Os dons do Espírito Santo
Artigo Mauricio Berwald
“Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer” (1 Co 12.11).
Entre aqueles que receberam o batismo com o Espírito Santo no mesmo dia do Sr. Edward Lee, encontrava-se Jennie Moore, que algum tempo depois casaria com Seymour. A Sra. Moore foi a primeira mulher a receber o batismo com o Espírito Santo na cidade de Los Angeles, na casa dos irmãos Richard e Ruth Asbery, na rua Bonnie Brae, 214. Na ocasião, começou a cantar noutras línguas e a tocar piano sob o poder de Deus. Todos ficaram maravilhados (At 2.7), pois sabiam que ela nunca havia estudado música. Segundo uma testemunha ocular, Emma Cotton, aquele grupo orou durante três dias e três noites e as pessoas que conseguiam entrar na casa dos Asbery, caíam sob o poder de Deus, enquanto outras eram curadas e salvas por Jesus Cristo. O local ficou repleto de pessoas a ponto do soalho ceder, mas ninguém ficou ferido. Durante aqueles três dias, toda a cidade afluiu para observar o poder de Deus manifestado entre os seus filhos.
Uma corrente da teoria cessacionista afirma que os dons do Espírito são habilidades naturais, santificadas e aperfeiçoadas por Deus após a conversão do indivíduo. Uma outra acredita que os dons espirituais não são para os tempos hodiernos, mas estiveram restritos ao período apostólico. No entanto, ao lermos as Sagradas Escrituras, não encontramos qualquer evidência de que os dons do Espírito tenham cessado com a morte dos apóstolos e muito menos de que se trata de talentos humanos santificados. O argumento antipentecostal é fundamentado na hermenêutica naturalista, que nega qualquer elemento sobrenatural nas Escrituras. Portanto, a dedução dos cessacionistas não é possível e nem necessária como método de interpretação do Novo Testamento. A atualidade dos dons espirituais é confirmada pela Escritura e experiência cristã. No primeiro caso, podemos citar os propósitos dos dons, especificamente, o de fortalecer a Igreja (1 Co 14.3,4,26). Se os dons cessaram após a morte dos apóstolos, por que Paulo escreveria à igreja de Corinto para que buscassem ardentemente os dons e zelassem por ele, sabendo que os dons não durariam mais do que 50 anos? Não há qualquer analogia plausível para sustentar tal absurdo. A experiência pentecostal de incontáveis cristãos, em todas as épocas e lugares, é evidência complementar da atualidade dos dons conforme a verdade bíblica.
Muitos têm dificuldades de distinguir entre Dons do Espírito (plural), Dom do Espírito (singular) e Fruto do Espírito (singular). Por isso, utilize nesta lição a tabela “Paralelo Lógico”. Este recurso possibilita a comparação entre dois ou mais elementos e suas possíveis correspondências.
Concernente os dons espirituais, dois princípios devem ficar patentes. Primeiro, quando uma pessoa recebe do Senhor os dons do Espírito, não significa que ela é mais perfeita ou que é mais merecedora das bênçãos divinas do que outras. Segundo, assim como o crente não é salvo pelas obras, mas pela graça divina (Ef 2.8; Tt 3.5), os dons do Espírito são concedidos pela graça de Deus para que ninguém se engrandeça (Rm 12.6).
GENERALIDADES SOBRE OS DONS ESPIRITUAIS
Os dons espirituais são uma dotação sobrenatural concedida pelo Espírito Santo ao crente, para o serviço e execução dos propósitos de Deus na igreja e através dela. Os dons espirituais, portanto, não são qualidades humanas aprimoradas e abençoadas por Deus.
Classificação dos dons espirituais. Os dons espirituais podem ser classificados como:
Alvo e resultado dos dons (1 Co 12.7b). São propósitos dos dons espirituais:
O exercício dos dons espirituais (1 Co 14.26,32,33,40). Toda energia e poder sem controle são desastrosos. Deus nos concede dons, mas não é responsável pelo mau uso deles; por desobediência do portador à doutrina bíblica ou por ignorância desta. Portanto, os que recebem os dons devem: a) procurar saber o que a Palavra ensina sobre o exercício daquele dom em particular; b) exercer o dom segundo a Escritura; c) evitar desordens e confusões no uso dos dons.
EXPLANAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS DONS
A palavra da sabedoria (1 Co 12.8). É um dom de manifestação da sabedoria sobrenatural pelo Espírito Santo, necessário ao pastoreio, na administração e liderança.
A palavra da ciência (1 Co 12.8). É um dom de manifestação de conhecimento sobrenatural pelo Espírito Santo; de fatos, causas, ensinamentos, etc.
Discernir os espíritos (1 Co 12.10). É um dom de conhecimento e revelação sobrenaturais pelo Espírito Santo para não sermos enganados por Satanás e pelos homens.
Fé (1 Co 12.9). É um dom de manifestação de poder sobrenatural pelo Espírito Santo, a fim de que a igreja supere os obstáculos, sejam quais forem.
Dons de curar (1 Co 12.9). Literalmente, “dons de curas”. São dons de manifestação de poder sobrenatural pelo Espírito Santo para a cura das doenças do corpo, da alma e do espírito, dos crentes quanto dos incrédulos.
Operação de maravilhas (1 Co 12.10). São operações de milagres extraordinários e espantosos pelo poder de Deus, para despertar e convencer os incrédulos.
Profecia (1 Co 12.10). É um dom de manifestação sobrenatural de mensagem verbal pelo Espírito, para a edificação, exortação e consolação do povo de Deus (1 Co 14.3).
Variedade de línguas (1 Co 12.10). É um dom de expressão plural. É um milagre lingüístico sobrenatural. Nem todos os crentes batizados com o Espírito Santo recebem este dom (1 Co 12.30).
Interpretação das línguas (1 Co 12.10). É um dom de manifestação de mensagem verbal, sobrenatural, pelo Espírito Santo. Não se trata de “tradução de línguas”, mas de “interpretação de línguas”. Tradução tem a ver com palavras; interpretação com mensagem.
RESPONSABILIDADE QUANTO AOS DONS
Poder, sinais, curas, libertação e maravilhas devem caracterizar um genuíno avivamento pleno de renovação espiritual e pentecostal. No entanto, deve ser livre de escândalos, engano, falsificação, mas dentro da decência e da ordem que a Palavra de Deus preceitua (1 Co 14.26-40).
“Propósito dos Dons Espirituais: Fortalecer a Igreja.
Visto ser o propósito dos dons espirituais fortalecer a Igreja, as curas, os milagres, as línguas e a profecia não se confinam aos apóstolos, ou a umas poucas pessoas do primeiro século da era cristã. Antes, esses dons foram largamente distribuídos no seio da Igreja. Como já disse, o dom de profecia encontrava-se na igreja em Roma (Rm 12.6), Corinto (1 Co 12.10), Éfeso (Ef 4.11), Tessalônica (1 Ts 5.20) e Antioquia (At 13.1). O Novo Testamento também cita alguns indivíduos não-apóstolos, mas que eram chamados profetas ou exerciam dons de revelação: Ágabo (At 11.28; 21.10,11), Judas e Silas (At 15.32), as quatro filhas de Filipe, que profetizavam (At 21.9), e Ananias (At 9.10-19). Milagres eram operados em Corinto (1 Co 12.20) e nas igrejas da Galácia (Gl 3.5). Havia dom de línguas em Jerusalém (At 2.1-13), em Cesaréia, entre os convertidos gentios (At 10.44-48), em Éfeso (At 19.1-7), em Samaria (At 8.14-25) e em Corinto (1 Co 12-14).
O propósito de fortalecer a Igreja é particularmente verdadeiro quanto ao dom da profecia. Paulo mantém que ‘o que profetiza, fala aos homens, edificando, exortando e consolando’ (1 Co 14.3). E, novamente: ‘O que profetiza edifica a igreja’ (1 Co 14.4). Visto ser a edificação o propósito primário dos dons espirituais, como poderia alguém concluir que foram retirados da Igreja? Se esses dons edificaram a Igreja no primeiro século, por que não a edificariam no século XX? As próprias declarações da Bíblia forçam-nos a crer na sua continuidade”.Notas (DEERE, J. Surpreendido pelo poder do Espírito. RJ: CPAD, 1995, p.135.).
O cristão e sua santificação
Após o derramamento do Espírito Santo sobre os irmãos na residência dos Asbery e, como muitos ainda continuavam a freqüentar as orações, Seymour procurou um novo espaço para as reuniões. Encontrou na Rua Azusa, 312, uma estrebaria de dois andares que, em seus primeiros dias, havia sido um templo da igreja episcopal metodista africana. Em fins de abril, o edifício estava limpo e organizado para acomodar cerca de 750 pessoas. Não muitos dias depois, o mover do Espírito naquele lugar atraiu pessoas de todo mundo. Em 18 de abril de 1906, o Daily Times, jornal de Los Angeles, publicou uma reportagem de primeira página sobre o avivamento. Durante quase mil dias, milhares de pessoas de todas as partes do globo visitaram a Rua Azusa e foram profundamente tocadas pelo derramamento abrasador do Espírito Santo. Homens, mulheres, crianças, negros, brancos, hispânicos, asiáticos, ricos, pobres, analfabetos e doutores — todos foram alcançados pela promessa pentecostal de Atos 2.
No Antigo Testamento o conceito de santidade, santo ou santificado é expresso por três palavras principais: qādash, qōdesh eqādôsh. O verbo qādash ocorre 170 vezes no hebraico bíblico, com o sentido de “ser consagrado”, “ser santo”, “ser santificado”. Na primeira ocorrência do termo (Gn 2.3) significa “declarar algo santo” (Êx 20.8), mas também o estado daquele que é reservado exclusivamente para Deus (Êx 13.2). No entanto, há 470 ocorrências do substantivo qōdesh com o significado de “consagração”, “santidade”, “qualidade de sagrado”, “coisa santa”. A palavra é empregada para descrever tanto o que é separado para o serviço exclusivo a Deus (Êx 30.31), quanto o que é usado pelo povo de Deus (Is 35.8; Êx 28.2, 38). Já o adjetivo qādôsh, isto é, “santo”, “sagrado”, além de ocorrer 116 vezes é o vocábulo mais difundido entre os estudantes das Escrituras Sagradas. Em Êxodo 19.6, primeira ocasião em que se emprega o termo, designa o estado de santidade do povo de Deus (Nm 16.3; Lv 20.26), e a santidade do próprio Deus (Is 1.4; 5.16; 40.25).
Muitos não distinguem adequadamente as palavras santidade, santificação, santificar, santíssimo, santo e santuário. Portanto, apresente nessa lição um quadro com esses termos, incluindo o significado e uma referência bíblica ao vocábulo. Esse recurso deve, preferencialmente, ser usado no final do tópico “Santidade, Santificar e Santificação”. Reproduza o gráfico abaixo de acordo com os recursos disponíveis.
Salvação e santificação são as obras redentoras realizadas por Jesus no homem integral: espírito, alma, e corpo. A Bíblia afirma que fomos eleitos “desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito” (2 Ts 2.13). Esta verdade está implícita no evangelho de João 19.34, que diz que do lado ferido do corpo de Jesus fluíram, a um só tempo, sangue e água. Isto é, o sangue poderoso de Cristo nos redime de todo pecado, mas a água também nos lava de nossas impurezas pecaminosas. Cristo morreu “para nos remir de toda iniqüidade e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras” (Tt 2.14). Portanto, a salvação e a santificação devem andar juntas na vida do crente.
SANTIDADE, SANTIFICAR E SANTIFICAÇÃO
Deus é “santo” (Pv 9.10; Is 5.16), e quem almeja andar com Ele, precisa viver em santidade, segundo as Escrituras.
A santificação do crente tem dois lados: sua separação para a posse e uso de Deus; e a separação do pecado, do erro, de todo e qualquer mal conhecido, para obedecer e agradar a Deus.
A TRÍPLICE SANTIFICAÇÃO DO CRENTE
De acordo com a Bíblia, a santificação do crente é tríplice: Posicional, progressiva e futura.
O crescimento do crente “em santificação” ocorre à medida que o Espírito o rege soberanamente e, o crente, por sua vez, o busca, em cooperação com Deus: “Sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver” (1 Pe 1.15).
ESTORVOS À SANTIFICAÇÃO DO CRENTE
Estorvos são embaraços que impedem o cristão de viver em santidade. Vejamos alguns deles:
NECESSIDADE DE O CRENTE SANTIFICAR-SE
Para esse tópico aconselhamos a leitura meditativa de 2 Coríntios 7.1 e 1 Tessalonicenses 4.7.
Em muitas igrejas hoje, a santificação é chamada de fanatismo. Nessas igrejas falam muito de união, amor, fraternidade, louvor, mas não da separação do mundanismo e do pecado. Notemos que as “virgens” da parábola de Mateus 25 pareciam todas iguais; a diferença só foi notada com a chegada do noivo.
Santificação e Pentecostes
Você é participante do Espírito Santo no batismo pentecostal da mesma maneira que foi participante do Senhor Jesus Cristo na santificação”.
NOTAS (SEYMOUR, W. J. Santificados antes do Pentecostes. In KEEFAUVER, L. (ed.). O avivamento da Rua Azusa— Seymour. RJ: CPAD, 2001, p.80-3).
fonte www.mauricioberwaldoficicial.blogspot.com
Postado por mauricio berwald