas possuíam seus próprios assentos no teatro a noroeste da Agora. A partir da mobilidade social e dos males das práticas religiosas ali, surgiu uma corrupção geral da sociedade. A péssima "moral de Corinto" se tornou um provérbio pejorativo até mesmo no mundo romano pagão. Não é de se admirar que Paulo tivesse tanto a dizer sobre a santidade do corpo em sua primeira carta aos coríntios. Perto de Corinto, os jogos ístmicos ocorriam a cada dois anos em homenagem a Posêidon, deus do mar. Eventos atléticos incluíam corridas a pé, corridas com carros puxados por dois cavalos, o pentatlo (salto, corrida, luta livre, lançamento de disco e lançamento de dardo) e o pancratium (uma combinação de boxe e luta livre). A coroa de vitória parece ter sido um aipo selvagem seco durante o século I d. C, realmente uma coroa corruptível (1 Co 9.25).

PFEIFFER. Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 462.

Dons Espirituais Abundantes (1.7)

Na expressão De maneira que nenhum dom vos falta, o verbo falta significa ser deficiente, ser insuficiente. Declarado em termos positivos, os coríntios tinham abundância de dons espirituais, ou seja, tinham tudo o que era necessário para a salvação. A palavra dom (charisma) é usada apenas por Paulo no NT (exceto 1 Pe 4.10). Paulo usou a palavra de duas formas. De forma geral, a palavra significa “o efeito das ações misericordiosas de Deus, a bênção positiva conferida aos pecadores através da graça”. Neste sentido geral ela inclui todas as graças espirituais e os atributos espirituais. Ela também é usada por Paulo, de uma maneira especial, para referir-se a atributos espirituais em particular que seriam usados no ministério do evangelho de Jesus Cristo. Tais dons são discutidos no final desta carta, nos capítulos 12-14.

Neste primeiro capítulo Paulo usou a palavra dom em seu sentido mais geral. Com respeito ao uso da palavra aqui, o Bispo Lightfoot escreve: “Que ela é usada aqui em seu sentido mais amplo, fica claro a partir do contexto, o qual mostra que Paulo está se expressando especialmente sobre os dons morais, como por exemplo sobre a santidade de vida”. Deus havia enriquecido suas vidas para que não lhes faltasse nada que fosse necessário para a salvação.

Expectativa Espiritual (1.7)

Paulo, com os coríntios, esperava a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo. O apóstolo combinou a vitalidade espiritual presente com a antecipação espiritual futura. Ele observou a vida de uma forma realista, sabendo dos pecados do homem e proclamando a graça redentora de Deus. Ele também buscou com expectativa, sabendo que a segunda vinda de Cristo era a resposta definitiva da graça a um mundo irremediavelmente enredado no pecado. O verbo traduzido como esperando transmite a ideia de uma expectativa forte e ardente, e uma vigilância bastante alerta. A palavra manifestação (revelação, apocalypsis) significa literalmente descobrir, desvelar. “Aqui ela se refere ao retomo do Senhor para receber os seus santos para si mesmo em sua Parousia... Ela é usada em relação à sua vinda com seus santos e anjos para distribuir os juízos de Deus...” Paulo tornou o evangelho relevante para as atuais necessidades do homem. Mas ele, juntamente com outros escritores do NT, sempre fez da expectativa da volta do Senhor Jesus Cristo um estímulo para a busca espiritual e um meio de enriquecimento espiritual e de poder espiritual (cf. 2 Pe 3.11-12; 1 Jo 3.2-3).

Donald S. Metz. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 8. pag. 247-248.

I Cor 1.7. O resultado disso tudo é que os coríntios não têm falta de nenhum dom. Esta palavra é utilizada com referência (1) à salvação (Rm 5:15), (2) aos excelentes dons de Deus em geral (Rm 11:29), e (3) às capacitações especiais do Espírito, por exemplo, falar em línguas (12: 4, ss). Aqui o pensamento é dado em seu sentido amplo (2). Deus lhes enriquecera as vidas, e não tinham falta de nenhum dom espiritual. A referência à segunda vinda do Senhor é inesperada. A associação de idéias pode ser a de que o presente antegozo do Espírito faz o nosso pensamento voltar-se para a experiência mais completa do último grande dia (cf. Rm 8:23; Ef 1:13, 14). Apokalupsin, traduzido pela VA por “ vinda” , significa “ manifestação” (RC), revelação (RA). Há diferentes modos de ver o segundo advento. Este o vê como uma revelação de Cristo. Nós O veremos como Ele é (cf. 1 Jo 3:2).

Leon Monis. I Corintos. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag.  29-30.

Da ação de graças dirigida a Deus pelo apóstolo por causa deles. Paulo começa a maioria de suas epístolas com ações de graças a Deus por seus amigos e com oração por eles. Note que a melhor maneira de manifestar nossa afeição aos nossos amigos é orando e agradecendo por eles. Essa é uma parte da comunhão dos santos, agradecer a Deus mutuamente por nossos dons, graças e bem-estar. Ele agradece: 1. Pela sua conversão à fé em Cristo: “pela graça de Deus que vos foi dada em Jesus Cristo” (v. 4). Ele é o grande provedor e distribuidor do favor de Deus. Aqueles que são unidos a Ele pela fé, e tornaram-se participantes de seu Espírito e méritos, são os objetos do favor divino. Deus os ama, os conduz com completa boa vontade, e concede sobre eles seu sorriso paternal e suas bênçãos. 2. Pela abundância de seus dons espirituais. A igreja de Corinto era famosa por isso. Eles não estavam atrás de nenhuma igreja na manifestação de qualquer dom (v. 7). Ele especifica palavra e conhecimento (v. 5). Onde Deus tem concedido esses dois dons, Ele tem dado grande capacidade para o seu uso. Muitos têm a flor da palavra mas não têm a raiz do conhecimento, e a sua conversão é infecunda. Muitos têm o tesouro do conhecimento, e querem a palavra para usá-lo para o bem dos outros, e, neste caso, ele está por assim dizer envolvido num guardanapo. Mas, onde Deus concede ambos, um homem está qualificado para elevado proveito. Quando a igreja de Corinto foi enriquecida com toda a palavra e todo o conhecimento, era conveniente que muitos louvores fossem dados a Deus, especialmente pelo fato de esses dons serem um testemunho da verdade da doutrina cristã, uma confirmação do testemunho de Cristo entre eles (v. 6). Eles eram “sinais, prodígios e dons do Espírito Santo”, pelos quais Deus levou testemunho aos apóstolos, em sua missão e doutrina (Hb 2.4), de maneira que, quanto mais abundantemente eles eram derramados sobre qualquer igreja, mais pleno testemunho era dado daquela doutrina pregada pelos apóstolos, e maior evidência comprobatória eles tinham de sua missão divina. E não é de admirar que, por terem tal fundamento para a sua fé, eles deviam viver na expectativa da vinda do Senhor Jesus Cristo (v.7). É da natureza dos cristãos que eles esperem a segunda vinda de Jesus Cristo; toda a nossa religião atenta para isso: nós cremos nela, e a esperamos, e ela é a ocupação de nossa vida no sentido de nos prepararmos para ela, se realmente somos cristãos. E quanto mais confirmados estivermos na fé cristã, mais firme será a nossa fé na segunda vinda de nosso Senhor, e mais zelosa será a nossa expectativa por ela.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 429.

  1. Uma igreja de muitos dons, mas carnal.

O vocábulo «...irmãos...» é um termo que subentende afeição, usado para suavizar as severas reprimendas que Paulo precisava dirigir contra os crentes de Corinto. (Ver outros usos desse termo em I Cor. 1:10,26; 2:1; 4:6; 10:1; 12:1 e 14:20).

«...espirituais...» Paulo postulou aqui três classes de homens, a saber, «espirituais», «carnais» e «naturais». Os homens espirituais e os carnais são ambos crentes, mas de inclinações opostas. Os homens naturais são os indivíduos ainda sem regeneração. (Ver as notas expositivas a esse respeito em I Cor. 2:14, onde as palavras gregas são explicadas).

«...carnais...» Em outras palavras, «homens da carne», ou seja, crentes controlados pela carne. É possível interpretar que esse adjetivo significa que as pessoas assim qualificadas são inteiramente destituídas do Espírito de Deus (se considerarmos tão-somente o sentido verbal), mas o contexto geral não nos permite tirar essa conclusão. Mui facilmente, entretanto, Paulo poderia estar querendo dar a entender que toda a sua suposta e apregoada espiritualidade, no exercício dos dons espirituais, era falsa, fraudulenta; porque não dispor das qualidades morais de Cristo, e, ao mesmo tempo, ser supostamente habitado pelo Espírito de Deus, a ponto de realizar feitos miraculosos, é uma aberrante contradição, uma impossibilidade moral.

(Ver o desenvolvimento desse tema na introdução ao presente capítulo). Os crentes «...espirituais...», de conformidade com o uso que Paulo fez desse vocábulo, eram os crentes «experientes», espiritualmente maduros, segundo se lê em I Cor. 2:6. Já os «carnais», em contraste com isso, eram os, que davam excessivo valor à sabedoria «humana», conforme a menção e os comentários existentes em I Cor. 1:18,19;21 e 2:1,4,5.

A sabedoria humana, em sua exaltação por parte dos retóricos e sofistas cristãos, que abundavam na igreja de Corinto, é que havia causado as lamentáveis divisões que Paulo repreende com tanta severidade nesta epístola. Príncipes se encontravam entre os sábios deste mundo; mas esses são inteiramente despidos da sabedoria divina, tendo cometido o pior de todos os crimes da humanidade, a saber, a crucificação do Senhor Jesus.

(Ver I Cor. 2:6-8). E poderiam crentes verdadeiros imitar tal sabedoria, provocando assim tão desgraçadas divisões no seio do cristianismo? Tal possibilidade pareceria inconcebível, mas era exatamente o que aquela gente tinha feito. Dessa maneira, se tinham desqualificado a si mesmos como crentes «espirituais». Antes, eram imaturos, crianças na fé. Eram crentes «carnais», o que significa que não eram necessariamente destituídos da presença do Espírito Santo, e, sim, que não eram controlados por ele, conforme supunham, e, sim, pela carne. Não tinham ainda atingido a plenitude da experiência espiritual, apesar de se julgarem supremamente espirituais. Todas as suas supostas elevadas experiências espirituais, portanto, eram fraudulentas.

A palavra «carnal», em sua definição básica, significa simplesmente «da carne e do sangue», não indicando, necessariamente, qualquer qualidade ética inferior. Mas o homem que é dominado por seus desejos inferiores, que se originam da mera mortalidade, como as concupiscências, as paixões, a busca pela fama, pela exaltação pessoal, etc. (tudo o que caracterizava certo grupo de crentes da igreja de Corinto, conforme se lê na primeira e na segunda epístolas aos Coríntios), se torna «eticamente carnal, e não apenas metafisicamente carnal. Isso significa que pouco se conhece sobre o predomínio do «princípio espiritual», também chamado «princípio celestial», que faz com que um homem se torne um crente espiritual. Essa palavra, pois, significa: 1. Pertencente à ordem das coisas terrenas, «materiais», sem ou com algum conteúdo ético. (Ver o trecho de I Cor. 9:11 quanto ao uso dessa palavra, sem qualquer conteúdo moral).

  1. Pode também significar «composto de carne», que é uma referência ao corpo humano. (Ver I Pol. 2:2).
  2. Finalmente, pode significar pertencente ao reino da carne, isto é, algo débil, pecaminoso e transitório, em contraste com o reino espiritual. (Ver I Cor. 3:4 e I Ped. 2:11). Nesse caso entra o elemento ético, o que mostra que o adjetivo «carnal» significa pecaminoso, controlado por princípios errôneos.

Portanto, por si mesma, essa palavra pode aplicar-se à totalidade dos homens não-regenerados, a todos os homens, como seres .humanos mortais, ou aos crentes carnais. Essa é a aplicação que esse vocábulo tem no presente texto. As pessoas a quem Paulo se referiu não estavam subordinadas à «lei superior» dos céus, mas permaneciam verdadeiros filhos deste mundo terreno. Com isso se pode comparar a afirmativa de Paulo, em Rom. 7:14, em que ele se declara que fora «carnal, vendido ao pecado». Isso é menção à carnalidade que controla o crente infantil, o que abafa as influências espirituais superiores em sua pessoa.

No N.T. grego existem duas palavras extremamente similares, «sarkinos» e «sarkikos». Nem mesmo no grego clássico esses dois termós são distinguidos claramente, e muito menos ainda no grego «koiné». «Sarkinos» é a palavra que aparece neste texto. «Sarkikos» figura em Rom. 7:14; 15:27 e outros trechos. Os manuscritos confundem os dois vocábulos, usando-os como sinônimos. (Ver a iiota textual que as segue).

«.. .crianças em Cristo...»A palavra grega aqui traduzida por «crianças» é «nepios». Esse vocábulo usualmente indica alguém que ainda não sabe falar (derivado de «ne», o negativo, e de «epos», palavra), ou seja, uma criança tão pequena que ainda não aprendeu a falar, isto é, com menos de dois anos de idade. Notemos, pois, quão severa é a repreensão de Paulo. Eram virtuais «recém-nascidos», como crentes, totalmente destituídos de outras experiências cristãs válidas. Eram crentes imaturos, sem espiritualidade, embora se julgassem altamente espirituais. Paulo os põe em antítese com «experimentados», isto é, os crentes maduros, em I Cor. 2:6, que é uma de suas descrições acerca dos crentes «espirituais». Paulo se utilizou da palavra «crianças», algumas vezes, em sentido depreciativo, conforme vemos em Rom. 2:20; Gál. 4:3 e Efé. 4:4. Em diversas referências literárias se verifica que esse termo era empregado para indicar os noviços nas escolas, os prosélitos recentes de alguma religião. Paulo gostaria de ter-lhes escrito uma mensagem como aquela que encontramos na epístola aos Efésios, um tratado profundo sobre as questões espirituais; mas isso lhe era impossível, porquanto se dirigia a pessoas que eram principiantes na fé cristã, que se admiravam ante a sabedoria humana, e não por causa da sabedoria divina.

«Eram pessoas convertidas, mas tinham um entendimento infantil, no conhecimento e na experiência; tinham bem pouco discernimento quanto às coisas espirituais, e não possuíam ainda habilidade na palavra da justiça». (John Gill, in loc.).

«É extremamente comum que pessoas de conhecimento e compreensão muito moderados se mostrarem excessivamente convencidas. O apóstolo atribuiu sua ínfima eficiência, no conhecimento do cristianismo, como uma das razões pelas quais ele não lhes podia transmitir mais profundas verdades». (Matthew Henry, in loc.).

O vocábulo grego aqui usado para indicar «...carnais...» é «sarkikoi», e não «sarkinoi», conforme se lê no primeiro versículo deste capítulo, ainda que alguns manuscritos apresentem a mesma palavra também nesse primeiro versículo. (Ver as notas textuais e os comentários a respeito desse primeiro versículo). Alguns eruditos pensam que «sarkikoi» é termo mais fraco que «sarkinois»; porém, o leitor que acompanhar as referências dadas em um bom léxico grego ou concordância grega, ficará convencido de que ambas essas palavras eram frequentemente usadas para dar a entender a mesma coisa, porquanto são sinônimos entre si. É bem provável, pois, que Paulo tenha usado essas palavras como termos intercambiáveis.

A segunda menção do termo grego sarkikoi neste versículo (onde essa palavra é empregada por duas vezes), é alterada, em alguns manuscritos gregos, para «sarkinoi». Assim dizem os mss P(46), D(1)G, o que certamente mostra que, para muitos escribas antigos, não havia diferença apreciável entre essas palavras. Portanto, a suposta distinção feita por alguns estudiosos, os quais dizem que o final «inos» denota uma relação «material», ao passo que o término «ikos» envolve uma relação «ética», é uma distinção artificial, tanto quanto ao uso real dessas palavras como quanto ao sentido dessas palavras. Diversas outras interpretações estabelecem diferenças quanto a esses vocábulos gregos, mas nenhuma delas é convincente. Assim é que alguns eruditos pensam que «sarkinoi» significa «totalmente da carne», ao passo que «sarkikoi» significaria «dominado pela carne», embora restem ainda alguns elementos espirituais presentes nos indivíduos assim qualificados. Contudo, não é provável que Paulo tenha dito uma coisa, no primeiro versículo, para então, logo adiante, no nosso atual versículo terceiro, ter dito outra, mais suave. Simplesmente Paulo usou esses termos como sinônimos intercambiáveis.

«....ciúmes...» Essa palavra, no original grego, «zelos», pode significar «zelo», «ardor», não sendo má por si mesma. (Ver II Cor. 9:2; Fil. 3:6; Luciano, Adv. Ind. 17: I Macabeus 2:58). Esse é o vocábulo grego do qual se derivou a nossa «inveja», «ciúme», tal como em Plur. Thess. 6:9; Atos 5:17; 13:45; Rom. 13:13; II Cor. 12:20 e Gál. 5:20. Nesta última referência, o «ciúme» é alistado como uma das «obras da carne», isto é, um dos resultados da pervertida carnalidade do homem, em contraste com o «fruto do Espírito», o qual produz a transformação moral do crente segundo a imagem de Cristo. Por conseguinte, a inveja é aqui pintada através do mau sentido de «zelo» ou «ardor», provocado pela criação de facções, alicerçadas na adoração a «heróis» humanos. Porém, Cristo é o único verdadeiro «herói» da igreja cristã; e, assim sendo, adorar ou venerar a quem quer que seja equivale à idolatria, furtando algo da glória de Cristo.

«...contendas...» Essa palavra tem por sinônimos «discórdia», «querelas», «dissensão». (Ver Fil. 1:15; Tito 3:9; I Cl. 35:5; 46:5 e Tito 3:9). Essa palavra aparece na lista dos muitos vícios que caracterizavam os pagãos, que haviam abandonado o conhecimento de Deus, segundo se aprende em Rom. 1:29. Portanto, os crentes de Corinto agiam como homens ainda sujeitos às obras da carne (ver Gál. 5:20), como pagãos que ainda não conheciam a Cristo. No entanto, ao mesmo tempo, se exaltavam como elementos altamente espirituais, ufanando-se no uso extraordinário dos dons espirituais. A estimativa que deles fazia o apóstolo Paulo, contudo, era inteiramente diferente disso. Aquele que é verdadeiramente espiritual deve demonstrar o fruto do Espírito, exercendo predomínio sobre as obras da carne. Devemos observar que essa palavra, aqui traduzida por «contidas», também aparece na lista de Gál. 5:20, como obra da carne, aparecendo ali imediatamente antes de «ciúmes». É possível que esses dois defeitos de caráter tenham alguma conexão vital. As contendas começam quando surge a inveja no coração.

«As contendas são o resultado exterior do sentimento invejoso. (Ver Gál. 5:20; Clemente Rom. Cor. 3)». (Robertson e Plummér, in loc.).

«..e andais segundo o h om em? ...» Isto é, de conformidade como o homem de inclinações «carnais», o homem controlado pelos apetites da natureza carnal. Paulo estabelecia aqui o contraste com o homem «espiritual», referido no primeiro versículo deste capítulo, que ele definiu como «experimentado» ou maduro (ver I Cor. 2:6). Aqueles crentes de Corinto, embora inchados com pensamentos de uma espiritualidade superior, na realidade eram homens controlados pelas paixões carnais, tal como qualquer outra pessoa deste mundo.

Variante Textual·.

Ao invés das palavras: «.. .segundo o homem...», alguns manuscritos dizem «segundo a carne» (no grego, «sarkikoi»), fazendo com que este versículo apresente essa expressão por três vezes. Mas isso é apenas uma tentativa escribal de esclarecer o que Paulo queria dizer com as palavras «segundo o homem», que alguns escribas devem ter imaginado que não seriam compreendidas .Essa modificação aparece em alguns outros textos posteriores).

A operação autenticado Espírito Santo derrota os impulsos carnais na experiência do crente. (Ver Rom. 8:3 e ss.). Os crentes de Corinto, pois, não contavam com uma autêntica operação do Espírito de Deus em suas vidas.

Por causa disso, tinham perdido de vista a glória de Deus, na pessoa de Cristo, substituindo-a pelo orgulho e pela vangloria humanos. Viviam na carne, e não no Espírito; e estavam completamente equivocados quanto a essa questão. Ê admirável como os facciosos, provocadores de divisões entre os irmãos na fé, alicerçados sob questões imaginárias, podem continuar a pensar que são os melhores e mais espirituais elementos de sua comunidade, chegando até a convencer disso a terceiros. Tudo não passa de um colossal ludibrio, que atinge tanto aos enganadores como aos enganados.

«‘Andais como homens’, isto é, como homens sem regeneração. (Comparar com Mat. 16:23). ‘Segundo a carne e não segundo o Espírito’, conforme sucede aos regenerados pelo Espírito. (Ver Rom. 8:4 e Gál. 5:25,26)». (Faucett, in loc.).

Com essas palavras se pode comparar os trechos de Rom.3:5; 15:5 e Gál. 1:2, onde lemos «segundo Jesus Cristo», quanto ao caráter dessa maneira de andar, o que também é um contraste com a maneira carnal de viver. Pois aquele que anda como Cristo andou, segundo Jesus Cristo, só pode fazê-lo por meio do Espírito de Deus.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 4. pag. 38-40.

Paulo censura os coríntios pela fraqueza e incompetência deles. Aqueles que são santificados somente o são em parte: ainda há lugar para crescimento e aumento na graça e no conhecimento (2 Pe 3.18). Aqueles que são renovados pela graça divina para uma vida espiritual, ainda podem ser defeituosos em muitas coisas. O apóstolo lhes diz que “não lhes pôde falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo” (v. 1). Eles estavam tão longe de basear suas máximas e medidas sobre o chão da revelação, e entrar no espírito do Evangelho, que se tornou muito evidente que eles estavam sob o controle das inclinações corruptas e carnais.

Eles ainda eram meros bebês em Cristo. Eles haviam recebido alguns dos primeiros princípios do cristianismo, mas não haviam crescido até a maturidade de entendimento neles, ou de fé e de santidade; e ainda está claro, por diversas passagens nesta epístola, que os coríntios eram muito orgulhosos de sua sabedoria e conhecimento.

Note que é muito comum para pessoas de entendimento e conhecimento muito restritos terem uma grande medida de orgulho próprio. O apóstolo assinala a pouca competência que eles têm no conhecimento do cristianismo como uma razão pela qual ele não lhes havia comunicado mais das suas coisas profundas. Eles não podiam suportar tal comida, eles precisavam ser alimentados com leite, não com carne (v. 2). Note que é tarefa do fiel ministro de Cristo estudar a capacidade de entendimento de seus ouvintes e ensinar-lhes o quanto eles puderem suportar. E também é natural que os bebês cresçam até se tornarem homens; e bebês em Cristo devem se empenhar em crescer em estatura e tornar-se homens em Cristo. Espera-se que seu desenvolvimento no conhecimento seja proporcional aos seus recursos e oportunidades, e ao tempo da profissão da sua religião, que eles possam ser capazes de suportar discursos sobre os mistérios de nossa religião, e não descansar sempre em coisas simples e claras. Era uma vergonha para os coríntios que eles tivessem se sentado tanto tempo sob o ministério de Paulo e não tivessem feito progresso significativo no conhecimento cristão. Observe que os cristãos são totalmente culpados se não se empenham em crescer na graça e no conhecimento.

nEle os censura por sua carnalidade, e menciona sua disputa e discórdia acerca de seus ministros como evidência dela: “porque ainda sois carnais, pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois, porventura, carnais e não andais segundo os homens?” (v. 3). Eles mantinham rivalidades mútuas e rixas e facções entre eles, por conta de seus ministros, “porque, dizendo um: eu sou de Paulo; e outro: eu, de Apoio; porventura, não sois carnais?” (v. 4). Essas são provas de que eram carnais, que inclinações e interesses carnais os controlavam. Note que rivalidades e rixas sobre a religião são tristes evidências de carnalidade remanescente.

A verdadeira religião torna os homens pacíficos e não contenciosos. Os espíritos de divisão atuam com base nos princípios humanos, não nos princípios da religião verdadeira; eles são guiados por seu próprio orgulho e paixões, e não pelas regras do cristianismo: “não andais segundo os homens?” Note que é para lamentar-se que muitos que deveriam se comportar como cristãos, isto é, acima da média dos homens, andam realmente como homens comuns, e vivem e se comportam exatamente como os outros homens.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 436-437.

Cristãos carnais (3:1-4). Uma vez mais, quando Paulo introduz uma repreensão, suaviza-a com o afetuoso irmãos. Sua expressão, não vos pude falar como a espirituais, evidentemente se refere aos dias da missão em Corinto. Naqueles primeiros dias, ele não pôde dirigir-se a eles como a espirituais, isto é, como a espécie de homens de que acabara de falar. Eram carnais então, o que ele explica como crianças em Cristo. Não parece que Paulo acha algo de errado nos coríntios naquele estágio da carreira cristã deles. É inevitável que os que acabaram de ser ganhos para Cristo sejam crianças em Cristo. Não podem ainda ser amadurecidos. Têm que ser Carnais.

  1. Paulo chega à raiz da questão com a sua denúncia de que são “ainda carnais” (na AV e na ARC, “ ainda sois carnais” constam do v. 3; na ARA, do v. 2). Mudou a sua palavra pára carnais, de sarkinos, do v. 1, para sarkikos. O sufixo inos significa, “ feito.de...” ; assim, em 2 Co 3:3, tábuas “ feitas de pedra” , lithinos, são contrastadas com as “ feitas de carne” , sarkinos. Em vez disso, o sufixo ikos significa, “ caracterizado por...”; vemos isso em psuchikos, do homem “ natural” e pneumatikos, do homem “ espiritual” , em 2:14,15. A diferença entre sarkinos e sarkikos é como a que há entre “cárneo” e “ carnal” . Sarkinos é a palavra mais abrangente, mas não há censura associada a ela, quando aplicada aos que são novos na fé. Mas sarkikos, “caracterizado pela carne” , quando empregada com referência aos que são cristãos já há anos, contém censura. O crente maduro é pneumatikos, “ caracterizado pelo espírito” . Ser, em vez disso, caracterizado pela carne, como eram os coríntios, é o oposto exato daquilo que o cristão deve ser. “ Carne” , naturalmente, como muitas vezes nos escritos de Paulo, é empregada em sentido moral e ético. Indica os aspectos inferiores da natureza do homem, como em Rm 13:14; Gl5:13; Ef 2:3, etc.

A acusação faz-se específica com a menção de ciúmes e contendas (“divisões”, AV, está ausente dos melhores MSS). A primeira palavra significa basicamente algo como “zelo”, “ardor”. Normalmente é classificada como designativo de virtude por escritores clássicos, e às vezes também por escritores do Novo Testamento. Contudo, esta disposição de ânimo muitíssimo facilmente leva ao ciúme e quejandos, e o conceito característico do Novo Testamento é que é uma das “obras da carne” (G1 5:20). Contendas é palavra que já encontramos em 1:11. Tanto ciúmes como contendas apontam para autoafirmação e para rivalidades doentias. Enquanto que os cristãos devem ser atenciosos para com os outros, os coríntios estavam procurando afirmar-se.

Paulo indaga se isto não é ser carnal (sarkikos) e andar segundo o homem. Esta última expressão significa, “como homens naturais” (cf. 2:14).

Leon Monis. I Corintos. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 50-51.

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