TODAS LIÇÕES DO 3 TRIMESTRE 2019 JOVENS
Lição 1 - As cartas de Pedro: vivendo em esperança e firmados na verdade
Classe: Jovens | Trimestre: 3° de 2019 | Revista: Professor | TEXTO DO DIA
"Amados, escrevo-vos, agora, esta segunda carta, em ambas as quais desperto com exortação o vosso ânimo sincero."
(2 Pe 3.1)
SÍNTESE
As Cartas de Pedro foram escritas com o propósito de encorajar os cristãos em tempos de provação e a se manterem firmes na verdade diante dos falsos ensinamentos.
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA - Jo 1.40-42: Pedro conhece Jesus
TERÇA - Mt 4.18-20: Chamado para ser pescador de homens
QUARTA - Mc 3.13-19: A nomeação de Pedro entre os doze
QUINTA - Jo 18.10,11: Um homem impulsivo
SEXTA - Jo 21.15: A ordem para apascentar as ovelhas
SÁBADO - At 2.14: Um líder no poder do Espírito Santo
Objetivos
I - APRESENTAR o perfil de Simão Pedro, autor das epístolas;
II - EXPOR sobre a ocasião e o conteúdo da primeira Carta;
III - APRESENTAR o conteúdo da Segunda Carta.
Interação
Neste trimestre estudaremos as Epístolas universais do apóstolo Pedro, assim chamadas porque são dirigidas à comunidade cristã como um todo. O apóstolo conclama os crentes a recordarem o que haviam aprendido, crescerem no conhecimento de Deus e a se manterem firmes na Palavra da Verdade. Certamente, o estudo destes dois fragmentos do Novo Testamento será muito proveitoso para a nossa juventude que vive em um contexto pós-moderno, numa época de desespero, desânimo e engano.
O comentarista da lição é o professor Valmir Nascimento Milomem Santos. Ele é ministro do Evangelho em Cuiabá/MT, jurista e mestre em Teologia. É membro da diretoria do Instituto Brasileiro de Direito e Religião (IBDR) e escritor com várias obras publicadas pela CPAD.
Orientação Pedagógica
Prezado(a) professor(a), esperamos que esteja animado para o novo trimestre que se inicia. Nesta lição introdutória, destaque a relevância da mensagem das cartas de Pedro para os nossos dias, precisamente na vida do jovem cristão. Apresente uma síntese e o esboço do conteúdo das Epístolas conforme o esquema abaixo:
1 PEDRO
Na Primeira Epístola de Pedro, Jesus é proeminente como exemplo de sofrimento inocente e como aquEle cuja ressurreição e volta para a glória confirmam a nossa própria esperança. Esta Carta vigorosa continua a inspirar os crentes que sofrem perseguições por causa da fé comum.
III. Soberania e Sofrimento (1 Pe 3.13 - 4.6)
2 PEDRO
A grande importância da Segunda Epístola está no convite do apóstolo para que resistamos aos falsos ensinamentos, crescendo em santidade, enquanto esperamos pelo retorno prometido de Jesus Cristo.
III. O Retorno de Cristo (2 Pe 3)
Texto bíblico
1 Pedro 1.1,2; 5.12; 2 Pedro 1.1; 3.1,2
1 Pedro 1
1 Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos estrangeiros dispersos no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia,
2 eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: graça e paz vos sejam multiplicadas.
1 Pedro 5
12 Por Silvano, vosso fiel irmão, como cuido, escrevi abreviadamente, exortando e testificando que esta é a verdadeira graça de Deus, na qual estais firmes.
2 Pedro 1
1 Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco alcançaram fé igualmente preciosa pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo:
2 Pedro 3
1 Amados, escrevo-vos, agora, esta segunda carta, em ambas as quais desperto com exortação o vosso ânimo sincero,
2 para que vos lembreis das palavras que primeiramente foram ditas pelos santos profetas e do mandamento do Senhor e Salvador, mediante os vossos apóstolos.
INTRODUÇÃO
Neste trimestre estudaremos a respeito da concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a Depois de Jesus, sobressai, nos Evangelhos, a figura de Pedro, o pescador inconstante e temperamental, a quem o Mestre convocou para ser um dos seus doze apóstolos. Foi preciso que o Senhor trabalhasse e moldasse o caráter desse homem para transformá-lo num líder destemido e pastor amoroso, que viria a liderar os primeiros cristãos. É este homem transformado que agora vive não pelo ímpeto, mas no poder do Espírito, que escreveu as duas epístolas que levam o seu nome nas páginas no Novo Testamento. Apesar do tempo, o conteúdo de ambas continua relevante. Seus conselhos e exortações compõem uma mensagem poderosa e revigorante para os cristãos do tempo presente. Escritas em tempos de perseguição ao povo de Deus e disseminação de ensinos enganosos, essas epístolas deixam transparecer o sentido da esperança cristã, uma esperança viva e eficaz que, além de nos preparar para o porvir, nos fortalece, encoraja e nos orienta para vivermos plenamente a fé cristã nesta era de descrença e desespero, enquanto esperamos o retorno do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
I - SIMÃO PEDRO, O AUTOR DAS EPÍSTOLAS
Inegavelmente, as duas epístolas que trazem o seu nome foram escritas por Simão Pedro, também chamado Cefas, a quem Jesus chamou para ser um dos seus apóstolos. Conquanto tenha havido ao longo da história algum questionamento sobre a sua autoria, principalmente a respeito da Segunda Carta, não existe qualquer evidência que a contrarie. Além de o autor identificar-se com o apóstolo (1 Pe 1.1; 2 Pe 1.1), o conteúdo e o caráter da mensagem apóiam a sua autenticidade, tendo sido reconhecida por muitos pais da igreja, a exemplo de Irineu, Tertuliano, Clemente de Alexandria e Orígenes. A diferença no estilo de redação entre as duas missivas (cartas), atribui-se ao fato de a primeira ter sido redigida com a ajuda de Silvano (1 Pe 5.12), também chamado Silas, o companheiro das viagens de Paulo (At 15.40; 17.15).
Para entendermos a importância dessas Epístolas, vale destacar que o seu autor foi um dos principais personagens do Novo Testamento. Pedro e seu irmão, André, eram pescadores no mar da Galileia (Mt 4.18; Mc 1.16) e parceiros de Tiago e João (Lc 5.10). Desde o início da sua chamada, Pedro assumiu certa proeminência e liderança entre os demais discípulos. Servia regularmente como o porta-voz deles, e é mencionado em primeiro lugar em todas as listas (Mt 14.28; 15.15; 18.21; 26.35,40; Mc 8.29; 9.5; 10.28; Jo 6.68). Apesar das virtudes e boas intenções, Pedro era também impulsivo e instável. Passou por uma derrota pessoal dolorosa ao negar Jesus veementemente (Mt 26.69-74). Todavia, de um pescador simples, temperamental e inconstante, Deus o transformou em um destemido líder da Igreja Primitiva e um dos principais da história do cristianismo.
A sublime mudança faz-se evidente no Dia de Pentecostes (At 2), ocasião em que o apóstolo pregou o seu primeiro sermão no poder do Espírito. French Arrington diz: "Inspirado pelo Espírito, o sermão e caráter de Pedro ficam em contraste com suas negações do Senhor (Lc 22.54-62). Depois do derramamento do Espírito, ele se torna corajoso e ousado. Seu primeiro sermão reflete suas convicções claras. Ele já não tem dúvida sobre o Salvador e a missão do Salvador, e interpreta o significado da vida e ministério de Jesus."
Fica evidente que as Epístolas de 1 e 2 Pedro foram escritas por um homem com rica experiência com Deus. Sua mensagem é afetuosa, seu tom é humilde e sua preocupação é legítima. Expressa a ternura e zelo de um pastor com seu o rebanho, que buscava pôr em prática a ordem direta que recebeu de Cristo (Jo 21.15). Sua experiência de arrependimento e renovação espiritual é um aspecto que inspira esperança na vida daqueles que, por um motivo ou outro, não se acham capazes de vencer suas fragilidades e superar seus reveses. Da mesma forma que Pedro teve a sua vida restaurada após um fracasso espiritual, Deus também é suficientemente capaz de prover uma cura interior e mudar o rumo da história daqueles que fraquejaram na caminhada.
II - PRIMEIRA CARTA DE PEDRO: ALEGRIA E ESPERANÇA EM TEMPOS DE PROVAÇÃO
Pedro direciona sua primeira Epístola aos estrangeiros dispersos no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia; cinco províncias da Ásia Menor à época pertencente ao Império Romano, atualmente parte da Turquia. É consenso que a sua audiência era formada pelas comunidades cristãs espalhadas nesta região, incluindo não somente judeus convertidos como também cristãos de origem gentílica. Embora Pedro utilize várias referências judaicas, a exemplo de diáspora - termo usado para os judeus que viviam fora da Terra de Israel, e apelar às profecias do Antigo Testamento que haviam se cumprido, a Carta também contém uma linguagem que fala diretamente aos gentios convertidos. O apóstolo afirma que foram "resgatados da vossa vã maneira de viver que, por tradição, recebestes dos vossos pais" (1.18), e que "em outro tempo, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia" (2.10).
Não é possível saber com exatidão a data em que a Carta foi escrita, por isso os estudiosos a situam entre 60-63 d.C. Percebe-se claramente que os cristãos da época não viviam em condições favoráveis; as circunstâncias e o tom da Epístola deixam transparecer que os crentes estavam padecendo provações e sofrimentos em inúmeros contextos. A religião dos cristãos ainda era considerada como uma pequena seita, composta de uma minoria que vivia oprimida e à margem da sociedade. Por diversas razões, o padrão de vida dos crentes não era aceito pelos costumes da época; não se adequava nem ao judaísmo, nem ao paganismo greco-romano, por isso os cristãos eram injustiçados e até mesmo acusados de serem ateus, pois rejeitavam os deuses pagãos e adoravam um Deus Único. Todavia, ao que tudo indica, não se tratava ainda de uma perseguição oficial, notadamente aquela que viria a ser promovida pelo imperador Nero a partir de 64 d.C, após atribuir a causa do grande incêndio em Roma aos seguidores de Cristo. Na verdade, Pedro parece estar preparando a comunidade cristã para esta prova ardente que estava por vir (4.12), na qual ele próprio viria a ser martirizado. Assim, diante desse contexto difícil, Pedro escreve esta Epístola com a intenção de encorajar os cristãos a manterem a esperança em tempos de provações e desfrutar alegria nas adversidades. Não é de estranhar que Pedro seja chamado de o "apóstolo da esperança", pois ele insiste que a despeito de tudo, em Cristo temos uma esperança viva, que nos ensina a viver o tempo presente e a descansar em Deus na jornada para o céu.
A Primeira Carta de Pedro é um documento único e abrangente. Ela é devocionalmente inspiradora, teologicamente doutrinária e ricamente instrutiva. Ensina a respeito de vários princípios fundamentais da fé, e ao mesmo tempo contém valiosos conselhos para o viver diário. Como teremos a oportunidade de estudar ao longo do trimestre, Pedro se dirige a grupos específicos dentro da comunidade cristã, dentre os quais servos, esposas, esposos, jovens, idosos e líderes, fazendo surgir um guia abrangente sobre diversos assuntos éticos e doutrinários. Os temas tratados englobam, além de outros, a obra da salvação, graça, perseguição, sofrimento de Cristo, santidade, integridade, vida familiar, relacionamento conjugal, relação com o governo, convivência cristã e liderança. Certamente será muito proveitoso e enriquecedor estudar cada um desses temas no decorrer do trimestre.
III - SEGUNDA CARTA DE PEDRO: CRESCIMENTO ESPIRITUAL E FIRMEZA NA VERDADE
No início de sua Segunda Epístola Pedro registra quem são os seus destinatários: "(...) aos que conosco alcançaram fé igualmente preciosa pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo" (2 Pe 1.1). É provável que estes crentes em Cristo fossem os mesmos a quem a Primeira Carta fora destinada, conforme se depreende do que o autor registra em 3.1. Portanto, Pedro está escrevendo para uma comunidade cristã heterogênea, composta de judeus e gentios convertidos ao Evangelho, incluindo escravos, esposas com maridos pagãos, jovens e anciãos (1 Pe 2.13;3.1;5.5). Conquanto não tivessem visto o Senhor (1 Pe 1.8), e embora tivessem passado por diversas provações, estes irmãos haviam alcançado uma fé preciosa.
Quando foi escrita a segunda Carta de Pedro? Considerando que Nero, o algoz do apóstolo, morreu em 68 d.C, a maioria dos estudiosos colocam a data da escrita entre 65-67 d.C. Embora o público seja o mesmo da Primeira Epístola, as circunstâncias e propósitos são bastante distintos. Na primeira, a comunidade cristã passa por severa provação advinda de fora da igreja. Na ocasião da Segunda Epístola, os perigos são internos, por causa dos ensinos heréticos que estavam sendo disseminados dentro dela. Chegou ao conhecimento do apóstolo que falsos mestres haviam se introduzido entre os irmãos e estavam distorcendo a verdade do Evangelho, produzindo heresias de perdição (2Pe 2.1).
Entre outros ensinamentos insidiosos, os falsários da fé negavam a divindade e a volta gloriosa de Cristo. Além da falsa doutrina, apregoavam também o falso comportamento, pelo qual induziam os crentes a abandonarem o padrão de vida santa e piedosa. Diante disso, com coragem e tenacidade Pedro escreve esta Segunda Carta com a intenção de advertir os cristãos sobre os falsos ensinadores e incentivá-los a crescerem na fé e no verdadeiro conhecimento de Deus. Pedro está dizendo para os cristãos ficarem firmes na chamada de Deus, agir com diligência e empenho, aguardando confiantemente o cumprimento da promessa do retorno do Filho de Deus!
Esta Segunda Carta complementa de uma forma extraordinária a Primeira Epístola do apóstolo Pedro. Enquanto na carta inaugural somos instruídos a viver com esperança, alegria e santidade em tempos de provação, na segunda somos advertidos a não esquecer a vocação e as verdades da Palavra de Deus numa época de falsidade religiosa. Uma prepara e inspira, a outra diz: agarre-se à verdade e mantenha-se firme nela. Juntas, elas ensinam que esperança e verdade devem andar juntas no caminho da fé. A esperança sem a verdade é mero otimismo humano, e verdade sem esperança é religiosidade vazia. É exatamente essa junção que faz com tenham um propósito comum: despertar o ânimo sincero dos crentes (2 Pe 2.1).
SUBSÍDIO
"Pedro trata seus leitores como se estivessem exilados e dispersos, numa clara referência à dispersão dos judeus por todas as nações do mundo. Mas em 1 Pedro 1.14; 2.10-12; 4.2-4, esta mesma expressão é aplicada às igrejas gentias. Embora isto não parecesse uma honra aos olhos do mundo, identificava-as como povo escolhido de Deus; "eleitos" (separados para servir), "de acordo com a presciência de Deus Pai". Essa separação não precisa ser interpretada como predestinação arbitrária. Israel tornara-se um povo escolhido não por um afago todo especial de Deus, ou para ser-lhe a possessão favorita (At 10.34), mas para servi-lo (Is 41.8). Os israelitas, pois, foram separados, ou eleitos, a fim de preparar o mundo à vinda de Cristo, e para ser uma bênção a "todas as famílias da terra" (Gn 12.3). Vejo a escolha do filhos de Israel como a dos comandos aliados na Segunda Guerra Mundial. A missão destes era justamente estabelecer cabeças-de-praia em território inimigo para que os outros pudessem avançar. Mais uma vez a presciência de Deus tem de prevalecer, não tanto em seu conhecimento em relação a nós, mas em relação aos seus próprios planos e objetivos. Isto é sentido na esfera da santificação pelo Espírito, e é efetuado através do sangue de Cristo pela demonstração de nossa obediência.
É muito importante, pois, que nós, como estrangeiros, exilados e residentes neste mundo, lembremo-nos de quem realmente somos" (HORTON, Stanley M. 1 e 2 Pedro: A Razão da nossa Esperança. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, pp. 12,13).
CONCLUSÃO
As Cartas de Pedro, escritas em meados do primeiro século da Era Cristã, porque inspiradas pelo Espírito Santo, continuam a fornecer uma mensagem de esperança em tempos de desespero, e uma palavra de crescimento e firmeza na Verdade para uma era de ceticismo e de falsas religiões. Ambas contém riquezas doutrinárias e instruções precisas para vivermos em diferentes situações da vida. Por essa razão, temos à nossa disposição um conjunto de ensinos que nos ajudarão como cristãos em tempos-modernos.
HORA DA REVISÃO
1) Segundo a lição, a que se atribui a diferença de redação entre as duas Cartas?
Atribui-se ao fato da primeira ter sido redigida com a ajuda de Silvano (1 Pe 5.12), também chamado Silas, o companheiro das viagens de Paulo (At 15.40; 17.15).
2) Quem era a audiência da Primeira Carta de Pedro?
É consenso que a sua audiência era formada pelas comunidades cristãs espalhadas nesta região, incluindo não somente judeus convertidos como também cristãos de origem gentílica.
3) Qual o período provável em que a Primeira Carta foi escrita?
Entre 60-63 d.C.
4) Qual a intenção da Segunda Carta de Pedro?
Pedro escreve a Segunda Carta com a intenção de advertir os cristãos sobre os falsos ensinadores e incentivá-los a crescerem na fé e no verdadeiro conhecimento de Deus.
5) Qual o propósito comum das duas cartas
Despertar o ânimo sincero dos crentes (2 Pe 2.1).
Lição 2 - Desfrutando a Alegria na Esperança da Salvação
Classe: Jovens | Trimestre: 3° de 2019 | Revista: Professor | TEXTO DO DIA
"Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos." (1 Pe 1.3)
SÍNTESE
A salvação em Cristo produz esperança legítima e alegria verdadeira, e capacita espiritualmente o crente a enfrentar os sofrimentos e desafios deste mundo.
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA - Rm 8.24: Em esperança fomos salvos
TERÇA - Rm 4.18: Esperando contra a esperança
QUARTA - Hb 10.23: Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança
QUINTA - Tt 3.5: Lavados pela regeneração
SEXTA - Fp 4.4: Alegrai-vos no Senhor
SÁBADO - Hb 2.3: Atentando para a salvação
Objetivos
I - SABER que o cristão foi regenerado para uma esperança viva;
II - DESTACAR a alegria decorrente da salvação;
III - RESSALTAR que a salvação em Cristo é o fim da nossa fé.
Interação
Como você anima e inspira uma pessoa que se encontra em um momento de dificuldade? Dando esperança a ela! É exatamente isso o que Pedro trata de fazer logo no início de sua Carta. Todavia, a mensagem de Pedro não se baseia no otimismo humano, resultado da utopia terrena ou da confiança pessoal. É uma esperança viva, decorrente da nova vida em Cristo. Essa é a razão pela qual Pedro é chamado de o apóstolo da esperança. Ainda hoje, o teor da Carta em estudo permanece relevante. A pós-modernidade, época em que vivemos, é marcada pelo desespero, ausência de sentido e vazio existencial. Nesse período em que os valores propagados pelo cristianismo bíblico são sistematicamente atacados, encontramos no texto do apóstolo Pedro uma mensagem verdadeiramente esperançosa. A salvação produz esperança legítima e alegria verdadeira, e capacita espiritualmente o crente para enfrentar os sofrimentos e desafios deste mundo.
Orientação Pedagógica
Prezado(a) professor(a), o educador por excelência deve ser capaz de contextualizar o ensino para o seu próprio tempo. Segundo Silas Daniel, "o princípio da contextualização consiste em aplicar um texto bíblico à nossa realidade, e para isso é preciso pinçar fatos seculares para submetê-los ao escrutínio da Palavra de Deus.". Desse modo, na presente lição, além de proporcionar aos alunos uma visão sobre a situação do mundo na época em que a Carta foi escrita, devemos aplicar o ensinamento para os nossos dias. Para isso, é recomendável destacar as características do tempo presente denominado de pós-moderno, enfatizando que por ser atemporal, as Escrituras oferecem respostas contundentes para os desafios de hoje.
TEXTO BÍBLICO
1 Pedro 1.3-12
3 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos,
4 para uma herança incorruptível, incontaminável e que se não pode murchar, guardada nos céus para vós
5 que, mediante a fé, estais guardados na virtude de Deus, para a salvação já prestes para se revelar no último tempo,
6 em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações,
7 para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus Cristo;
8 ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso,
9 alcançando o fim da vossa fé, a salvação da alma.
10 Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada,
11 indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir e a glória que se lhes havia de seguir.
12 Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que, agora, vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho, para as quais coisas os anjos desejam bem atentar.
INTRODUÇÃO
Como tivemos a oportunidade de estudar na primeira lição, o contexto em que a Primeira Carta de Pedro foi escrita era desolador para os cristãos. Além de serem menosprezados socialmente, como se fossem uma classe inferior, exatamente por repudiaram a cultura e os costumes da época, os seguidores de Cristo eram hostilizados e violentamente perseguidos, principalmente por cidadãos e vizinhos não crentes. Esse contexto desfavorável fazia brotar no coração daqueles cristãos sentimentos de marginalização, desprezo e até mesmo desânimo. Era preciso revigorar neles a esperança viva e a alegria verdadeira decorrentes da salvação em Cristo. Pedro faz isso logo no início da sua Carta, tema do estudo de hoje!
I - GERADOS PARA UMA VIVA ESPERANÇA
Pedro introduz sua Carta com um ato de gratidão, bendizendo a Deus por ter nos gerado novamente para uma viva esperança (1.3). Ninguém é capaz de nascer espiritualmente pelos seus próprios méritos (Jo 3.3-9). Fomos regenerados e temos entrada na vida cristã, por causa da misericórdia divina. É a partir do reconhecimento desta graça que o crente deve encontrar sua identidade e encarar os dilemas da vida. Isso nos instiga a não olharmos o mundo e as lutas diárias pela perspectiva do velho homem, que é dominado pelo pecado e sufocado pelo mundo, e que só conduz ao desespero e desânimo. Em vez disso, temos agora uma esperança viva. Muito mais que uma expectativa que pode enfraquecer com tempo, esta esperança é cheia de vida, sempre renovada, que se fundamenta na confiança inabalável em Deus. A esperança cristã não é um conceito teórico ou o mero otimismo humano; é a confiança plena na providência divina. Ela implica tanto esperar confiantemente o futuro preparado pelo Senhor, quanto vivenciá-la hoje como um estilo de vida. Portanto, a esperança dos crentes não é algo que diz respeito somente à vida eterna, mas como desfrutamos dela no tempo presente.
Não é sem sentido que esta nova vida em esperança, escreve Pedro, se deu "pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos" (v.3). Este acontecimento histórico é a base da confiança dos salvos. Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e fé (1 Co 15.14). Mas, uma vez que Ele ressurgiu dentre os mortos ao terceiro dia, podemos confiar. Como diz a bela letra do Hino 545: "Porque Ele vive, posso crer no amanhã. Porque Ele vive, temor não há. Mas eu bem sei, eu sei que a minha vida. Está nas mãos do meu Jesus, que vivo está".
Muitas pessoas se frustram por depositarem as esperanças no dinheiro, na política ou na capacidade humana, pois tudo isso não passa de ilusão. Enquanto o ceticismo, o ateísmo, o existencialismo e as demais filosofias humanas que emergem da pós-modernidade não conseguem fornecer um fundamento de esperança real para as pessoas, a fé cristã, com os olhos voltados para a cruz, dá significado e perspectiva de futuro a todos quantos recebem a salvação em Cristo.
A seguir, o "apóstolo da esperança" revela que a salvação aponta para uma herança sublime, com três atributos especiais: ela é incorruptível, incontaminável e não pode murchar (v.4). Trata-se de uma herança incomparável, imensamente mais valiosa que os bens e os tesouros deste mundo, os quais perecem, são maculados e desintegram facilmente (Tg 5.1-3; Lc 12.19,20). Por meio desta palavra, o Espírito de Deus quer mostrar ao cristão quão precioso é estar em Cristo e aguardar nEle as bênçãos celestiais da salvação (Cl 3.24; Ef 1.18). Deus nos concedeu uma herança indestrutível que nem o mundo ou as condições desfavoráveis podem abalar.
Pense
Não confunda autoajuda com esperança cristã. Pela autoajuda, o homem olha para dentro de si em busca de respostas. Na esperança, olhamos para Jesus, autor e consumador da fé.
Ponto Importante
A fé cristã dá significado à vida e perspectiva de futuro a todos quantos recebem a salvação em Cristo.
II - A ALEGRIA DA SALVAÇÃO
A salvação não produz somente uma herança futura, mas também alegria presente (v.6). Enquanto vive nesta terra, o cristão pode desfrutar de todas as suas bênçãos, inclusive a alegria verdadeira (Sl 35.9; 68.3; 1 Ts 5.16). Esta alegria não se confunde com um estado de euforia ou com um sentimento de prazer passageiro. A alegria resultante da salvação não é um fim em si mesma, mas sim o contentamento que advém da transformação interior e da comunhão que o crente tem com Deus. É uma alegria espiritual profunda (Lc 1.46,47; At 16.34; 1 Pe 4.13). Isto não significa de modo algum que o cristão esteja isento de passar por momentos difíceis na vida. Pelo contrário, até importa, diz Pedro, estar contristados com várias provações. Seu objetivo era preparar e encorajar o coração daqueles irmãos para os momentos de turbulência.
O homem sem Deus persegue sem sucesso algum tipo de alegria para a sua vida. Mas, alegria não pode ser achada; nós que somos achados por ela.
As perseguições que os cristãos daquela época suportaram eram intensas devido ao compromisso com Cristo. Pedro tinha convicção disso, assim como sabia que a tendência da perseguição era aumentar com o tempo. Considerando que os valores de Cristo se contrastam com os do mundo, os discípulos de Jesus serão hostilizados e perseguidos sempre que se mantiverem fiéis aos ensinos do Mestre. Em nossos dias, apesar de possuirmos uma ampla liberdade religiosa, todo aquele que se submete ao senhorio de Cristo também é passível de ser hostilizado, perseguido ou tratado com indiferença. Apesar de tudo, não devemos nos sentir atemorizados, pois sabemos que Deus está conosco em qualquer circunstância. Além disso, o sofrimento do crente por causa do Evangelho é proveitoso. Em outras palavras, o sofrimento do cristão é uma forma de testar a sua fé. Assim como o ouro é provado e depurado pelo fogo, reluzindo ainda mais, a provação na vida do crente ajuda a remover as impurezas e redunda em louvor, honra e glória.
O júbilo do cristão está alicerçado em Cristo, mediante a fé (v.5). Ele é a razão da nossa alegria. Da mesma maneira que os destinatários da carta não chegaram a ver Jesus pessoalmente, mas o amavam e nEle se alegravam, assim somos nós. Enquanto o mundo valoriza e se satisfaz somente com aquilo que se pode ver e tocar, submersos nessa cultura materialista e hedonista, o jovem cristão exulta por causa da fé! Mas não se trata de um pensamento positivo, mas uma fé com firme fundamento e convicção profunda (Hb 11.1), que produz uma alegria inefável e repleta de glória.
Pense
À luz das Escrituras, a alegria não é uma conquista, é uma dádiva. O ser humano pode forçar um sorriso, mas somente a graça de Deus proporciona contentamento ao coração.
Ponto Importante
A salvação não produz somente uma herança futura, mas também alegria presente. Então, desfrute-a!
III - A MARAVILHOSA SALVAÇÃO
Apesar do contentamento que o cristão pode desfrutar nesta terra, o propósito central da fé é a salvação da alma (v.9). Os leitores da epístola, assim como nós, não poderiam perder o foco da redenção proporcionada por Cristo Jesus. Afinal, tanto no Velho quanto no Novo Testamento a doutrina da salvação ocupa um lugar especial nas Escrituras, tendo sido tratada de maneira diligente pelos profetas que falaram desta graça. É essencial, portanto, atentarmos para esta tão grande salvação, como bem alerta a Carta aos Hebreus (Hb 2.3). Isso significa valorizar a morte dolorosa e vicária de Cristo no Gólgota, assim como exercê-la com temor e tremor (Fp 2.12), com uma conduta digna de alguém que foi justificado e absolvido da condenação eterna.
O verso 10 deixa transparecer que a salvação é pela graça (gr. charis). É esta benevolência da parte de Deus que possibilita ao homem ter os seus pecados perdoados e o nome escrito no Livro da Vida. O apóstolo Paulo também reforça esta verdade ao escrever: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8). A salvação, nesse sentido, não se deve ao mérito, às obras ou à capacidade do homem (Rm 11.6). A graça salvadora é uma bênção abrangente. Além de ser uma provisão do Senhor para com o indigno transgressor da sua lei (cf. Rm 3.9-26), ela convida, convence, e capacita o pecador a ir ao encontro de Cristo. Mas não se trata de uma força irresistível, como defende certo segmento religioso, até porque isso seria um contrassenso. A graça de Deus é uma oferta benevolente, cabendo ao pecador, de maneira voluntária, aceitá-la ou não.
Seguindo seu raciocínio, Pedro destaca que a vinda de Cristo era um cumprimento profético. As dores e a glória do Filho de Deus já haviam sido reveladas aos profetas, por meio do Espírito Santo. Com efeito, da mesma maneira que o sofrimento se cumpriu, a glória também há de ser efetivada. Esta confiança está alicerçada no fato de que a Palavra de Deus não volta vazia (Is 55.11).
Pense
O crente não foi salvo para ser feliz. É feliz porque é salvo!
Ponto Importante
Apesar do contentamento que o cristão pode desfrutar nesta terra, o propósito central da fé é a salvação da alma.
SUBSÍDIO
"Nascer de novo (1 Pe 1.17-25)
Jesus quem disse isso primeiro: "Necessário vos é nascer de novo" (Jo 3.7). Mas Pedro pode nos dar a melhor explicação, encontrada nas Escrituras, do impacto do nascer de novo. Em uma passagem curta e vigorosa, ele falou sobre o custo na nossa nova vida, da sua natureza e da diferença que ela faz. O "custo" é o precioso sangue, o preço pago para que possamos ter uma nova vida. Por natureza, a nossa vida é imperecível. E a diferença que isso faz é tão grande quanto a diferença entre a noite e o dia.
CONCLUSÃO
Como aprendemos nesta lição, na primeira seção da sua carta, Pedro leva aos seus leitores uma mensagem de ânimo e confiança em Deus. Mesmo enfrentando perseguições, estes crentes podiam se lembrar da graça de Deus e continuar a viver conforme a sua vontade. "Desfrutem da alegria na esperança da salvação" é a mensagem de Pedro que ecoa na primeira seção da sua epístola. Assim como os irmãos daquela época, somos inspirados pela Palavra a encontrarmos a legítima alegria que advém da nova vida em Cristo. Em tempos de desânimo e desespero, os salvos têm razões para viver de maneira esperançosa e alegre.
HORA DA REVISÃO
1) Como o apóstolo Pedro introduz a sua Carta?
Com um ato de gratidão, bendizendo a Deus por ter nos gerado novamente para uma viva esperança.
2) Quais as características da herança dos salvos?
Ela é incorruptível, incontaminável e não pode murchar (1.4).
3) Com o que a alegria decorrente da salvação não se confunde?
Não se confunde com um estado de euforia ou com um sentimento de prazer passageiro.
4) De acordo com a Primeira Carta de Pedro, qual o propósito da nossa fé?
A salvação da nossa alma (1.9).
5) Por que a graça de Deus é uma bênção abrangente?
Além de ser uma provisão do Senhor para com o indigno transgressor da sua lei (cf. Rm 3.9-26), ela convida, convence, e capacita o pecador a ir ao encontro de Cristo.
Lição 3 - Vivendo em Santidade e Integridade
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Classe: Jovens | Trimestre: 3° de 2019 | Revista: Professor | Fonte: Lições Bíblicas de Jovens, CPAD
TEXTO DO DIA
"Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo." (1 Pe 1.15,16)
SÍNTESE
A santidade de Deus, o atributo da sua perfeição moral, é a razão que nos inspira ao vivermos de maneira santa e íntegra neste mundo.
Agenda de leitura
SEGUNDA - Êx 39.30: Santidade ao Senhor
TERÇA - 1 Ts 3.13: Irrepreensíveis em santidade
QUARTA - 1 Ts 4.7: Chamados para a santificação
QUINTA - 1 Ts 4.3: Santificação, a vontade de Deus
SEXTA - Js 3.5: Santificai-vos para sempre
SÁBADO - Ap 5.10: Feitos reis e sacerdotes
Objetivos
I - COMPREENDER os conselhos de Pedro para uma vida de santidade;
II - REFLETIR a respeito do mandamento divino para sermos santos em toda nossa maneira de viver;
SABER acerca do fundamento e da natureza da Igreja.
Interação
Depois de falar sobre a esperança da salvação, Pedro exorta os leitores da sua Carta para uma vida de santidade. O apóstolo estava preocupado com a salvação dos crentes, mas também com a santidade e integridade moral deles. Afinal, uma coisa está intimamente ligada à outra. Em nossos dias, falar em santificação parece algo antiquado e politicamente incorreto. Para os relativistas morais da pós-modernidade, ninguém deve dizer a outra pessoa como se comportar em termos éticos, pois cada um possui o seu próprio conceito do certo e do errado, sobrando pouco espaço para falar de retidão, caráter e virtudes morais. Em meio ao caos moral da presente era, o chamamento dos cristãos à santidade pelo apóstolo Pedro mostra-se altamente relevante.
Orientação Pedagógica
Estimado (a) professor (a), nesta lição teremos a oportunidade de ensinar aos nossos alunos a respeito da santidade e santificação. Recorde que, segundo a Bíblia, a santificação refere-se ao estado daqueles que foram salvos por Cristo (1 Co 6.11; Cl 2.10; Hb 10.10), mas também ao processo de contínuo aperfeiçoamento dos crentes (2 Co 7.1). Além disso, se possível, esclareça o significado das palavras santidade, santificação, santificar, santíssimo, santo e santuário, utilizando o quadro abaixo:
TERMOS
TERMOS
REFERÊNCIA
Santidade
Qualidade daquilo ou daquele que é santo.
Êx 15.11
Santificação
Ato ou efeito de santificar.
Rm 6.19
Santificar
Tornar sagrado, separado, consagrado; fazer santo.
Js 3.5
Santíssimo
Muito santo; santo dos santos.
Jd v.3
Santo
Sagrado; separado, que vive de acordo com a lei divina.
1 Pe 1.16
Santuário
Lugar consagrado, santo, preparado para adoração.
Lv 19.30
Texto bíblico
1 Pedro 1.13-16; 22-25
13 Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo,
14 como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância;
15 mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver,
16 porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.
22 Purificando a vossa alma na obediência à verdade, para caridade fraternal, não fingida, amai-vos ardentemente uns aos outros, com um coração puro;
23 sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para sempre.
24 Porque toda carne é como erva, e toda a glória do homem, como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor;
25 mas a palavra do Senhor permanece para sempre. E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada.
1 Pedro 2.9,10
9 Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;
10 vós que, em outro tempo, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia.
INTRODUÇÃO
Para muitos estudiosos, a Primeira Carta de Pedro, além de "Epístola da Esperança", também poderia ser chamada de "Epístola da Vida Santa", pois enfatiza a importância da santidade após o novo nascimento. Uma vez que os crentes foram agraciados pela salvação, e adquiriram uma esperança viva, agora devem dar mostras da nova vida por meio de uma conduta íntegra. Apesar de remeter à ideia de separação e consagração, santidade não significa isolamento social ou afastamento de outras pessoas. Os salvos testificam que são santos vivendo de acordo com a vontade de Deus, e interagindo em uma sociedade contaminada pelo pecado. Isso exige ter contato com o mundo. Por tal razão, faz todo o sentido a oração de Jesus acerca dos seus discípulos: "Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal" (Jo 17.15). Como isso em mente, aprenderemos nesta lição a respeito do santo estilo de vida dos salvos.
I - CONSELHOS PARA UMA VIDA DE SANTIDADE
A palavra "portanto" empregada por Pedro em 1.13 conecta o raciocínio anterior com o tema a seguir apresentado. Assim, o apóstolo apresenta três conselhos para uma vida de santidade:
A expressão "cingindo os lombos do vosso entendimento" tem um sentido metafórico; remete à prática da época de amarrar a vestimenta acima da cintura para ficar pronto para a ação. O conselho é que os crentes preparem as suas mentes, a fim de poderem pensar adequadamente e com profundidade nas coisas de Deus. Isso porque a santificação abrange primeiramente a mente, o centro das decisões e das faculdades da pessoa. Quando aceitamos Cristo, em arrependimento, passamos por um processo de conversão, do grego metanoia (At 3.19), que significa mudança de pensamento. Por isso, Paulo diz que temos a mente de Cristo! (1 Co 2.16).
Quando preparamos e entregamos a mente para o Senhor, deixamos que Ele seja o guia das nossas decisões. Obviamente, ainda assim, não podemos impedir que determinados pensamentos entrem em nossa mente. Nesse caso, Stan Toler, na obra Repense a Vida, aconselha que "tudo que podemos fazer é administrá-lo quando já se é um pensamento negativo, pecador e destrutivo, podemos prendê-lo, rejeitá-lo e lançá-lo fora da mente. Se é um pensamento positivo, santo e produtivo, podemos detê-lo, meditar sobre ele e aplicá-lo à vida. O pecado não acontece quando temos um pensamento passageiro, mas quando nos concentramos em um pensamento pecador em vez de expulsá-lo".
A verdadeira santidade requer a compreensão daquilo que estamos fazendo ou deixando de fazer. Agir pela simples obrigatoriedade, sem saber a razão, não é santidade, é mera religiosidade farisaica! Uma mentalidade regenerada pelo Senhor nos habilita a entender a importância de uma vida íntegra e sincera.
Pedro também assevera que o cristão deve ser sóbrio, ou seja, ter domínio próprio, autocontrole, pois a vida cristã é incompatível com os excessos. Além de significar ao crente abster-se da embriaguez, a sobriedade refere-se também ao viver com moderação, em constante equilíbrio (Ef 5.18; Rm 12.3). Tal virtude deve ser uma característica dos salvos, porquanto as Escrituras assim nos exortam reiteradamente (1 Ts 5.6; 2 Tm 4.5). Aplicada ao consumo, a santificação promove na vida do crente uma postura contracultural, no sentido de rejeitar e se afastar da cultura dominante que valoriza a moda e tudo aquilo que é supérfluo. O consumo santificado significa apartar-se do modelo consumista em curso na sociedade contemporânea, e desenvolver um estilo de vida frugal, com hábitos de consumo santos, disciplinados pelo fruto do Espírito (Gl 5.22).
A santificação envolve ainda esperar inteiramente na graça. Diante do contexto sombrio a que estavam submetidos, os destinatários são encorajados a olharem para frente e aguardarem em Deus. Isso não é passividade, é paciência: o ato de confiar na providência divina.
Vivemos em uma cultura imediatista e acelerada, na qual as pessoas perderam o hábito de esperar. "Tudo ao mesmo tempo e agora" é um dos slogans que caraterizam a sociedade contemporânea. O adoecimento emocional e psíquico que acomete boa parte da população de hoje é em grande parte consequência da ansiedade descontrolada. Portanto, a espera confiante em Deus, além de preparar o coração para o futuro, contribui para que o crente tenha uma vida emocionalmente saudável.
Pedro também assevera que o cristão deve ser sóbrio, ou seja, ter domínio próprio, autocontrole, pois a vida cristã é incompatível com os excessos.
II - A ORDEM DA SANTIDADE
Considerando que a santificação se prova com ações reais, somos exortados como "filhos da obediência' (ARA) a ter um padrão de conduta exemplar. Tal expressão, comum naquele tempo, é uma maneira de dizer "que nossas vidas são caracterizadas por um obediência contínua ao Senhor e à sua Palavra", como bem observou o teólogo pentecostal Stanley Horton. A prova dessa obediência sincera é a inconformidade com o mundo (Rm 12.2) e com as concupiscências - os desejos e as paixões carnais da antiga vida. Quando a santidade de Deus molda o nosso caráter, não nos conformamos com o pecado. Ainda que o cristão esteja sujeito a uma batalha interna contra a carne (Rm 7.20), não deve achar normal cometer qualquer tipo de pecado, muitas vezes sob a justificativa do "não tem problema".
O apóstolo Pedro reitera uma ordem divina: Sede santos, porque eu sou santo! (Lv 11.44; 19.2). A santidade não é uma opção na vida cristã. É um imperativo para nos tornarmos cada vez mais parecidos com aquele que nos chamou (Sl 99.9; Ap 4.8). A santidade é o atributo moral de Deus. Nenhum outro atributo divino é tão solenizado nas Escrituras como esse: "Não há santo como é o SENHOR; porque não há outro fora de ti" (1 Sm 2.2).
Muitos concebem a santidade como algo bastante severo e até mesmo opressor, resultado do esforço humano. Longe disso, a santificação decorre da ação libertadora e transformadora de Deus em nós. Quando o Senhor nos ordena à santidade, na verdade está querendo que o deixemos trabalhar em nós, corrigindo, guiando e purificando as nossas vidas (Jo 17.17; 1 Ts 5.23). A santificação não decorre do mérito do homem, mas da graça de Deus. Mas este processo requer a disposição e a cooperação do indivíduo (1 Jo 3.3). O Espírito Santo é o agente da santificação (Rm 1.4) e a Palavra de Deus, o instrumento (Jo 17.17).
Vale notar que a santidade não envolve somente uma área de nossas vidas, mas se aplica a toda a nossa maneira de viver. Isso porque santidade tem a ver com integridade; santificação produz uma conduta autêntica, honesta e virtuosa, que afasta o salvo das práticas reprováveis. Nas palavras de John Eldredge: "Você não consegue se tornar íntegro sem se tornar santo, nem pode se tornar santo sem se tornar íntegro. As duas coisas andam juntas". Por esse motivo, logo adiante, Pedro apresenta uma lista de cincos vícios morais que os cristãos devem deixar: malícia, engano, fingimentos, invejas e murmurações (2.1).
Depois de recomendá-los a uma vida de temor a Deus (v.17), Pedro faz recordar da razão para uma conduta digna por parte do crente. Não fomos resgatados por ouro e prata, e sim pelo precioso sangue de Jesus (v. 18,19). Que maravilha sabermos que a nossa salvação não está firmada em coisas perecíveis e passageiras, mas sim no sangue do Filho de Deus.
III - A NATUREZA DA IGREJA
No início do capítulo 2, Pedro reflete sobre a natureza da Igreja de Cristo. Numa interpretação distorcida de Mateus 16.18, muitos acreditam que Pedro seja o fundamento da Igreja. Mas enquanto Pedro é um pedra pequena, por isso também chamado de Cefas, Jesus é a rocha sobre a qual a Igreja está edificada. A metáfora da pedra de esquina é uma referência direta a Cristo. Naquele tempo, pedra de esquina ou pedra angular era a mais importante de uma construção, aquela que ficava na base e dava a direção do edifício. Logo, a base sobre a qual a Igreja está edificada não é o apóstolo, mas o próprio Senhor Jesus. Ele é a pedra principal, o firmamento espiritual da sua Igreja. Através dele nos tornamos pedras vivas (v.5). Embora rejeitada pelos homens incrédulos e desobedientes, Ele é a rocha eleita e preciosa para os crentes (v. 6,7).
O objetivo do apóstolo é demonstrar que os crentes encontram-se numa posição privilegiada: "Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido [...]"(v.9). Tais designações, anteriormente aplicadas à nação de Israel, referem-se agora à Igreja. Na antiga aliança, a nação de Israel foi eleita para ser um canal de bênção para as demais nações (Gn 12.3). Mas, devido à sua desobediência e fracasso, Deus faz surgir um novo povo, formado por todos aqueles que creram em Cristo e em sua obra salvadora, sejam judeus, sejam gentios (Ef 2.14). A missão desse povo é anunciar as virtudes daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (2.9).
A expressão geração eleita evidencia que, em termos bíblicos, a eleição para a salvação não é só individual, mas também corporativa (cf. 2 Ts 2.13), sempre por intermédio de Cristo. A nossa eleição vem de Deus: "sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição é de Deus" (1 Ts 1.4)
Ao dizer que somos o sacerdócio real, Pedro destaca que, enquanto o ofício de sacerdote era privilégio dos membros da tribo de Levi, na Nova Aliança a Igreja ocupa a posição de sacerdócio real. Portanto, não precisamos de mediadores entre nós e Deus. A Reforma Protestante revigorou a doutrina do sacerdócio de todos os crentes, no sentido de que cada cristão tem livre acesso à presença do Pai, tendo como único mediador o Senhor Jesus Cristo (1 Tm 2.5).
Pedro faz recordar da razão para uma conduta digna por parte do crente. Não fomos resgatados por ouro e prata, e sim pelo precioso sangue de Jesus.
SUBSÍDIO 1
A Importância da Santificação
"[...] Embora o homem tenha a propensão ao pecado em decorrência da Queda, as Escrituras deixam entrever que após salvação em Cristo, o crente, por obra do Espírito Santo, passa por um processo de santificação. Antônio Gilberto lembra que a santificação possui dois aspectos. O primeiro é a santificação posicional, que ocorre mediante a fé por ocasião do novo nascimento (1 Co 1.2; Hb 10.10; Cl 2.10; 1 Jo 4.17; Fp 1.1). O segundo é a santificação progressiva (1 Pe 1.15,16; 2 Co 7.1; 3.17,18), pela qual estamos em processo constante de santificação. Em Hebreus 10.10,14 essa verdade é enfatizada, declarando o processo contínuo de santificação em nosso viver aqui e agora proveniente de tal posição: 'sendo santificados'.
Antônio Gilberto lembra ainda que a santificação deve ocorrer em 'todo o vosso espírito, e alma, e corpo' (I Ts 5.23), significando que 'devemos ser santos em nosso viver, e em nossa conduta - isto é, em nosso caráter, internamente -, e em nosso proceder, externamente'. Nossa vida natural, diz ele, é uma série diuturna de hábitos, práticas e costumes, que podem ser bons ou maus, ou um misto dos dois. E evidente que um povo santo, porque pertence a Deus, deve ter costumes santos" (NASCIMENTO, Valmir. O Cristão e a Universidade: Um Guia para a Defesa e o Anúncio da Cosmovisão Cristã no Ambiente Universitário. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, p. 241).
SUBSÍDIO 2
A Metáfora da Pedra ou do Templo (2.4-8)
"Antes de aplicar essa imagem a seus leitores, Pedro aplica-a a Jesus. Ao responder ao chamado de Deus, seus leitores vieram a Ele, a 'pedra viva'. Essa descrição de Jesus pode parecer estranha aos ouvidos modernos. No entanto, escrita por alguém que teve seu nome mudado por Jesus, de Simão para Cefas (em aramaico) = Pedro (em grego) = Pedra (como em João 1.42) e que havia ouvido Jesus falar de si mesmo, em termos do Antigo Testamento, como sendo uma pedra que os edificadores rejeitaram (Mc 12.10-12; cf. Sl 118.22), essa metáfora torna-se bastante apropriada e significativa. Pedro qualifica essa pedra como "viva", não só? deixando bem claro que está escrevendo metafórica e espiritualmente, mas talvez aludindo até à ressurreição de Jesus dos mortos (1.3,19-21). Desenvolve essa alusão à morte e ressurreição de Jesus ao descrevê-lo como 'rejeitado pelos homens' e, ao mesmo tempo, como eleito por Deus e precioso.
[...] Não só? Jesus é uma pedra viva, mas os leitores de Pedro também são 'como pedras vivas', uma descrição que indica sua intima identificação com o Senhor' (Comentário Bíblico Pentecostal. Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 1705).
CONCLUSÃO
Como vimos nesta lição, para os salvos a santidade nunca sai de moda. Mesmo em tempos de relativismo moral e inversão de valores, nós cristãos temos a responsabilidade de sermos santos em toda a nossa maneira de viver. Isso porque, a santificação verdadeira leva a uma vida íntegra, a ser testemunhada em todas as esferas da sociedade. Não podemos nos esquecer que fazemos parte não de um clube social ou de uma associação religiosa, e sim da Igreja de Cristo, o povo eleito de Deus.
HORA DA REVISÃO
1) Qual o sentido da expressão "cingindo os lombos do vosso entendimento"?
A expressão tem um sentido metafórico; remete à prática da época de amarrar a vestimenta acima da cintura para ficar pronto para a ação. Em nossos dias, possui a mesma acepção de "arregaçar as mangas".
2) Qual a principal razão pela qual os crentes devem ser santos?
Porque Deus é santo (1 Pe 1.15, 16).
3) O que era uma pedra de esquina?
Pedra de esquina ou pedra angular era a mais importante de uma construção, aquela que ficava na base e dava a direção do edifício
4) Quais são os cinco vícios morais que Pedro aponta em sua Primeira Carta?
Malícia, engano, fingimentos, invejas e murmurações (1 Pe 2.1).
5) Conforme a lição, qual doutrina foi revigorada na Reforma Protestante?
A doutrina do sacerdócio de todos os crentes, no sentido de que cada cristão tem livre acesso à presença do Pai, tendo como único mediador o Senhor Jesus Cristo (1Tm 2.5)
Lição 4 - O Relacionamento do Cristão com o Estado e com os Superiores
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Classe: Jovens | Trimestre: 3° de 2019 | Revista: Professor | Fonte: Lições Bíblicas de Jovens, CPAD
TEXTO DO DIA
"Sujeitai-vos, pois, a toda ordenação humana por amor do Senhor; quer ao rei, como superior; quer aos governadores, como por ele enviados para castigo dos malfeitores e para louvor dos que fazem o bem." (1 Pe 2.13,14)
SÍNTESE
As Escrituras ensinam que o cristão deve se submeter às autoridades constituídas, porque toda autoridade provém de Deus, com o propósito de punir o mal e beneficiar a vida em sociedade.
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA - Rm 13.1-6: Obedecendo às autoridades superiores
TERÇA - Lc 20.19-25: Jesus e a questão do tributo romano
QUARTA - 1 Tm 2.1,2: Orando pelas autoridades
QUINTA - At 5.27-29: Importa obedecer a Deus
SEXTA - Rm 7.15-25: A luta interna do ser humano
SÁBADO - Mt 5.44: Amando os inimigos
OBJETIVOS
I - CONSCIENTIZAR de que a conduta exemplar do cristão requer a abstinência das paixões carnais;
III - CONHECER a maneira adequada de se relacionar com o Estado e com as autoridades constituídas;
III - MOSTRAR o padrão bíblico do relacionamento do crente com os seus superiores.
Interação
A Primeira Epístola de Pedro contém recomendações para a vida devocional, mas também para a vida pública. Nesta segunda parte de sua Carta, ele oferece verdadeiros princípios sobre como o cristão, enquanto cidadão deste mundo, deve se relacionar com as autoridades e superiores hierárquicos. Tais princípios são atemporais, oferecendo hoje diretrizes valiosas para a participação política e interação dos seguidores de Cristo com o Estado. Saber aplicar corretamente tais princípios é essencial para o testemunho público da Igreja, pois, do contrário, a Igreja corre o risco de adotar um modelo de envolvimento inadequado com o poder público, seja de completa subordinação ou de tentativa de dominação a ele. Desse modo, considerando que a desilusão com a política e com o poder público são características do tempo presente, assim como a secularização - que visa afastar os crentes da esfera pública, esta lição é propícia para conscientizar os jovens crentes sobre temas como engajamento político, cidadania cristã, democracia e participação profética no processo eleitoral.
Orientação Pedagógica
Prezado (a) professor(a), o que você acha de usar no Tópico II desta lição a dinâmica "tempestade de ideias"? Para tal, peça que os alunos opinem a respeito dos desafios do relacionamento do cristão com o Estado. Registre as ideias em um painel ou lousa, sem censurá-las. Essa atividade deve demorar aproximadamente 5 a 10 minutos. Na sequência, à luz do conteúdo da lição, e com base em outras pesquisas sobre o tema, explique como tais desafios podem ser vencidos segundo os princípios bíblicos.
VEJA TAMBÉM:
Lição 1 - As cartas de Pedro: vivendo em esperança e firmados na verdade – Clique Aqui
Lição 2 - Desfrutando a Alegria na Esperança da Salvação – Clique Aqui
Lição 3 - Vivendo em Santidade e Integridade – Clique Aqui
Texto bíblico
1 Pedro 2.11-23
11 Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais, que combatem contra a alma,
12 tendo o vosso viver honesto entre os gentios, para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no Dia da visitação, pelas boas obras que em vós observem.
13 Sujeitai-vos, pois, a toda ordenação humana por amor do Senhor; quer ao rei, como superior;
14 quer aos governadores, como por ele enviados para castigo dos malfeitores e para louvor dos que fazem o bem.
15 Porque assim é a vontade de Deus, que, fazendo o bem, tapeis a boca à ignorância dos homens loucos;
16 como livres e não tendo a liberdade por cobertura da malícia, mas como servos de Deus.
17 Honrai a todos. Amai a fraternidade. Temei a Deus. Honrai o rei.
18 Vós, servos, sujeitai-vos com todo o temor ao senhor, não somente ao bom e humano, mas também ao mau;
19 porque é coisa agradável que alguém, por causa da consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo injustamente.
20 Porque que glória será essa, se, pecando, sois esbofeteados e sofreis? Mas, se fazendo o bem, sois afligidos e o sofreis, isso é agradável a Deus.
21 Porque para isto sois chamados, pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas,
22 o qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano,
23 o qual, quando o injuriavam, não injuriava e, quando padecia, não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente,
INTRODUÇÃO
Nesta seção de sua carta, Pedro passa a tratar de aspectos práticos da vida cristã, especialmente sobre deveres e responsabilidades sociais. Nitidamente, a epístola petrina demonstra a dupla cidadania dos discípulos de Cristo. Ao mesmo tempo que somos chamados de peregrinos por causa de nossa cidadania celestial, Pedro conclama os crentes a se submeterem livremente a todas as autoridades legítimas, numa clara alusão à cidadania terrena. A mensagem que o apóstolo está transmitindo é que, não importa o tipo de governo humano, seja monarquia ou república, toda autoridade provém de Deus. Desse modo, o governo civil, assim como o tudo mais na vida, está sujeito à lei do Criador. Este é o tema da presente lição.
I - A CONDUTA EXEMPLAR DOS PEREGRINOS
Em tom amoroso, Pedro se dirige aos crentes como peregrinos e forasteiros. Enquanto cidadãos de uma pátria distante, os crentes precisam abster-se das paixões carnais que guerreiam contra a alma (v.11). Abster-se aqui tem o sentido de manter-se continuamente longe, afastado dos desejos pecaminosos. Por causa da sua natureza pecadora, o homem se encontra numa luta interna da carne contra o Espírito (Gl 5.17). Se por um lado, queremos obedecer a lei moral de Deus, por outro, somos inclinados a cumprir os desejos da nossa velha natureza, conforme Paulo descreve em Romanos 7.15-25. Não obstante, isso não significa que tais desejos sejam absolutamente incontroláveis e que estejamos sujeitos somente aos nossos institutos naturais. A vitória contra o pecado começa, primeiramente, com o reconhecimento de nossas fraquezas morais. O cristão não pode se esquecer das armadilhas do seu coração (Jr 17.9,10) e que as suas percepções não são plenamente confiáveis. Somente com a ajuda do Santo Espírito o crente é capaz de vencer essa guerra interna. O segredo para vencermos os desejos pecaminosos está em andarmos segundo o mover e o poder do Espírito (Gl 5.16).
A abstinência é uma virtude cristã. Uma vez exercitada, ela leva o cristão a abdicar não somente do consumos de bebidas alcoólicas e de substâncias entorpecentes, mas de toda atividade que provoque algum tipo de dependência. Numa era caracterizada pela sensualidade e por vários tipos de compulsão, inclusive de smartphones, jogos, seriados e mídias sociais, saber se privar de algumas condutas e práticas é crucial para que tenhamos uma vida de acordo com a vontade do Senhor.
Recomendado pelas Escrituras, o jejum é um importante hábito de abstinência (Mc 9.29; At 10.30). Apesar de negligenciado por alguns crentes e desconhecido por outros, o jejum é disciplina espiritual sadia, pela qual nos concentramos nas coisas espirituais em detrimento da vontade do nosso corpo físico.
Pedro prossegue instando os cristãos a manterem uma conduta exemplar no meio dos descrentes (v.12). Naquela altura, os discípulos de Jesus eram falsa e injustamente acusados de diversos crimes e delitos. Em vez de argumentar com palavras, eles deveriam provar a sua inocência e integridade moral por meio de uma vida exemplar, relevada nas boas obras. Afinal, ações valem mais que palavras, e do verdadeiro cristão espera-se que seja exemplo em tudo (1 Tm 4.12) e em todos os ambientes da sociedade.
Pense
Não deixe que pequenas derrotas contra a carne façam você perder o foco de toda a batalha espiritual.
Ponto Importante
Apesar de negligenciado por alguns crentes e desconhecido por outros, o jejum é disciplina espiritual sadia, pela qual nos concentramos nas coisas espirituais em detrimento da vontade do nosso corpo físico.
II - O CRISTÃO E O ESTADO
Seguindo o raciocínio do tópico anterior, uma importante maneira de o cristão ser exemplo é submetendo-se às autoridades constituídas. Assim como o apóstolo Paulo (Rm 13.1-3), Pedro igualmente enfatiza que toda autoridade foi estabelecida por Deus (vv.13,14). As autoridades constituídas, reis, governantes, legisladores, magistrados e outros detentores de poder, portanto, receberam de Deus delegação para exercerem suas atividades, seja para promover o bem (instituir políticas públicas, por exemplo), seja para coibir o mal (aplicar a justiça, condenar os criminosos etc). O ensino subjacente é que Deus domina sobre toda a sua criação e o objetivo desse poder é o bem de todos. Afinal, sendo um Deus amoroso, Ele zela pela ordem das coisas criadas (1 Co 14.33), pela boa convivência entre os homens (Hb 12.14) e pela obediência à sua própria lei (Jz 2.16,17).
Em nossos dias, vivendo sob um regime democrático de direito, a Igreja submete-se à autoridade e às leis emanadas do Estado. O que é o Estado? É o povo organizado política e juridicamente, que exerce sua soberania dentro de um território. Disso se denota que é incompatível com a fé cristã uma conduta de rebeldia, revolução e desrespeito à ordem pública. Por princípio, o cristão é um cidadão exemplar, pois, além de exigir os seus direitos, é cônscio dos seus deveres com a sociedade e com o poder público. Em sua conduta diária, é dever do crente atentar para o cumprimento das leis e regras impostas, não somente as de natureza penal, mas também as civis, trabalhistas, fiscais, trânsito, ambientais, eleitorais etc.
Todavia, considerando que a autoridade do Estado é delegada e derivada, a obediência a ele não é cega e sem limites. Jesus disse que devemos dar a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus (Lc 20.25). A única autoridade absoluta é Deus. Logo, sempre que o governo confrontar os princípios morais e espirituais contidos nas Escrituras, o cristão deve se preocupar em obedecer mais a Deus que aos homens (At 5.27-29). Nas Escrituras e ao longo da história muitos servos de Deus foram presos ou morreram exatamente por desobedecerem a leis e a ordens injustas de reinos e governos perversos. "A lealdade ao reino de César é condicional, mas a lealdade ao Reino de Deus é absoluta" (Bíblia de Estudo Pentecostal). O seguidor de Cristo honra ao Rei, mas teme a Deus (v.17).
Independentemente da forma de governo, o cristão é livre (v.16). A liberdade é um princípio essencial no Cristianismo, e serviu de base para a formatação dos valores do mundo Ocidental. Assim, ao se submeter à autoridade do Estado, o cristão não o faz na condição de escravo, mas de pessoa livre. Todavia, a liberdade não pode ser utilizada como pretexto para a prática de atos maliciosos. Ela jamais pode conduzir ao escândalo ou como justificava para dar lugar à carne (1 Co 8.9, Gl 5.13). Ainda que sejamos livres, nem tudo nos convém (1 Co 10.23).
III - O CRISTÃO E OS SEUS SUPERIORES
Tendo tratado do relacionamento do salvo com as autoridades, o apóstolo passa agora ao âmbito dos relacionamentos privados. Ele admoesta os servos cristãos a se submeterem aos seus senhores (v.18). Pedro emprega o termo grego oiketai, que designava o escravo doméstico, uma espécie de empregado ou servente da casa. A menção deles nas páginas do Novo Testamento é um claro indicativo da posição de igualdade humana que eles ocupavam na comunidade de fé (Ef 6.5; Fl 16; Gl 3.28). Enquanto a sociedade os tratava com desprezo, para os cristãos eles são irmãos em Cristo, dignos de receberem ensinamentos.
Numa época em que havia no Império Romano mais de 60 milhões de escravos, dentre os quais muitos cristãos, o conselho era para que eles se portassem com respeito aos seus superiores, tanto em relação aos bons quanto aos maus. Tal conselho somente pode ser compreendido pelo verdadeiro súdito do Reino de Deus, cujo padrão de comportamento é completamente inverso ao do mundo. Qualquer pessoa pode obedecer a um superior justo e humano, mas somente o cristão, por amor a Cristo, é capaz de respeitar alguém perverso e ímpio.
Por certo, hoje as relações de trabalho são muito diferentes. Os empregados gozam de maior liberdade e possuem uma série de direitos trabalhistas assegurados. Assim, ao aplicarmos o ensinamento de Pedro para a vida contemporânea, devemos ter em mente o princípio ali contido: submissão por amor ao Senhor (Ef 6.5). Portanto, o empregado cristão submete-se ao seu patrão ou chefe principalmente porque teme e ama a Deus.
Por que devemos ter esse tipo de comportamento? Porque temos em Jesus o melhor modelo de conduta diante do sofrimento e da perseguição. Mesmo tendo sido ultrajado, maltratado e injustiçado em nosso lugar, não revidou ou ameaçou seus algozes. É Ele quem o cristão deve imitar e seguir os passos. O seu ensinamento é claro: "[...] Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem!" (Mt 5.44). A lógica do seu Reino é diferente da dos homens, mas vale a pena trilhar os passos do Mestre!
Vivemos um tempo de verdadeira crise de valores e referenciais. Uma característica nociva da pós-modernidade é exatamente a perda da noção de autoridade, com alunos que não respeitam professores, filhos que se insurgem contra os pais e jovens que confrontam diretamente os mais velhos. Esse tipo de rebeldia fragiliza os relacionamentos e provoca verdadeiro caos na sociedade. Por essa razão, o princípio da submissão à autoridade que se extrai da mensagem da carta em estudo é muito atual, servindo como valiosa diretriz para a vida em comunidade.
Temos em Jesus o melhor modelo de conduta diante do sofrimento e da perseguição. Mesmo tendo sido ultrajado, maltratado e injustiçado em nosso lugar, não revidou ou ameaçou seus algozes.
SUBSÍDIO 1
"A Bíblia mostra-nos que, como cristãos, podemos viver sob qualquer forma de governo. Ainda que, como estrangeiros, nossos direitos sejam limitados no que diz respeito a esse mundo. Mas enquanto cidadãos dos céus, temos uma lealdade mais elevada, e isto deve colidir com nossas responsabilidades perante os potentados terrenos. Foi o que ocorreu quando o Sinédrio ordenou a Pedro e a João a não mais pregarem no nome de Jesus. Eles foram obrigados a declarar que lhes era necessário obedecer antes a Deus que aos homens. O próprio Jesus os tinha comissionado. Por isso, não podiam deixar de contar as coisas que haviam visto e ouvido (At 4.19,20).
Vejamos o exemplo do próprio Cristo. Num momento difícil, Ele evitou o choque com o poder imperial romano, ao recomendar: 'Dai, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus' (Mt 22.21). A Bíblia é muito clara ao afirmar que Deus instituiu as autoridades terrenas para que mantenham a ordem e a legalidade (Rm 13.1-7).
A responsabilidade do cristão, enquanto residente temporário na terra, é submeter-se de boa vontade às instituições humanas. Assim o fazemos não porque tais instituições sejam boas. Elas podem estar muito distantes do ideal bíblico. O império romano em nada diferia das ditaduras modernas. Não obstante, Pedro e Paulo exortavam aos crentes a acatarem-lhes as leis. Assim procedemos, não para agradar ao governo, mas ao Senhor" (HORTON, Stanley M. 1 e 2 Pedro: A Razão da Nossa Esperança. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, pp. 36, 37).
SUBSÍDIO 2
"Que vos abstenhais das concupiscências carnais (1 Pe 2.11)
Pedro dedicou o resto deste capítulo e o início do próximo para explicar como você e eu 'anunciamos as virtudes de Deus'. Basicamente, nós as anunciamos mais pela maneira como vivemos do que pelo que dizemos.
A primeira declaração de virtude que Pedro mencionou foi: 'abster-se das concupiscências carnais'. Uma tradução melhor sugere que o cristão deve romper claramente os impulsos 'os impulsos naturais' que o dominaram no passado. O adjetivo sarkikon, encontrado nesta expressão grega, sugere que os impulsos que Pedro tinha em mente não são impulsos para o pecado declarado, mas a inclinação natural de cada pessoa para preservar o seu bem-estar material e a sua individualidade. Pedro advertiu que esta preocupação com as coisas deste mundo 'combatem contra a alma'. Quanto mais nós nos preocupamos com o universo material, menos nos preocupamos com o espiritual. As coisas desta vida devem ter pouco valor para o cristão, cujas esperanças estão fixas no retorno de Cristo" (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Devocional da Bíblia. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p. 965).
CONCLUSÃO
É marca indelével do verdadeiro cristão o exercício da boa cidadania. O crente honra a Deus respeitando as leis do governo civil e contribuindo para o bem comum. O testemunho cristão começa em Jerusalém, mas alcança os confins do mundo (At 1.8). Assim como os cristãos primitivos abalaram o mundo de sua época, chegando a Roma, a capital política do mundo de então, ainda hoje os seguidores de Cristo tem a incumbência de agirem como sal da terra e luz do mundo, como uma religião verdadeiramente profética na esfera pública.
HORA DA REVISÃO
1) Por que a abstinência pode ser considerada uma virtude?
Porque, uma vez exercitada, ela leva o cristão a abdicar não somente do consumo de bebidas alcoólicas e de substâncias entorpecentes, mas de toda atividade que provoque algum tipo de dependência.
2) Segundo a lição, o que é o Estado?
É o povo organizado política e juridicamente, que exerce sua soberania dentro de um território.
3) Qual a postura do cristão se o governo confrontar os princípios morais e espirituais contidos nas Escrituras?
Deve se preocupar em obedecer mais a Deus que aos homens (At 5.27-29).
4) De que modo o cristão não pode usar a liberdade?
Não pode ser utilizada como pretexto para a prática de atos maliciosos.
5) Na sua opinião, qual o maior desafio do relacionamento do cristão com o Estado, hoje?
Resposta pessoal.,
Lição 4 - O Relacionamento do Cristão com o Estado e com os Superiores
Classe: Jovens | Trimestre: 3° de 2019 | Revista: Professor | Fonte: Lições Bíblicas de Jovens, CPAD
TEXTO DO DIA
"Sujeitai-vos, pois, a toda ordenação humana por amor do Senhor; quer ao rei, como superior; quer aos governadores, como por ele enviados para castigo dos malfeitores e para louvor dos que fazem o bem." (1 Pe 2.13,14)
SÍNTESE
As Escrituras ensinam que o cristão deve se submeter às autoridades constituídas, porque toda autoridade provém de Deus, com o propósito de punir o mal e beneficiar a vida em sociedade.
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA - Rm 13.1-6: Obedecendo às autoridades superiores
TERÇA - Lc 20.19-25: Jesus e a questão do tributo romano
QUARTA - 1 Tm 2.1,2: Orando pelas autoridades
QUINTA - At 5.27-29: Importa obedecer a Deus
SEXTA - Rm 7.15-25: A luta interna do ser humano
SÁBADO - Mt 5.44: Amando os inimigos
OBJETIVOS
I - CONSCIENTIZAR de que a conduta exemplar do cristão requer a abstinência das paixões carnais;
III - CONHECER a maneira adequada de se relacionar com o Estado e com as autoridades constituídas;
III - MOSTRAR o padrão bíblico do relacionamento do crente com os seus superiores.
Interação
A Primeira Epístola de Pedro contém recomendações para a vida devocional, mas também para a vida pública. Nesta segunda parte de sua Carta, ele oferece verdadeiros princípios sobre como o cristão, enquanto cidadão deste mundo, deve se relacionar com as autoridades e superiores hierárquicos. Tais princípios são atemporais, oferecendo hoje diretrizes valiosas para a participação política e interação dos seguidores de Cristo com o Estado. Saber aplicar corretamente tais princípios é essencial para o testemunho público da Igreja, pois, do contrário, a Igreja corre o risco de adotar um modelo de envolvimento inadequado com o poder público, seja de completa subordinação ou de tentativa de dominação a ele. Desse modo, considerando que a desilusão com a política e com o poder público são características do tempo presente, assim como a secularização - que visa afastar os crentes da esfera pública, esta lição é propícia para conscientizar os jovens crentes sobre temas como engajamento político, cidadania cristã, democracia e participação profética no processo eleitoral.
Orientação Pedagógica
Prezado (a) professor(a), o que você acha de usar no Tópico II desta lição a dinâmica "tempestade de ideias"? Para tal, peça que os alunos opinem a respeito dos desafios do relacionamento do cristão com o Estado. Registre as ideias em um painel ou lousa, sem censurá-las. Essa atividade deve demorar aproximadamente 5 a 10 minutos. Na sequência, à luz do conteúdo da lição, e com base em outras pesquisas sobre o tema, explique como tais desafios podem ser vencidos segundo os princípios bíblicos.
VEJA TAMBÉM:
Lição 1 - As cartas de Pedro: vivendo em esperança e firmados na verdade – Clique Aqui
Lição 2 - Desfrutando a Alegria na Esperança da Salvação – Clique Aqui
Lição 3 - Vivendo em Santidade e Integridade – Clique Aqui
Texto bíblico
1 Pedro 2.11-23
11 Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais, que combatem contra a alma,
12 tendo o vosso viver honesto entre os gentios, para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no Dia da visitação, pelas boas obras que em vós observem.
13 Sujeitai-vos, pois, a toda ordenação humana por amor do Senhor; quer ao rei, como superior;
14 quer aos governadores, como por ele enviados para castigo dos malfeitores e para louvor dos que fazem o bem.
15 Porque assim é a vontade de Deus, que, fazendo o bem, tapeis a boca à ignorância dos homens loucos;
16 como livres e não tendo a liberdade por cobertura da malícia, mas como servos de Deus.
17 Honrai a todos. Amai a fraternidade. Temei a Deus. Honrai o rei.
18 Vós, servos, sujeitai-vos com todo o temor ao senhor, não somente ao bom e humano, mas também ao mau;
19 porque é coisa agradável que alguém, por causa da consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo injustamente.
20 Porque que glória será essa, se, pecando, sois esbofeteados e sofreis? Mas, se fazendo o bem, sois afligidos e o sofreis, isso é agradável a Deus.
21 Porque para isto sois chamados, pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas,
22 o qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano,
23 o qual, quando o injuriavam, não injuriava e, quando padecia, não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente,
INTRODUÇÃO
Nesta seção de sua carta, Pedro passa a tratar de aspectos práticos da vida cristã, especialmente sobre deveres e responsabilidades sociais. Nitidamente, a epístola petrina demonstra a dupla cidadania dos discípulos de Cristo. Ao mesmo tempo que somos chamados de peregrinos por causa de nossa cidadania celestial, Pedro conclama os crentes a se submeterem livremente a todas as autoridades legítimas, numa clara alusão à cidadania terrena. A mensagem que o apóstolo está transmitindo é que, não importa o tipo de governo humano, seja monarquia ou república, toda autoridade provém de Deus. Desse modo, o governo civil, assim como o tudo mais na vida, está sujeito à lei do Criador. Este é o tema da presente lição.
I - A CONDUTA EXEMPLAR DOS PEREGRINOS
Em tom amoroso, Pedro se dirige aos crentes como peregrinos e forasteiros. Enquanto cidadãos de uma pátria distante, os crentes precisam abster-se das paixões carnais que guerreiam contra a alma (v.11). Abster-se aqui tem o sentido de manter-se continuamente longe, afastado dos desejos pecaminosos. Por causa da sua natureza pecadora, o homem se encontra numa luta interna da carne contra o Espírito (Gl 5.17). Se por um lado, queremos obedecer a lei moral de Deus, por outro, somos inclinados a cumprir os desejos da nossa velha natureza, conforme Paulo descreve em Romanos 7.15-25. Não obstante, isso não significa que tais desejos sejam absolutamente incontroláveis e que estejamos sujeitos somente aos nossos institutos naturais. A vitória contra o pecado começa, primeiramente, com o reconhecimento de nossas fraquezas morais. O cristão não pode se esquecer das armadilhas do seu coração (Jr 17.9,10) e que as suas percepções não são plenamente confiáveis. Somente com a ajuda do Santo Espírito o crente é capaz de vencer essa guerra interna. O segredo para vencermos os desejos pecaminosos está em andarmos segundo o mover e o poder do Espírito (Gl 5.16).
A abstinência é uma virtude cristã. Uma vez exercitada, ela leva o cristão a abdicar não somente do consumos de bebidas alcoólicas e de substâncias entorpecentes, mas de toda atividade que provoque algum tipo de dependência. Numa era caracterizada pela sensualidade e por vários tipos de compulsão, inclusive de smartphones, jogos, seriados e mídias sociais, saber se privar de algumas condutas e práticas é crucial para que tenhamos uma vida de acordo com a vontade do Senhor.
Recomendado pelas Escrituras, o jejum é um importante hábito de abstinência (Mc 9.29; At 10.30). Apesar de negligenciado por alguns crentes e desconhecido por outros, o jejum é disciplina espiritual sadia, pela qual nos concentramos nas coisas espirituais em detrimento da vontade do nosso corpo físico.
Pedro prossegue instando os cristãos a manterem uma conduta exemplar no meio dos descrentes (v.12). Naquela altura, os discípulos de Jesus eram falsa e injustamente acusados de diversos crimes e delitos. Em vez de argumentar com palavras, eles deveriam provar a sua inocência e integridade moral por meio de uma vida exemplar, relevada nas boas obras. Afinal, ações valem mais que palavras, e do verdadeiro cristão espera-se que seja exemplo em tudo (1 Tm 4.12) e em todos os ambientes da sociedade.
Pense
Não deixe que pequenas derrotas contra a carne façam você perder o foco de toda a batalha espiritual.
Ponto Importante
Apesar de negligenciado por alguns crentes e desconhecido por outros, o jejum é disciplina espiritual sadia, pela qual nos concentramos nas coisas espirituais em detrimento da vontade do nosso corpo físico.
II - O CRISTÃO E O ESTADO
Seguindo o raciocínio do tópico anterior, uma importante maneira de o cristão ser exemplo é submetendo-se às autoridades constituídas. Assim como o apóstolo Paulo (Rm 13.1-3), Pedro igualmente enfatiza que toda autoridade foi estabelecida por Deus (vv.13,14). As autoridades constituídas, reis, governantes, legisladores, magistrados e outros detentores de poder, portanto, receberam de Deus delegação para exercerem suas atividades, seja para promover o bem (instituir políticas públicas, por exemplo), seja para coibir o mal (aplicar a justiça, condenar os criminosos etc). O ensino subjacente é que Deus domina sobre toda a sua criação e o objetivo desse poder é o bem de todos. Afinal, sendo um Deus amoroso, Ele zela pela ordem das coisas criadas (1 Co 14.33), pela boa convivência entre os homens (Hb 12.14) e pela obediência à sua própria lei (Jz 2.16,17).
Em nossos dias, vivendo sob um regime democrático de direito, a Igreja submete-se à autoridade e às leis emanadas do Estado. O que é o Estado? É o povo organizado política e juridicamente, que exerce sua soberania dentro de um território. Disso se denota que é incompatível com a fé cristã uma conduta de rebeldia, revolução e desrespeito à ordem pública. Por princípio, o cristão é um cidadão exemplar, pois, além de exigir os seus direitos, é cônscio dos seus deveres com a sociedade e com o poder público. Em sua conduta diária, é dever do crente atentar para o cumprimento das leis e regras impostas, não somente as de natureza penal, mas também as civis, trabalhistas, fiscais, trânsito, ambientais, eleitorais etc.
Todavia, considerando que a autoridade do Estado é delegada e derivada, a obediência a ele não é cega e sem limites. Jesus disse que devemos dar a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus (Lc 20.25). A única autoridade absoluta é Deus. Logo, sempre que o governo confrontar os princípios morais e espirituais contidos nas Escrituras, o cristão deve se preocupar em obedecer mais a Deus que aos homens (At 5.27-29). Nas Escrituras e ao longo da história muitos servos de Deus foram presos ou morreram exatamente por desobedecerem a leis e a ordens injustas de reinos e governos perversos. "A lealdade ao reino de César é condicional, mas a lealdade ao Reino de Deus é absoluta" (Bíblia de Estudo Pentecostal). O seguidor de Cristo honra ao Rei, mas teme a Deus (v.17).
Independentemente da forma de governo, o cristão é livre (v.16). A liberdade é um princípio essencial no Cristianismo, e serviu de base para a formatação dos valores do mundo Ocidental. Assim, ao se submeter à autoridade do Estado, o cristão não o faz na condição de escravo, mas de pessoa livre. Todavia, a liberdade não pode ser utilizada como pretexto para a prática de atos maliciosos. Ela jamais pode conduzir ao escândalo ou como justificava para dar lugar à carne (1 Co 8.9, Gl 5.13). Ainda que sejamos livres, nem tudo nos convém (1 Co 10.23).
III - O CRISTÃO E OS SEUS SUPERIORES
Tendo tratado do relacionamento do salvo com as autoridades, o apóstolo passa agora ao âmbito dos relacionamentos privados. Ele admoesta os servos cristãos a se submeterem aos seus senhores (v.18). Pedro emprega o termo grego oiketai, que designava o escravo doméstico, uma espécie de empregado ou servente da casa. A menção deles nas páginas do Novo Testamento é um claro indicativo da posição de igualdade humana que eles ocupavam na comunidade de fé (Ef 6.5; Fl 16; Gl 3.28). Enquanto a sociedade os tratava com desprezo, para os cristãos eles são irmãos em Cristo, dignos de receberem ensinamentos.
Numa época em que havia no Império Romano mais de 60 milhões de escravos, dentre os quais muitos cristãos, o conselho era para que eles se portassem com respeito aos seus superiores, tanto em relação aos bons quanto aos maus. Tal conselho somente pode ser compreendido pelo verdadeiro súdito do Reino de Deus, cujo padrão de comportamento é completamente inverso ao do mundo. Qualquer pessoa pode obedecer a um superior justo e humano, mas somente o cristão, por amor a Cristo, é capaz de respeitar alguém perverso e ímpio.
Por certo, hoje as relações de trabalho são muito diferentes. Os empregados gozam de maior liberdade e possuem uma série de direitos trabalhistas assegurados. Assim, ao aplicarmos o ensinamento de Pedro para a vida contemporânea, devemos ter em mente o princípio ali contido: submissão por amor ao Senhor (Ef 6.5). Portanto, o empregado cristão submete-se ao seu patrão ou chefe principalmente porque teme e ama a Deus.
Por que devemos ter esse tipo de comportamento? Porque temos em Jesus o melhor modelo de conduta diante do sofrimento e da perseguição. Mesmo tendo sido ultrajado, maltratado e injustiçado em nosso lugar, não revidou ou ameaçou seus algozes. É Ele quem o cristão deve imitar e seguir os passos. O seu ensinamento é claro: "[...] Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem!" (Mt 5.44). A lógica do seu Reino é diferente da dos homens, mas vale a pena trilhar os passos do Mestre!
Vivemos um tempo de verdadeira crise de valores e referenciais. Uma característica nociva da pós-modernidade é exatamente a perda da noção de autoridade, com alunos que não respeitam professores, filhos que se insurgem contra os pais e jovens que confrontam diretamente os mais velhos. Esse tipo de rebeldia fragiliza os relacionamentos e provoca verdadeiro caos na sociedade. Por essa razão, o princípio da submissão à autoridade que se extrai da mensagem da carta em estudo é muito atual, servindo como valiosa diretriz para a vida em comunidade.
Temos em Jesus o melhor modelo de conduta diante do sofrimento e da perseguição. Mesmo tendo sido ultrajado, maltratado e injustiçado em nosso lugar, não revidou ou ameaçou seus algozes.
SUBSÍDIO 1
"A Bíblia mostra-nos que, como cristãos, podemos viver sob qualquer forma de governo. Ainda que, como estrangeiros, nossos direitos sejam limitados no que diz respeito a esse mundo. Mas enquanto cidadãos dos céus, temos uma lealdade mais elevada, e isto deve colidir com nossas responsabilidades perante os potentados terrenos. Foi o que ocorreu quando o Sinédrio ordenou a Pedro e a João a não mais pregarem no nome de Jesus. Eles foram obrigados a declarar que lhes era necessário obedecer antes a Deus que aos homens. O próprio Jesus os tinha comissionado. Por isso, não podiam deixar de contar as coisas que haviam visto e ouvido (At 4.19,20).
Vejamos o exemplo do próprio Cristo. Num momento difícil, Ele evitou o choque com o poder imperial romano, ao recomendar: 'Dai, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus' (Mt 22.21). A Bíblia é muito clara ao afirmar que Deus instituiu as autoridades terrenas para que mantenham a ordem e a legalidade (Rm 13.1-7).
A responsabilidade do cristão, enquanto residente temporário na terra, é submeter-se de boa vontade às instituições humanas. Assim o fazemos não porque tais instituições sejam boas. Elas podem estar muito distantes do ideal bíblico. O império romano em nada diferia das ditaduras modernas. Não obstante, Pedro e Paulo exortavam aos crentes a acatarem-lhes as leis. Assim procedemos, não para agradar ao governo, mas ao Senhor" (HORTON, Stanley M. 1 e 2 Pedro: A Razão da Nossa Esperança. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, pp. 36, 37).
SUBSÍDIO 2
"Que vos abstenhais das concupiscências carnais (1 Pe 2.11)
Pedro dedicou o resto deste capítulo e o início do próximo para explicar como você e eu 'anunciamos as virtudes de Deus'. Basicamente, nós as anunciamos mais pela maneira como vivemos do que pelo que dizemos.
A primeira declaração de virtude que Pedro mencionou foi: 'abster-se das concupiscências carnais'. Uma tradução melhor sugere que o cristão deve romper claramente os impulsos 'os impulsos naturais' que o dominaram no passado. O adjetivo sarkikon, encontrado nesta expressão grega, sugere que os impulsos que Pedro tinha em mente não são impulsos para o pecado declarado, mas a inclinação natural de cada pessoa para preservar o seu bem-estar material e a sua individualidade. Pedro advertiu que esta preocupação com as coisas deste mundo 'combatem contra a alma'. Quanto mais nós nos preocupamos com o universo material, menos nos preocupamos com o espiritual. As coisas desta vida devem ter pouco valor para o cristão, cujas esperanças estão fixas no retorno de Cristo" (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Devocional da Bíblia. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p. 965).
CONCLUSÃO
É marca indelével do verdadeiro cristão o exercício da boa cidadania. O crente honra a Deus respeitando as leis do governo civil e contribuindo para o bem comum. O testemunho cristão começa em Jerusalém, mas alcança os confins do mundo (At 1.8). Assim como os cristãos primitivos abalaram o mundo de sua época, chegando a Roma, a capital política do mundo de então, ainda hoje os seguidores de Cristo tem a incumbência de agirem como sal da terra e luz do mundo, como uma religião verdadeiramente profética na esfera pública.
HORA DA REVISÃO
1) Por que a abstinência pode ser considerada uma virtude?
Porque, uma vez exercitada, ela leva o cristão a abdicar não somente do consumo de bebidas alcoólicas e de substâncias entorpecentes, mas de toda atividade que provoque algum tipo de dependência.
2) Segundo a lição, o que é o Estado?
É o povo organizado política e juridicamente, que exerce sua soberania dentro de um território.
3) Qual a postura do cristão se o governo confrontar os princípios morais e espirituais contidos nas Escrituras?
Deve se preocupar em obedecer mais a Deus que aos homens (At 5.27-29).
4) De que modo o cristão não pode usar a liberdade?
Não pode ser utilizada como pretexto para a prática de atos maliciosos.
5) Na sua opinião, qual o maior desafio do relacionamento do cristão com o Estado, hoje?
Resposta pessoal.
Lição 5 -Conselhos valiosos para a vida cristã em Família
Classe: Jovens | Trimestre: 3° de 2019 | Revista: Professor | Fonte: Lições Bíblicas de Jovens, CPAD
TEXTO DO DIA
"Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne." (Gn 2.24)
SÍNTESE
O matrimônio feliz e duradouro é aquele no qual os cônjuges compreendem seus respectivos papéis e responsabilidades à luz da Bíblia, respeitando-se mutuamente.
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA - Gn 2.19-25: Deus cria a primeira família
TERÇA - Mc 10.7-9: O homem não deve separar o que Deus uniu
QUARTA - 1 Co 7.3-6: A responsabilidade mútua do casal
QUINTA - Tt 2.4,5: O perfil da esposa cristã
SEXTA - Cl 3.19: O perfil do esposo cristão
SÁBADO - Pv 31.30: O engano da beleza
OBJETIVOS
I - DESCREVER a conduta da mulher cristã segundo as Escrituras;
II - EXPLICAR e incentivar à busca pelo padrão da verdadeira beleza;
III - APRENDER sobre os deveres conjugais do homem cristão.
INTERAÇÃO
Nas Escrituras o casamento e o relacionamento conjugal são temas altamente valorizados. Isso porque, a família não é uma criação humana, mas divina. Foi ela formulada para ser um centro de comunhão entre os cônjuges, a célula básica a partir da qual as bênção de Deus brotariam e se espalhariam sobre a terra (Gn 1.28). Todavia, para que a família seja bênção, e não maldição, núcleo de cooperação mútua e não de desavenças, requer-se que o matrimônio seja construído com estrita observância aos princípios bíblicos, e que cada cônjuge, esposo e esposa, desempenhem com fidelidade o respectivo papel que lhe foi ordenado por Deus. O declínio da família nuclear e o aumento considerável de divórcios nos tempos atuais resultam da dessacralização do matrimônio, assim como da falta de compromisso e compreensão dos deveres pelos cônjuges. Por esse motivo, os ensinamentos de Pedro sobre a vida em família permanecem relevantes.
Veja: É Lícito ao crente divorciar-se? – Clique Aqui
Orientação Pedagógica
Prezado (a) professor (a), nesta lição você terá a oportunidade de dialogar abertamente com as moças e os rapazes sobre família, casamento e responsabilidades conjugais. Será uma aula ideal para ouvir deles a percepção sobre tais temas, principalmente o matrimônio. Em um contexto social saturado de valores invertidos sobre família, é crucial levá-los a compreender e internalizar os ensinos bíblicos sobre o papel do homem e da mulher cristã dentro do matrimônio. O jovem crente precisa ter em mente que o casamento é algo sério, pois se trata de uma aliança sagrada entre duas pessoas. Não obstante, se o homem e a mulher cristã estiverem cientes de seus deveres conjugais, dispostos a se amarem e respeitarem mutuamente, colocando em prática os princípios bíblicos para a vida em família, não há porque temer o casamento. Ele será uma bênção para a glória de Deus!
Texto bíblico
1 Pedro 3.1-7
1 Semelhantemente, vós, mulheres, sede sujeitas ao vosso próprio marido, para que também, se algum não obedece à palavra, pelo procedimento de sua mulher seja ganho sem palavra,
2 considerando a vossa vida casta, em temor.
3 O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de joias de ouro, na compostura de vestes,
4 mas o homem encoberto no coração, no incorruptível trajo de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus.
5 Porque assim se adornavam também antigamente as santas mulheres que esperavam em Deus e estavam sujeitas ao seu próprio marido,
6 como Sara obedecia a Abraão, chamando-lhe senhor, da qual vós sois filhas, fazendo o bem e não temendo nenhum espanto.
7 Igualmente vós, maridos, coabitai com ela com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus co-herdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas orações.
INTRODUÇÃO
Na lição deste domingo, iremos estudar uma porção da epístola em que Pedro profere diversos conselhos sobre a vida familiar, na qual enfatiza os deveres conjugais do homem e da mulher cristã. O valor que a Bíblia atribui ao matrimônio e as obrigações que ela impõe aos cônjuges, dentro do plano de Deus, contraria frontalmente os padrões adotados pela sociedade pós-moderna, padrões estes que têm conduzido a família ao colapso.
I - A CONDUTA DA MULHER CRISTÃ
Ainda se valendo do princípio da submissão, aplicado anteriormente ao governo e aos superiores, Pedro dirige agora sua atenção para a família. Ele recomenda inicialmente que as mulheres sejam sujeitas aos seus próprios maridos (v.1). Evidentemente, tal orientação não significa uma subserviência cega, pela qual a esposa deva se colocar numa situação de servidão ao seu cônjuge, nem sugere que os homens sejam melhores que as mulheres. As Escrituras ensinam que a mulher foi criada por Deus como a auxiliadora, a companheira do homem (Gn 2.18).
Em termos bíblicos, a esposa se submete voluntariamente ao seu marido não porque o sexo feminino seja inferior ao masculino, e sim porque o esposo recebeu de Deus a autoridade do lar (Gn 3.16; 1 Co 11.3; Cl 3.18; Tt 2.5). Note que a submissão da mulher, a que Pedro alude, é em relação ao marido, dentro do casamento, e não ao sexo masculino em geral. Isso porque, a mulher é um ser criado por Deus (Gn 1.26, 27), detendo a mesma dignidade e honra humana. Na perspectiva cristã, portanto, não há distinção no status entre homem e mulher; somos um em Cristo Jesus (Gl 3.28).
É válido recordar que o Cristianismo foi responsável por elevar a mulher à condição de igualdade e dignidade social. Em muitas culturas antigas elas ocupavam posição de inferioridade, eram excluídas da vida social e até mesmo tratadas como objetos. Enquanto isso, com base nos princípios éticos extraídos das Escrituras e, principalmente no exemplo de Cristo, a cristandade sempre defendeu a valorização da mulher como imagem e semelhança de Deus. Tais ensinamentos são suficientes para rejeitar tanto o machismo quanto o feminismo presente na sociedade contemporânea. Enquanto o primeiro é uma postura que supervaloriza o sexo masculino em detrimento do feminino, o segundo é uma ideologia diabólica que distorce o papel da mulher, criando uma luta entre sexos.
A conduta respeitosa da mulher cristã para com o seu esposo é importante inclusive como uma forma de ganhar aqueles que ainda não conheciam ao Senhor. Naquele contexto, na medida em que a comunidade cristã se expandia, era comum que mulheres casadas se convertessem, enquanto seus cônjuges continuavam no paganismo. Isso provocava tensão dentro do lar, pois os maridos viam isso como uma forma de infidelidade e insubmissão. As mulheres cristãs, todavia, não deviam desonrar os seu maridos e muito menos abandoná-los. Por meio de um temor santo e um bom testemunho dentro do lar (v.2), a esposa poderia levar o seu companheiro ao pés de Cristo, mesmo sem proferir qualquer palavra.
O apóstolo preocupava-se com a salvação dos esposos incrédulos, mas também com a preservação do matrimônio. Em nossos dias, em que a instituição familiar sofre ataques de vários lados, e casais se unem em casamento como se fosse uma aventura qualquer, os cristãos continuam defendendo que o matrimônio é uma instituição sagrada. Por esse motivo, jovem, a decisão de constituir uma família deve ser tomada com muita cautela e oração, pois não se trata de um simples contrato, mas o solene ato pela qual homem e mulher se tornam uma só carne. E o que Deus uniu, não separe o homem (Mc 10.7-9).
Pense
O casamento é uma criação de Deus, e por isso deve ser valorizado como algo sagrado.
Ponto Importante
A esposa se submete voluntariamente ao seu marido não porque o sexo feminino seja inferior ao masculino, e sim porque o esposo recebeu de Deus a autoridade do lar.
II - A VERDADEIRA BELEZA
Dentro da cultura pagã havia uma preocupação excessiva com a aparência exterior. As mulheres se valiam de vários adornos e adereços, fabricados com pedras e metais preciosos, com o propósito de seduzir os homens. Contrário a esse modelo, Pedro orienta as servas de Deus a agirem de maneira diferente: "O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de joias de ouro, na compostura de vestes" (v.3). A advertência é contra a conduta vaidosa, a valorização excessiva da aparência exterior. Os dicionários definem vaidade como a ostentação das próprias características pessoais, e também como a qualidade do que é vão, inútil, sem valor. Eis o motivo pelo qual as Escrituras insistentemente exortam contra este pecado (Sl 24.4; Jó 15.31; Jr 51.18).
O envaidecimento pode se manifestar em todas áreas da vida, mas é na aparência pessoal que ele mais se revela. Se o autor sagrado tinha motivos suficientes para conscientizar a comunidade cristã ainda no primeiro século, vivendo numa sociedade que ainda desconhecia os apelos da mídia e da moda, quanto mais tem a igreja em atentar para os perigos da vaidade no Século XXI. Afinal, o tempo presente é marcado pela busca da beleza efêmera, pela supervalorização do corpo e da estética pessoal. O crescimento da indústria cosmética e dos acessórios de embelezamento mostram a devoção excessiva das pessoas em busca da aparência e do corpo ideal.
O cerne do ensino do escritor bíblico é que a verdadeira beleza não está no exterior, naquilo que é aparente, nas roupas de grife e nas joias caras e extravagantes, e sim no interior do coração (v.4). Os adornos e as roupas da moda com o tempo perecem e perdem o valor, assim como a beleza física um dia se vai. Mas o encanto que brota do interior, consistente num caráter manso e sossegado, que é precioso diante de Deus, nunca se deteriora. Por certo, isso não significa que a mulher cristã deva descuidar da sua aparência e vestuário. Afinal, uma vez que o corpo é o templo do Espírito Santo (1 Co 3.16), precisamos zelar por ele como verdadeiros mordomos, alimentando e cuidando (Ef 5.29), assim como usando as roupas adequadas.
Na vida cristã, caráter e conduta valem mais do que a aparência estética. Todavia, aquilo que trajamos revela o que há dentro de nós, bom ou ruim. Assim, a mulher cristã é aconselhada a se vestir com modéstia e discrição (1 Tm 2.9,10). Com graça e elegância, pode-se revelar um viver lindo e transformado por Cristo, tendo como modelo as santas mulheres de Deus.
Pense
A verdadeira beleza de uma pessoa se revela nas suas atitudes.
Ponto Importante
A verdadeira beleza não está no exterior e sim no interior do coração.
III - A CONDUTA DO HOMEM CRISTÃO
Pedro não restringe seus conselhos às mulheres; ele também se dirige aos maridos cristãos. A palavra "igualmente' (v.7) denota que, assim como a mulher, o homem tem as suas responsabilidades matrimoniais, porquanto o casamento exige obrigações recíprocas entre os cônjuges. O fato de o homem ser o detentor da autoridade familiar, aliás, lhe exige maiores responsabilidades, começando por saber exercê-la com sabedoria. O esposo e pai cristão deve governar sua casa com autoridade e não com autoritarismo, falta de respeito e truculência. O homem é o líder, não o ditador do lar. Por meio do exercício correto do poder que lhe fora confiado por Deus, o homem cumpre fielmente o papel de governante, protetor e provedor do lar (1 Tm 3.4; 5.8), não somente no aspecto material, mas também espiritual e emocional.
Considerando que o marido cristão ocupa a posição de autoridade do lar, Pedro os instrui a conviver com entendimento com suas esposas, dando-lhes a devida honra, como vaso mais fraco. O primeiro ensinamento que flui dessa passagem é a importância da convivência familiar. O trabalho e os afazeres do dia a dia, até mesmo os eclesiásticos, não podem tirar a atenção e o cuidado devido à esposa. Coabitar com entendimento implica constante diálogo e comum acordo, visando o bem-estar de toda a família.
Em segundo lugar, o esposo cristão é instado a tratar sua mulher com consideração e respeito, pois ela é merecedora de honra, como um verdadeiro presente de Deus. Tal tratamento somente será possível se colocado em prática o mandamento bíblico direcionado aos maridos de amarem suas esposas, tendo como referência não o amor do mundo, mas o amor de Cristo pela Igreja (Ef 2.25).
O terceiro aspecto subentendido no texto é que o marido cristão precisa considerar as características femininas: a sua condição física e emocional. Ao se referir à mulher como "vaso mais fraco" Pedro não está desmerecendo o sexo feminino, e sim chamando a atenção para que o esposo cuide com esmero e carinho da sua companheira, como um delicado vaso de porcelana, o que sugere apoio, cortesia, cavalheirismo e compreensão. Isso se aplica a todos os âmbitos do relacionamento, inclusive sexual (1 Co 7.3).
O autor reforça a igualdade entre homem e mulher à luz das Escrituras ao dizer que ambos são coerdeiros da graça divina. A salvação e as bênçãos espirituais não são privilégios dos homens, pois Deus não faz acepção de pessoas. Mais um motivo para Pedro advertir os homens sobre a importância do tratamento dispensado à esposa, sob pena de as orações serem impedidas de chegar a Deus. Em outras palavras, a relação matrimonial tem consequências espirituais. A oração não tem efeito quando falta respeito e cumplicidade no lar!
Pense
"Tanto os homens quanto as mulheres que são crentes são parceiros na graça da vida que é dada por Deus - a vida eterna" (Comentário do Novo Testamento de Aplicação Pessoal).
Ponto Importante
Por meio do exercício correto do poder que lhe fora confiado por Deus, o homem cumpre fielmente o papel de governante, protetor e provedor do lar, não somente no aspecto material, mas também espiritual e emocional.
SUBSÍDIO
"A família tem sido atacada no lado espiritual, com as investidas satânicas que propõem a sua destruição. Grande parte das famílias, em todo o mundo, não tem estrutura para enfrentar as mudanças rápidas e desintegradoras das famílias. A falta de Deus é o inimigo número 1 do lar. Ele se revela quando o ambiente em casa é destituído de espiritualidade. Quando Deus está presente no lar, sente-se uma atmosfera diferente, agradável e santa. O pai e a mãe se unem aos filhos para servirem ao Senhor. Deus é o hóspede invisível, mas real, que domina o ambiente da família. Em cada canto da casa, pode-se sentir Deus. Há harmonia entre todos. Há louvores. Há devoção sincera ao Senhor. As coisas de Deus são colocadas em primeiro lugar e o lar é uma continuação da igreja. Por outro lado, quando Deus não está no lar, sente-se que o ambiente é carnal, pesado, cheio de manifestações mundanas. As coisas materiais estão em primeiro lugar. Só pensam em prazeres materiais, riquezas, dinheiro, diversão e coisas mundanas! A casa é uma continuação mundo!
[...] É interessante que os que vão constituir família convidem Jesus para se fazer presente no seu lar, mesmo antes de se casarem" (RENOVATO, Elinaldo. A Família Cristã e os Ataques do Inimigo. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p. 66).
CONCLUSÃO
Aprendemos nesta lição que, não obstante o homem seja a autoridade do lar, ele tem a responsabilidade de amar, honrar e respeitar a sua esposa. Enquanto isso, a mulher, sujeita-se voluntariamente ao esposo, porque isso é agradável a Deus. Desse modo, quando o casal se ama e se respeita mutuamente, dentro de um clima de comunhão e de compreensão, a morada é abençoada por Deus (Pv 3.33).
HORA DA REVISÃO
1) Por que a esposa cristã se submete ao esposo?
Porque o esposo recebeu de Deus a autoridade do lar.
2) Segundo Pedro, onde está a verdadeira beleza?
A verdadeira beleza não está no exterior, naquilo que é aparente, nas roupas de grife e nas joias caras e extravagantes, e sim no interior do coração.
3) De que forma o esposo e pai cristão deve governar sua casa?
Com autoridade e não com autoritarismo, falta de respeito e truculência.
4) Qual a intenção de Pedro ao chamar a mulher de "vaso mais fraco"?
Sua intenção é chamar a atenção para que o esposo cuide com esmero e carinho da sua companheira, como um delicado vaso de porcelana, o que sugere cortesia, cavalheirismo e compreensão.
5) De que forma o cristão solteiro pode se preparar para o casamento?
Resposta pessoal.
Marcadores: Família
Lição 6 - A Razão da Nossa Esperança
Classe: Jovens | Trimestre: 3° de 2019 | Revista: Professor | Fonte: Lições Bíblicas de Jovens, CPAD
TEXTO DO DIA
"Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós." (1 Pe 3.15)
SÍNTESE
Diante das injustas perseguições, os cristãos devem se preparar para dar a razão da esperança cristã.
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA - Gn 3.12-17: Sofrimento, consequência da liberdade mal utilizada
TERÇA - Lc 21.12-17: Jesus diz que os cristãos serão odiados e perseguidos
QUARTA - 2 Tm 2.3: Sofre as aflições como bom soldado
QUINTA - Rm 8.22: A criação sofre
SEXTA - Jo 16.33: No mundo tereis aflições
SÁBADO - 1 Co 15.35-58: Esperando a plena glorificação
OBJETIVOS
I - DESCREVER as qualidade da vida cristã;
II - REFLETIR acerca da questão do sofrimento;
III - SABER como defender a razão da esperança cristã.
Interação
Em todas as direções que olhamos, presenciamos dor e sofrimento. Apesar do avanço da ciência e das inúmeras comodidades inventadas pelo homem nos últimos séculos, trazendo melhores condições de vida, a dor física e emocional permanece como uma realidade perturbadora para o ser humano. Diariamente, a mídia noticia uma série de acontecimentos trágicos, violência, assassinatos, acidentes de trânsito, doenças e muitos outros eventos dolorosos. Como o cristão se porta diante do sofrimento? Sabendo que o sofrimento tem uma origem espiritual, decorrente da Queda no Éden, e que será aniquilado somente no fim de todas as coisas, o cristão usa a esperança, a fé, o consolo de Deus e o amparo dos irmãos para passar pelas tribulações nesta terra.
Orientação Pedagógica
Prezado (a) professor (a), o sofrimento do cristão é um dos temas centrais da Epístola petrina. Este assunto, como sabemos, é um tema delicado e complexo, pois envolve profundas questões teológicas, filosóficas e emocionais. Nesta lição, como forma de preparar o caminho para a lição seguinte, é interessante entender o contexto mais amplo, proporcionando aos seus alunos uma reflexão teológica sobre o "problema do mal" no nível intelectual. O propósito é munir os seus alunos com fortes argumentos apologéticos, para que a fé e a esperança deles estejam bem alicerçadas. Contudo, como escreveu Josh McDowell "os jovens cristãos de hoje precisam muito mais do que uma postura estritamente modernista, que apela para o intelecto. Precisam muito mais do que o ponto de vista pós-moderno, que rejeita a verdade e exalta a experiência pessoal" (Razões para Crer, CPAD, p. 33). Eles precisam ser ajudados a entender que o Evangelho é verdadeiro, mas também é significativo e relevante para a vida. Assim, para esta lição, recomenda-se a leitura dos capítulos 1 e 16 do livro Razões para Crer: Argumentos a Favor da Fé Cristã.
Texto bíblico
1 Pedro 3.8-17; 4.1,2
1 Pedro 3
8 E, finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, amando os irmãos, entranhavelmente misericordiosos e afáveis,
9 não tornando mal por mal ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo, sabendo que para isto fostes chamados, para que, por herança, alcanceis a bênção.
10 Porque quem quer amar a vida e ver os dias bons, refreie a sua língua do mal, e os seus lábios não falem engano;
11 aparte-se do mal e faça o bem; busque a paz e siga-a.
12 Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos, atentos às suas orações; mas o rosto do Senhor é contra os que fazem males.
13 E qual é aquele que vos fará mal, se fordes zelosos do bem?
14 Mas também, se padecerdes por amor da justiça, sois bem-aventurados. E não temais com medo deles, nem vos turbeis;
15 antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós,
16 tendo uma boa consciência, para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, fiquem confundidos os que blasfemam do vosso bom procedimento em Cristo,
17 porque melhor é que padeçais fazendo o bem (se a vontade de Deus assim o quer) do que fazendo o mal.
1 Pedro 4
1 Ora, pois, já que Cristo padeceu por nós na carne, armai-vos também vós com este pensamento: que aquele que padeceu na carne já cessou do pecado,
2 para que, no tempo que vos resta na carne, não vivais mais segundo as concupiscências dos homens, mas segundo a vontade de Deus.
INTRODUÇÃO
A questão do sofrimento é tão antiga quanto a história da humanidade. "Por que sofremos?" é uma pergunta perturbadora, que leva o homem a questionar vários aspectos da vida, inclusive a existência de Deus. Nesta lição, veremos que a conduta reta e virtuosa, apesar de prevenir uma série de infortúnios, não isenta o cristão do sofrimento.
I - AS QUALIDADES DA VIDA CRISTÃ
Tendo direcionado uma série de conselhos para grupos específicos dentro da igreja (cidadãos, servos, esposas e esposos), agora Pedro se volta para os crentes em geral. A palavra "finalmente", empregada no versículo 8, indica a conclusão não da carta, mas do raciocínio que acabara de empregar, apresentando uma síntese das implicações da submissão no relacionamento entre os crentes. Podemos perceber que o apóstolo está reunindo em poucas palavras as qualidades morais e espirituais da vida cristã, a começar pela unidade. Recomenda que os crentes tenham "um mesmo sentimento", ou seja, seu propósito é que os cristão vivam em harmonia e união uns com os outros (Ef 4.3; Fp 2.2). A metáfora do corpo usada por Paulo é elucidativa a esse respeito (Rm 12). Apesar de cada membro possuir a sua individualidade, quanto à forma de operar, formamos um só corpo em Cristo. Cada parte é diferente em si, mas o corpo só funciona adequadamente se houver cooperação e relacionamento harmonioso entre todos.
Outra qualidade do comportamento genuinamente cristão é a simpatia. A palavra grega sympathês traduzida nesta passagem por compassivos tem o sentido de colocar-se no lugar do outro. Ser simpático, portanto, é muito mais que ser cordial e atencioso; consiste numa virtude que expressa solidariedade e compaixão pelo próximo. Virtude esta que deve ser seguida da prática do amor fraternal, com os corações cheios de misericórdia e humildade. Ao encorajar, no verso 9, que os crentes não tornem o mal por mal ou injúria por injúria, Pedro realça outra qualidade cristã: o perdão. A característica do cristão é perdoar a outros da mesma forma que foi perdoado (Ef 4.32). Somente com o amor depositado em nossos corações, deixamos de revidar e de retribuir com a mesma moeda a ofensa recebida. A frase "não levo desaforo para casa", não deveria encontrar espaço no vocabulário cristão.
Pedro recorre à citação do Salmo 34.12-15 com o propósito de acrescentar à sua lista de virtudes o cuidado com a língua: "Porque quem quer amar a vida e ver os dias bons, refreie a sua língua do mal, e os seus lábios não falem engano" (v.10). Encontramos aqui um verdadeiro princípio de sabedoria para a vida, pois quem guarda a sua boca e fala somente o necessário evita muitos dissabores e sofrimentos (Pv 12.13; 21.23). De forma contundente, Tiago advertiu que aquele que se considera religioso, mas não consegue conter a sua língua, engana-se a si mesmo; e a sua espiritualidade não tem valor algum (Tg 1.26).
II - A QUESTÃO DO SOFRIMENTO
Apesar de elencar uma série de qualidades para a conduta do cristão, o apóstolo Pedro sabe que isso não é suficiente para isentar os justos das provas e perseguições na vida. Ora, tomar decisões adequadas e viver piedosamente ajuda a prevenir muitos dissabores, mas ainda assim o sofrimento é inevitável. Eis o motivo pelo qual Pedro indaga: "E qual é aquele que vós fará mal, se fordes zelosos do bem?" (v. 13). Trata-se de uma pergunta retórica, a fim de enfatizar a importância de uma postura de zelo pelas coisas corretas. Afinal, espera-se que os justos sejam recompensados enquanto os desordeiros e irresponsáveis recebam a merecida punição. No entanto, vivendo em um mundo caído e de valores invertidos, pessoas íntegras sofrem injustiças e passam por provações, enquanto ímpios prosperam (Sl 73). Com efeito, Pedro estava preparando os crentes daquela época para as provações que lhes sobreviriam. Em vez de se sentirem amedrontados e alarmados com as ameaças que usualmente recebiam dos seus perseguidores, os cristãos são encorajados a recordar que são bem-aventurados ao padecerem por causa da justiça (v. 14). Não há nenhum louvor em sofrer justamente pelos erros cometidos, mas há grande alegria em padecer por fazer a coisa certa. Ao contrário do que afirmam os teólogos da prosperidade e do triunfalismo espiritual, vida cristã não significa ausência de provações e lutas. Basta olharmos para a galeria de heróis da fé de Hebreus 11, para percebermos que muitos deles foram torturados até à morte, açoitados, acorrentados, apedrejados e estiveram famintos no deserto.
Para os acusadores do Cristianismo, o mal é um argumento da inexistência de Deus. Os ateus e agnósticos, que não conseguem entender a questão do sofrimento - mas também não oferecem qualquer resposta satisfatória, indagam: se Deus é onipotente, por que permite que pessoas inocentes sofram? Se Ele é onisciente, por que não intervém? O simples fato de o ser humano inquirir acerca do sofrimento, a maldade e as injustiças do mundo, indica a natural percepção de que algo se encontra com defeito, fora do propósito para o qual fora planejado. Ficamos perplexos com o sofrimento porque, originariamente, a raça humana não foi criada para sofrer. Deus é bom e Todo-Poderoso, e criou criaturas boas com a capacidade de tomarem decisões livres. Todavia, o mau uso dessa liberdade levou o primeiro casal e toda a humanidade à Queda (Rm 5.12).
A desobediência no Éden, além de afastar o homem do Criador, introduziu a morte, a angústia, a dor e toda sorte de males que provocam o sofrimento. Somente em um mundo, onde o homem não tivesse liberdade, o sofrimento não existiria. Isso porque, é logicamente incompatível um mundo no qual o homem possa decidir entre o bem e o mal e ao mesmo tempo não ser afetado pelas consequências de sua decisão. A liberdade de colocarmos a mão no fogo, por exemplo, resulta em queimadura e dor. A completa ausência do sofrimento pressupõe a inexistência da liberdade humana. Porém, Deus não criou robôs, e sim pessoas livres. O sofrimento, portanto, além de ser o resultado da distorção da liberdade, é algo que se encontra dentro da permissão de Deus, que pode ser utilizado para ensinar e disciplinar o ser humano.
Além de responder intelectualmente ao problema do mal presente no mundo, a fé cristã oferece consolação na tormenta. Ainda que Deus permita o sofrimento, Ele não fica indiferente à dor humana. A maior prova disso é que o Pai enviou seu Filho Unigênito para sofrer pelos nossos pecados (Jo 3.16; Rm 5.8), oferecendo-se em sacrifício no Calvário. E assim, a cruz é a maior prova de que Deus é sensível ao nosso sofrimento. Por esse motivo, o apóstolo refere-se repetidas vezes ao padecimento de Jesus, a fim de nos recordar de que Deus, em Cristo, morreu por nós. Para Pedro, o mais importante não é saber a causa cósmica do sofrimento, e sim como devemos reagir a ele. E isso começa com a compreensão de que Deus está ao nosso lado em momentos de angústia, levando-nos a aprender com o sofrimento. Paulo disse que devemos nos gloriar também na tribulação, sabendo que a tribulação produz a paciência; e a paciência a experiência, e a experiência a esperança (Rm 5.3,4).
III - A DEFESA DA NOSSA ESPERANÇA
Em seguida (3.15), Pedro fornece um dos conselhos mais primorosos do Novo Testamento, no qual enfatiza o segredo para o povo de Deus enfrentar a perseguição e responder aos ataques contra a fé.
Diante da hostilidade, a primeira e mais importante atitude do cristão é santificar a Cristo em seu coração. Antes de qualquer coisa, Jesus deve ser consagrado e reverenciado no interior do nosso ser, de modo a ocupar a primazia de nossa existência. Em segundo lugar, o crente é instado a estar sempre preparado para responder (gr. apologia) sobre a razão da sua esperança. No original, a palavra apologia tem o sentido de discurso de defesa e justificação de algo. Assim, se alguém lhes perguntasse por que eles se consideravam cristãos - um grupo inexpressivo de religiosos à época, os crentes deveriam estar prontos para argumentar em defesa da fé que professavam. Tal prontidão deveria ser permanente, não importando o momento ou a circunstância.
Desde a Igreja Primitiva, os ataques e objeções ao Cristianismo nunca cessaram. A apologética cristã, portanto, não é responsabilidade exclusiva dos pastores e teólogos cristãos; todo aquele que professa essa fé viva e genuína deve ser capaz de explicar aos outros os motivos pelos quais acredita nas convicções cristãs. Cada crente é convocado a dar razões intelectuais sobre a veracidade do Cristianismo, demonstrando não ser a fé cristã um salto no escuro, mas uma visão de mundo plausível e consistente com a racionalidade. Ao mesmo tempo, o testemunho do Espírito Santo e a experiência real que sentimos em Cristo, nos habilita a dar aos descrentes as razões pessoais da esperança que há em nós. Antes de sabermos no que cremos, sabemos em quem cremos!
É importante observar que Pedro apresenta o jeito adequado de respondermos aos descrentes: com mansidão e temor. A apologética cristã jamais deve ser usada com altivez e em clima de beligerância. O seu propósito não é vencer debates, e sim conduzir as pessoas ao Evangelho. Afinal, ganhar uma alma é mais valioso que ganhar uma discussão. Mesmo que os descrentes sejam hostis em seus ataques, o cristão defende as suas convicções com gentileza e cordialidade. Com mansidão e reverência cativamos e conquistamos os outros, por meio de uma apologética testemunhal.
SUBSÍDIO
"Aqueles que repudiam a crença religiosa por causa do mal banalizam o sofrimento e a fé admirável e invejável de quem sofre, sobretudo quando aqueles que sofrem permanecem firmes e encontram motivos de esperança em face do sofrimento por conta da presença e bondade de Deus para com eles. É muito mais intrigante quando as pessoas de orientação naturalista sofrem com graça e coragem. Ao que será que atribuem sua resistência no sofrimento? Qual é a fonte de sua força? Não é mais fácil os crentes que sofrem explicarem a fonte de sua força de sua coragem, consolo e graça em Deus? Os céticos que ridicularizam a crença que Deus existe e que Deus tem razões moralmente suficientes para permitir males terríveis tacitamente zombam da fé vibrante e autêntica dos crentes verdadeiros que experimentam males terríveis e, ainda assim aprendem a amar e confiar em Deus ainda mais. Talvez a profundidade da crença entre os crentes que sofrem seja um sinal indicador de uma realidade que os não crentes ainda têm de experimentar" (GEISLER, Norman L; MEISTER, Chad V. (eds.). Razões para Crer: Apresentando Argumentos a Favor da Fé Cristã. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p. 281).
CONCLUSÃO
A maneira mais eficaz de demonstrarmos a razão da nossa esperança aos descrentes e àqueles que questionam a nossa fé é mediante a nossa conduta pessoal. Argumentos teóricos e teológicos são importantes, mas, a menos que sejam corroborados pelo nosso testemunho de vida e no poder do Espírito, não passarão de palavras vazias. Tal testemunho ganha ainda mais valor quando mantemos a fé inabalável em tempos de sofrimento e perseguição.
HORA DA REVISÃO
1) Qual o propósito de Pedro ao orientar os crentes a terem "o mesmo sentimento"?
Seu propósito é que os cristão vivam em harmonia e união uns com os outros.
2) Qual é a palavra original empregada por Pedro traduzida por "compassivos" em 1 Pe 3.8, e qual o seu sentido?
A palavra grega sympathês traduzida por "compassivos" tem o sentido de colocar-se no lugar do outro. Ser simpático, portanto, é muito mais que ser cordial e atencioso; consiste numa virtude que expressa solidariedade e compaixão pelo próximo.
3) O fato de o ser humano inquirir acerca sofrimento, da maldade e das injustiças do mundo indica o quê?
Indica a natural percepção de que algo se encontra com defeito, fora do propósito para o qual fora planejado.
4) Qual a maior prova de que Deus não fica indiferente ao sofrimento humano?
A maior prova disso é que o Pai enviou seu Filho Unigênito para sofrer pelos nossos pecados.
5) Segundo Pedro, de que forma devemos responder àqueles que indagarem a razão da nossa esperança?
Com mansidão e temor.
Lição 7 - Alegria em Meio à Dor
Classe: Jovens | Trimestre: 3° de 2019 | Revista: Professor | Fonte: Lições Bíblicas de Jovens, CPAD
TEXTO DO DIA
"Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis." (1 Pe 4.13)
SÍNTESE
Ao experimentar a dor, o crente fiel não é levado ao desespero e à perda do sentido da vida, mas se alegra verdadeiramente em Deus.
Agenda de leitura
SEGUNDA - Tg 1.2-4: Alegrando-se na provação
TERÇA - 2 Tm 3.12: Perseguidos por amor a Cristo
QUARTA - Is 43.2: O fogo não vos queimará
QUINTA - At 16.22-33: Louvando a Deus, a despeito da perseguição
SEXTA - 2 Co 4.17: A momentânea tribulação não se compara à glória futura
SÁBADO -Rm 12.12: Alegrai-vos na esperança
Objetivos
I - EXPLICAR o sentido da alegria cristã diante do sofrimento;
II - MOSTRAR as tristes consequências da conduta desonrosa;
III - COMPREENDER o atual contexto de perseguição ao Evangelho e o sofrimento dos jovens.
Interação
A forma como o Cristianismo encara o sofrimento é completamente distinta das demais religiões e visões de mundo. Diante da calamidade, os cristãos são aconselhados a se alegrarem, não pelo sofrimento em si, mas porque temos a garantia de eterna presença e consolo de Deus. Havemos de convir que é um conselho um tanto incomum. Mas, é exatamente esse tipo de postura que fortalece e prepara o cristão para caminhar na jornada para o céu, para a morada eterna com Deus. Esse princípio norteou a Igreja ao longo da sua existência, fazendo-a passar por terríveis períodos de perseguição. Para quem a vida não tem qualquer sentido, o sofrimento leva ao desespero. Mas, para o cristão, cujo propósito da vida se firma em Deus, o sofrimento por causa da justiça o conduz para mais próximo do Criador. O sofrer nos ensina que a vida é frágil, passageira e que estamos sujeitos a acontecimentos que estão além das nossas forças. Por isso mesmo, dependemos de Deus!
Orientação Pedagógica
Prezado (a) professor(a), nesta lição prosseguimos falando sobre o tema do sofrimento. Enquanto na lição passada enfocamos o aspecto teórico, nesta é importante enfatizar o lado prático da dor. Afinal, não adianta ter respostas intelectuais para a questão; é necessário aplicá-las à vida. Como um conselheiro cristão, ouça os dramas e as angústias dos jovens, ensinando-os a suportarem com esperança e alegria os momentos difíceis. Nesta aula, peça para um dos alunos expor algo que o tenha afligido, e qual o sentimento dele em relação a isso. Qual foi a primeira reação? Querer deixar a igreja ou pedir o socorro de Deus? Reflita por alguns minutos nesse tema com a classe. Explique que muitos acabam escolhendo a primeira opção, acreditando que Deus as abandonou. Mas, essa é a decisão errada. Pelas Escrituras temos a garantia de que Deus caminha ao nosso lado quando enfrentamos o infortúnio, e tem uma gloriosa recompensa àqueles que perseveram até o fim.
Texto bíblico
1 Pedro 4. 12-16
12 Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós, para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse;
13 mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis.
14 Se, pelo nome de Cristo, sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória de Deus.
15 Que nenhum de vós padeça como homicida, ou ladrão, ou malfeitor, ou como o que se entremete em negócios alheios;
16 mas, se padece como cristão, não se envergonhe; antes, glorifique a Deus nesta parte.
INTRODUÇÃO
Se você perguntar a qualquer pessoa, em perfeitas condições, se ela aprecia a dor ou se gosta de sofrer, a resposta certamente será não. Ninguém aprecia os infortúnios, nem mesmo os cristãos. Todavia, diferentemente dos descrentes, aqueles que conhecem ao Senhor encaram o sofrimento de uma maneira peculiar. Ao experimentar a dor, o crente fiel não é levado ao desespero e à perda do sentido da vida, mas se alegra em Deus, pois o sofrimento está no âmago da fé cristã. Este é o conselho que Pedro dá em sua carta, tema da presente lição.
I - A ALEGRIA DE SOFRER COMO CRISTÃO
Nesta seção, ao retomar o tema do sofrimento Pedro diz aos crentes para não estranharem a ardente prova que sobreviria sobre eles. A expressão ardente, como se passando pelo fogo, evidencia que não era um infortúnio qualquer, mas um processo doloroso de provação. A mensagem subjacente é que os discípulos de Jesus não devem se surpreender com o sofrimento, mas tê-lo como algo certo na vida. Consequentemente, o legítimo ensino bíblico rejeita as teologias triunfalistas que negam as provações e "profetizam" somente as bênçãos materiais sobre a vida dos cristãos. Embora os salvos sejam verdadeiramente abençoados por Deus com as bênçãos celestiais (Ef 1.3), no plano terreno estamos sujeitos a uma série de perdas e infortúnios, como perseguições sociais (cf. Tg 2.6), doenças (cf. Tg 5.14), crises emocionais, desemprego e afins (cf. 1 Pe 1.6; At 14.21,22). Somente quem desconhece ou distorce o Evangelho estranha o sofrimento por amor a Cristo!
Em vez de espanto e perplexidade, os leitores da Carta deveriam se alegrar. Conselho semelhante foi dado por Tiago em sua epístola (Tg 1.2). O cristão não se regozija pelo sofrimento em si, mas porque o experimenta na condição de representante de Cristo na terra. Era importante que a comunidade de salvos percebesse o bom propósito de Deus por trás daquela tribulação, como uma forma de provar a qualidade da fé e conduzir ao amadurecimento do caráter cristão. A passagem do cristão pelo fogo pode ser comparada ao trabalho com uma forja quente, no qual o metal é moldado, refinado e purificado. Para o homem carnal, que não conhece as coisas do Espírito, esta é uma verdade difícil de ser compreendida. Sentir alegria mesmo em meio à aflição parece um contrassenso que somente as pessoas espirituais são capazes de compreender. É que a alegria cristã independe das circunstâncias e do nosso estado emocional. Ela decorre da presença do Espírito Santo que habita no interior de cada crente. É uma dimensão do fruto do Espírito (Gl. 5.22). Mesmo perseguido e preso, o apóstolo Paulo alegrou-se em Deus, cantando (At 16.22-33). O homem sem Deus, para quem o propósito da vida é a felicidade e o bem-estar, quando o sofrimento chega, perde completamente o sentido da sua existência. Enquanto isso, o salvo, embora não deseje a dor, sabe que cedo ou tarde ela aportará em sua vida. Mais importante, somos sabedores que Deus caminha conosco dentro da fornalha da vida!
Os crentes deveriam se alegrar diante da perseguição, pois, além desta ser uma forma de participar das aflições de Cristo, também haveriam de se regozijar na revelação da sua glória (v.13); ou seja, quando Ele voltar. Inspirado pelo Espírito Santo, Pedro está dando tanto um consolo quanto uma garantia aos leitores da sua Carta. Aquele que se alegra com Cristo na dor, haverá de se alegrar muito mais na sua glória. Quem sofre com Ele na perseguição, reinará com Ele na glorificação (2 Tm 2.12). O apóstolo Paulo confirma essa verdade com a sublime declaração: "Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente" (2 Co 4.17). Isso nos mostra que o sofrimento precede a glória, assim como a cruz precede a coroa!
LEIA TAMBÉM:
Lição 1: AS CARTAS DE PEDRO: VIVENDO EM ESPERANÇA E FIRMADOS NA VERDADE
Lição 2: DESFRUTANDO A ALEGRIA NA ESPERANÇA DA SALVAÇÃO
Lição 3: VIVENDO EM SANTIDADE E INTEGRIDADE
II - A TRISTEZA DE SOFRER COMO UM MALFEITOR
Em seu escrito, Pedro faz questão de deixar claro que não é qualquer tipo de sofrimento que dignifica o crente fiel. Essa a razão pela qual adverte veementemente: "Que nenhum de vós padeça como homicida, ou ladrão, ou malfeitor, ou como se entremete em negócios alheios" (v.15). Por certo, nenhuma dessas condutas honram o nome de Cristo. Ocorre que, naquele contexto, não era incomum criminosos se infiltrarem entre os crentes dando a impressão de estarem sendo castigados por serem cristãos. Na verdade, eram crentes nominais, que professavam uma fé somente da boca para fora.
Na lista de Pedro, chama a atenção principalmente a conduta de se intrometer em negócios alheios. Apesar de ser um comportamento aparentemente menos danoso que os demais, é uma atitude de consequências trágicas. A Bíblia chama o intrometido de tolo (Pv 20.3) e o compara àquele que toma um cão pelas orelhas (Pv 26.17). Nesse caso, o sofrimento advindo da intromissão não é motivo de júbilo, e sim de tristeza.
No versículo 17, os destinatários da Epístola são chamados a atenção acerca do juízo divino. Por causa da sua justiça, Deus há de julgar todo o ser criado, a começar pela Igreja. O Senhor, afinal, não deixa impune aquele que pratica o mal e insiste no pecado. Ele não se deixa escarnecer. Todavia, embora os crentes verdadeiros sejam destinatários do julgamento divino, sendo exortados, disciplinados e corrigidos nesta terra, serão salvos (v. 18) e livres da condenação eterna. Enquanto isso, o julgamento daqueles que insistem em desobedecer ao Evangelho sofrerão eternamente. Pedro finaliza com uma mensagem de confiança. Se os cristãos padecem segundo a vontade de Deus, devem ficar tranquilos e depositar com confiança a vida nas mãos do fiel Criador. Deus cuida de nós com zelo!
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III - PERSEGUIÇÃO AO EVANGELHO E O SOFRIMENTO DO JOVEM
No Brasil, embora ainda existam empecilhos para o exercício pleno da liberdade religiosa, especialmente no ambiente público, nem de longe se comparam às perseguições suportadas pelos irmãos da Igreja Primitiva. No nosso país, existe uma perseguição velada e ideológica, pela qual cristãos são hostilizados por suas convicções e valores morais. Mas, em nível global, muitos cristãos são violentamente perseguidos. De acordo com a missão Portas Abertas, aproximadamente 215 milhões de cristãos em 50 países diferentes experimentam altos níveis de perseguição por sua fé.
Diante desses números, somos conclamados a orar pelos cristãos que vivem nesses locais de intensa perseguição ao Cristianismo. Igualmente, ao nos colocar no lugar daqueles que sofrem por causa do Evangelho, podemos comparar com a nossa própria vida. Será que o nosso infortúnio se compara à dor dos nossos irmãos que sofrem por amor a Cristo?
Ao refletirmos sobre a questão do sofrimento na Carta de Pedro, é importante recordarmos que a juventude do tempo presente está sujeita a uma série de fatores que desencadeiam algum tipo de dor psicológica. Pesquisas apontam uma geração de jovens ansiosos, depressivos e traumatizados, levando muitos ao isolamento e até mesmo ao suicídio. O número de adolescentes e jovens que tiram a própria vida tem aumentado consideravelmente nos últimos anos no Brasil e no mundo. Diante desse quadro, é importante lembrar de que as Escrituras têm um resposta para o sofrimento psíquico, pois oferece consolo e cura para as doenças da alma. Toda pessoa pode passar por um momento de fragilidade emocional, inclusive o cristão. Não obstante, com a ajuda do Consolador e de uma comunidade cristã amorosa, é possível vencer!
SUBSÍDIO
"À proporção que sofremos com Cristo, mantemos nossas consciências puras, descobrimos que temos uma nova vitória sobre o pecado. Não vai aqui nenhum pensamento de que o sofrimento limpa-nos de nossos pecados. Apenas o sangue de Jesus pode fazê-lo (1 Jo 1.7; 2.2). Mas a determinação de fazer a vontade de Deus leva-nos, através do sofrimento, a romper com o pecado de maneira que deixe de ser um hábito em nossas vidas. Os leitores de Pedro precisavam desta exortação. Como gentios, haviam feito de tudo para evitar o sofrimento. Haviam procurado viver para satisfazer as concupiscências da carne, como se isto fosse o supremo alvo da vida. Agiam como muitos hoje: tudo em prol do próprio conforto, prazer e segurança.
[...] É imprescindível que tenhamos diante de nós o fato de que Cristo não se consolou ou cuidou de si mesmo. Ele tomou o caminho mais difícil; sofreu muito por nós; seguiu até o Calvário para cumprir a vontade do Pai.
Em diferentes épocas da história da Igreja, alguns cristãos tomaram essa recomendação como um apelo ao martírio. Durante as perseguições, tudo faziam para que os inimigos de Cristo os executassem. Mas a Bíblia não encoraja a morte por Jesus tanto quanto viver por Ele" (HORTON, Stanley M. 1 e 2 Pedro: A Razão da Nossa Esperança. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, pp. 57,58).
CONCLUSÃO
A fé e a esperança em Cristo nos dão os recursos necessários para encararmos os dias maus. Temos o consolo extraordinário de um Deus amoroso que caminha conosco quando passamos pela fornalha da aflição. Lembre-se, jovem, de que o fogo da provação que atinge a sua vida não é capaz de destruí-lo (Is 43.2), mas serve para purificar e moldar o seu caráter, para que se torne cada dia mais parecido com Jesus.
HORA DA REVISÃO
1) A expressão "ardente prova" empregada por Pedro evidencia o quê?
Que os cristão não enfrentariam um infortúnio qualquer, mas um processo doloroso de provação.
2) Por que os crentes deveriam se alegrar diante da perseguição?
Pois, além se ser uma forma de participar das aflições de Cristo, também haveriam de se alegrar e regozijar na revelação da sua glória; ou seja, quando ele voltar.
3) Conforme a lição o que não era incomum no contexto em que a Carta de Pedro foi escrita?
Não era incomum criminosos se infiltrarem entre os crentes dando a impressão que estavam sendo castigados por serem cristãos.
4) Qual a atual situação da perseguição aos cristãos em nível global?
Muitos cristãos são violentamente perseguidos. De acordo com a missão Portas Abertas, aproximadamente 215 milhões de cristãos em 50 países diferentes experimentam altos níveis de perseguição por sua fé. Em 21 desses países, a porcentagem de cristãos perseguidos é de cem por cento da população cristã.
5) Na igreja, temos jovens cristãos afetados pelo sofrimento
ESCOLA DOMINICAL BETEL - Lição 1 ADULTOS