ELIAS NO MONTE DA TRANSFIGURAÇÃO (1)
O relato sobre a transfiguração, conforme narrado nos evangelhos sinóticos, e um dos mais emblemáticos do Novo Testamento (Mt 1 7.1 -1 3 Mc 9.2-8; Lc 9.28-36). Além do nome de Moises, o texto coloca em evidencia também o de Elias. Entretanto, diferentemente dos outros textos ate aqui estudados, o profeta não aparece aqui como a figura central, mas secundaria! O centro e deslocado do profeta de Tisbe para o Profeta de Nazaré, Jesus. E não mais Elias. Moises, Pedro, Tiago e João, também nominados nesse texto, aparecem como figurantes numa cena onde Cristo, o Messias prometido, e a figura principal.
I - ELIAS, O MESSIAS E A TRANSFIGURAÇÃO
A palavra transfigurar, que traduz o termo grego metamorfose, mantem o sentido de mudança de aparência, ou forma, mas não mudança de essência. A transfiguração mostrou aos discípulos aquilo que Jesus sempre fora: o verbo divino encarnado (Jo 1.1; 1 7.1-5). Os discípulos observaram que o seu rosto brilhou como o sol (Mt 1 7.2). O texto revela também que suas vestes resplandeceram (Mt 1 7.2). Esses fatos põem em evidencia a identidade do Messias, o Filho de Deus.
SINOPSE DO TÓPICO ( I )
A transfiguração provou para os discípulos e para nos aquilo que Jesus sempre fora: o verbo divino encarnado.
II - ELIAS, O MESSIAS E A RESTAURAÇÃO
SINOPSE DO TÓPICO (2)
No evento da transfiguração, Moisés prefigurava a Lei e Elias os profetas.
III - ELIAS, O MESSIAS E A REJEIÇÃO
Como Jesus poderia ser o Messias se Elias ainda não havia vindo? Jesus revela então que nenhum evento no programa profético deixara de ter o seu cumprimento. Elias já viera e os fatos demonstravam isso. Elias havia sido um profeta do deserto, João também o foi; Elias pregou em um período de transição, Joao prega na transição entre as duas alianças; Elias confrontou reis (1 Rs 1 7.1,2; 2 Rs 1.1 -4), Joao da mesma forma (Mt 14.1-4). Mais uma vez fica claro: Joao era o Elias que havia de vir e Jesus era o Messias.
SINOPSE DO TÓPICO (3)
João era o Elias que havia de vir e Jesus era o Messias.
IV - ELIAS, O MESSIAS E A EXALTAÇÃO
saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fabulas artificialmente compostas, mas nos mesmos vimos a sua majestade, porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e gloria, quando da magnifica gloria lhe foi dirigida a seguinte voz: Este e o meu Filho amado, em quem me tenho comprazido” (2 Pe 1.16,1 7).
SINOPSE DO TÓPICO (4)
Jesus deixou claro que a cruz faz parte do plano divino para restaurar todas as coisas.
CONCLUSÃO
Vimos, pois, que os eventos ocorridos durante a Transfiguração servem para demonstrar que Jesus era de fato o Messias esperado. Tanto a Lei, tipificada aqui em Moises, como os Profetas, representado no texto pela figura de Elias, apontavam para a revelação máxima de Deus — o Cristo Jesus. Essas personagens tão importantes no contexto bíblico não possuem gloria própria, mas irradiam a gloria proveniente do Filho de Deus. Ele, sim, e o centro das Escrituras, do Universo e de todas as coisas (Cl 1.18,19; Hb 1.3; Fl 2.10,11).
EXERCÍCIOS
R: A transfiguração, aponta claramente para a divindade de Jesus, mostrando que Ele era o Messias esperado.
R: Podemos entender que a presença de Moises tem uma função tipológica, isto e, a sua missão apontava para Jesus Cristo, assim como a função de Elias estava relacionada a escatologia.
R: Serviu para mostrar que Joao, o batista, era o Elias profetizado, e que, portanto, o seu aparecimento era uma prova incontestável de que Jesus era oMessias esperado.
R: A exaltação do Messias revelado na transfiguração, conforme lembrou posteriormente o apostolo Pedro (2 Pe 1.16-19), era uma prova inconteste da veracidade da mensagem da cruz.
R: Resposta pessoal.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I
Subsidio Teológico
Embora a Transfiguração fosse sem duvida uma maravilhosa revelação da natureza essencial de Jesus, no contexto ela era também uma poderosa manifestação da natureza do reino que o nosso Senhor pretendia estabelecer com a sua morte.
[...] A chave para entendermos o pretenso significado da transfiguração e encontrada em Marcos 9.2, na frase ‘seis dias depois’. O que havia acontecido antes dos seis dias? Jesus havia falado sobre a sua cruz e depois a gloria, e feito uma promessa especifica: ‘Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns ha que não provarão a morte sem que vejam chegado o Reino de Deus com poder’ (Mc 9.1)≫
Não e costume de Marcos indicar um preciso relacionamento entre os eventos. A frase ‘seis dias depois’ faz intima ligação entre a transfiguração e a profecia de Cristo sobre a sua morte e ressurreição — e a promessa que fez aos discípulos de que alguns veriam ‘o Reino de Deus com poder (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-cultural do Novo Testamento. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p. 11 5).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II
Subsidio Teológico
“Embora a transfiguração fornecesse uma confirmação visível da divindade de Cristo, os discípulos, perante os quais Ele havia exibido sua gloria, ja o havia reconhecido através dos olhos da fé (Mc 8.29). Porem não haviam reconhecido a natureza do seu reino: não entendiam a implicação de tomar a cruz e seguir a Jesus a fim de receberem uma nova vida. Então Jesus transfigurou-se diante deles e, nessa transformação, eles viram ‘o Reino de Deus com poder’ (Mc 9.1). Eles viram Aquele que apareceu em sua encarnação como um homem comum, brilhar de repente com um extraordinário esplendor. O que eles viram era uma verdadeira transfiguração — uma transformação revolucionaria do estado de um ser para outro. Um estado de ser que indiscutivelmente exibia a gloria e o poder de Deus. E isso que a transfiguração redefine o reino para seus discípulos. Quando, depois da morte e ressurreição de Cristo o reino de Deus vier ‘com poder’, a característica marcante desse reino não será exércitos de anjos marchando para esmagar o poder de Roma. O reino de Deus vem com poder a fim de mudar os seres humanos comuns em seres que escolheram seguir a jesus. O reino, pelo menos ate a volta de Jesus, consistira em transformação, e não nas conquistas que eles desejavam" (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-cultural do Novo Testamento. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p. 11 5).
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-cultural do Novo Testamento. 1 .ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
MERRILL, Eugene H. Historia de Israel no Antigo Testamento: O reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 6. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
REVISTA ENSINADOR CRISTÃO
Bíblia nos diz que Elias foi levado aos céus em um redemoinho (2o Rs 2.11). Assim terminaram os dias de um dos grandes profetas que Israel conheceu.
Mas a história das participações de Elias na história sagrada não se encerraram com o seu arrebatamento. Deus o faria aparecer séculos depois,como representante dos profetas, para confirmar o ministério de Jesus.
Seu ministério causou tanto impacto em Israel que Deus disse que o profeta que precederia o Senhor Jesus viria no espírito e poder de Elias: "Mas o anjo lhe disse: Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João. E terás prazer e alegria, e muitos se alegrarão no seu nascimento, porque será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe. E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus, e irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos e os rebeldes, à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto" (Lc 1.13-17). Vamos levarem conta aqui que a expressão "no espírito e virtude de Elias" não tem qualquer vínculo com doutrinas espíritas, como algumas pessoas alegam, pois Elias foi arrebatado vivo aos céus.
Após o evento, a ninguém viram, senão a Jesus. Durante a transfiguração, os discípulos mais próximos do Senhor viram Elias e Moisés com o Senhor. Ao passo que Moisés era a confirmação da Lei de que Jesus era o Messias de Deus, Elias trouxe a representação dos profetas para confirmar igualmente a pessoa de Jesus como o Filho de Deus. Após a transfiguração, os discípulos não viram mais nem a Moisés nem a Elias, somente Jesus. Nenhum evento, por maior que seja ou mais pirotécnico que venha a ser, pode deixar de, ao final, mostrar que apenas Jesus permanece conosco. Os discípulos ficaram deslumbrados com a presença de Elias e Moisés, mas logo perceberam que eles foram embora, e que apenas Jesus ficou. Todas as coisas que temos, sejam posses, sejam dons, devem espelhar Jesus, e mesmo quando essas coisas se forem, devemos mostrar Jesus às pessoas. Mesmo em eventos cristãos, celebridades podem comparecer, mas não podem substituir a presença de Cristo nem no culto nem em nossas vidas. Ao fim de tudo, que possamos ver unicamente a Jesus, como os discípulos também o viram.
SUBSÍDIOS EXTRAS
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Se olharmos com cuidado para o que revela o texto de Marcos 9.29, observaremos algumas características do cristianismo transfigurado, isto é, que brilha. Quais, pois, seriam essas características desse cristianismo que brilha? Aqui vão algumas delas:
O expositor bíblico William Barclay em seu comentário da Epístola aos Romanos, observa que: “Não devemos adotar as formas do mundo; sem transformar-nos, quer dizer, adquirir uma nova maneira de viver. Para expressar esta verdade Paulo usa duas palavras gregas quase intraduzíveis, que requerem uma frase para transmitir seu sentido. A palavra que usa para amoldar-nos ao mundo é syschematizesthai, da raiz schema—de onde vem a palavra portuguesa e quase internacional schema —, que quer dizer forma exterior que muda de ano em ano e quase de dia a dia. O schema de uma pessoa não é o mesmo quando tem 17 anos e quando tem 70; nem quando sai do trabalho e quando está numa festa. Está mudando constantemente. E como se Paulo dissesse: Não cuideis de estar sempre em dia com todos os modismos deste mundo; não sejais ‘camaleões’, tomando sempre a cor do ambiente”.3 Por outro lado, continua Barclay em sua análise:
“A palavra que (Paulo) usa para transformai-vos de uma maneira distinta da palavra do mundo é metamorphusthai, da raiz morfé, que quer dizer a natureza essencial e inalterável de algo. Uma pessoa não tem o mesmo schema aos 17 e aos 70 anos, todavia possui a mesma morphè (essência); o macacão não tem o mesmo schema do vestido de uma cerimônia, mas possui a mesma morphê; muda seu aspecto exterior; pelo que segue sendo a mesma pessoa. Assim, disse Paulo, para dar culto e servir a Deus temos que experimentar uma mudança, não de aspecto, senão de personalidade. Em que consiste essa mudança? Paulo diria que, por nós mesmos, vivíamos kata sarka (segundo a carne), dominados pela natureza humana em seu nível mais baixo; em Cristo vivemos kata Christon (segundo Cristo) ou kata Pneuma (segundo o Espírito), sob o controle de Cristo e do Espírito. O cristão é uma pessoa que mudou em sua essência: agora vive, não uma vida egocêntrica, senão cristocêntrica. Isto deve ocorrer, diz Paulo, pela renovação da mentalidade. A palavra que ele emprega para renovação é anakainosis. No grego há duas palavras para novo: neós e kainós. Neós se refere ao tempo, e kainós ao caráter e a natureza. Um lápis recém fabricado é neós mas uma pessoa que era antes pecadora e agora e está chegando a ser santa é kainós. Quando Cristo entra na vida de um homem, este é um novo homem; tem uma mentalidade diferente, porque tem a mente de Cristo.”4
Esse espanto diante do sagrado, do totalmente outro, nós encontramos no relato da Pesca Maravilhosa (Lc 5.1-11)
Quando Pedro viu o que ocorrera, prostrou-se aos pés do Senhor e exclamou: “Retira-te de mim, porque sou pecador” (v.8). E o texto ainda diz que a admiração apoderou-se de seus companheiros! (v.9). Esse é um cristianismo que promove espanto! Que causa admiração!
O cristianismo bíblico possui ressurreição, mas também possui morte! O texto de Lucas 9.31, que é paralelo a esse e diz: “os quais apareceram com glória, e falavam da sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém.” Hoje se fala muito em “vitória”, mas nada de morte. O cristianismo contemporâneo tem pavor da morte! Não quer morrer, mas não tem vida! Só há ressurreição se houver morte! Precisamos morrer para que possamos viver.
Quando a fé cristã se resume a uma simples controvérsia teológica, então ela perdeu sua essência. O cristianismo bíblico não pode ser resumido a um mero debate de ideias. Há muita “teologia” sendo debatida por ai, mas são debates estéreis que não promovem a verdadeira edificação. Ela se resume na sua maioria a um confronto ideológico entre confissões religiosas. Cristianismo é vida, é Espírito, é a Palavra de Deus. O texto mostra que os discípulos que ficaram no vale se limitaram a debater com os escribas, e pelo visto estavam em desvantagem. Os escribas eram bons de debates teológicos, mas ineficientes em promover uma fé viva no povo. A teologia não deve servir apenas como alimento do intelecto, mas também da alma. O Senhor Jesus afirmou que “Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4.4).
GONÇALVES, José. Porção Dobrada, CPAD 2012 pag103-108.
I - ELIAS, O MESSIAS E A TRANSFIGURAÇÃO
TRANSFIGURAÇÃO DE JESUS
Ver o artigo separado sobre Transformação Segundo a Imagem de Cristo.
Outros significados, que apesar de acidentais, também são importantes, têm sido apresentados, como os seguintes:
"Os investigadores recentes se têm preocupado mais com o significado, propósito e pano de fundo da narrativa do que com suas origens históricas, porquanto muito têm a dizer-nos acerca do primitivo pensamento cristão. Assim, Herald Riesenfeld traça todos os antigos motivos e alusões em sua obra Jesus Transfigured (Copenhagen: Ejnar Munksgaard, 1947), que contém uma bibliografia completa. Conforme Riesenfeld, a história é fundamentalmente "histórica", pois relata uma visão da entronização de Jesus como Messias e Sumo Sacerdote, que Pedro e outros puderam contemplar. G.H. Boobyer, "St. Mark and the Transfiguration Story", Journal of Theological Studies, XLI, 1940, págs. 119-140, nega que isso tenha qualquer vínculo com a ressurreição. A transfiguração, em vez disso, seria a prefiguração da "parousia", da segunda vinda gloriosa de Cristo, tal como se vê em II Ped. 1:13-18 e no Apocalipse de Pedro (Sherman Johnson, in loc.).
O vocábulo grego aqui traduzido por transfiguração, em português é realmente a palavra metamorfose, que significa "mudança de forma". "Morphe" é uma das palavras gregas que significam "forma". Paulo se utilizou do mesmo termo, em Rom. 12:2, ao falar da transformação do homem interior, isto é, a vida interior do crente. A palavra morphe também foi usada para indicar a "forma" do corpo de Jesus após a sua ressurreição (ver Mar. 16: 12). A passagem de II Cor. 3: 18 usa a palavra ao aludir à história do rosto refulgente de Moisés, mas aplica essa transformação a todos os crentes. Em Fil. 2:6, o termo grego morphe se refere ao estado de Jesus antes da encarnação, e também depois, já feito "homem". É evidente que esse vocábulo fala, usualmente, da natureza essencial de alguma coisa ou pessoa. Aqui, a Bíblia diz que "(Jesus) foi transfigurado". Pode ser que a transfiguração tenha envolvido realmente uma verdadeira alteração de natureza ou substância. De fato, esta fala da transformação do homem imortal, que tem vida em si mesmo, a vida não derivada, igual à vida de Deus, que o Pai conferiu a Jesus (como homem), e que Cristo dará aos seus verdadeiros discípulos. Ver as notas no NTI que tratam das implicações destas declarações, em João 5:26 e Rorn. 8:29. O termo "morphe" é usado em relação à essência da natureza, e às vezes em contraste com a palavra "skerna", que geralmente significa a forma externa, sujeita a alterações bruscas. Skema fala de formas acidentais; morphe pode falar da natureza essencial, ou de forma externa.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol.6, Editora HAGNOS. pag.477, 478.
A exaltação de Jesus, começando com a ressurreição ate a segunda vinda, e prefigurada na transfiguração, registrada em 17. 1-13; especialmente nos vercículos e 1-8. Essa transfiguração serviu ao duplo proposito de: a. preparar o Mediador para enfrentar com coragem sua amarga prova, lembrando-o do constante amor do Pai (17.5) e da gloria que se seguiria ao seu sofrimento (Hb 12.2); e b. confirmar a fé de Pedro, Tiago e Joao – e indiretamente de toda a igreja subsequentemente - na verdade que havia sido revelada a Simão Pedro e confessada por ele, como porta-voz dos Doze (Mt 16.16).
HENDRIKSEN William. Comentário do Novo Testamento Mateus Volume 2. Editora Cultura Cristã. pag.227, 228.
A transfiguração revelou quatro aspectos da glória de Jesus Cristo o Rei. A glória de sua Pessoa. Tanto quanto sabemos pelos relatos bíblicos, essa foi a única vez que Jesus revelou sua glória de tal forma durante seu ministério aqui na Terra. A palavra traduzida por transfiguração dá origem a nosso termo "metamorfose", que significa uma mudança exterior provinda de uma transformação interior. Quando uma lagarta constrói um casulo e depois sai dedentro dele na forma de uma borboleta, deu-se um processo de metamorfose. A glória de nosso Senhor não refletiu algo exterior, mas sim, irradiou algo interior. Houve uma mudança exterior que veio de dentro de Jesus e fez com que sua glória essencial resplandecesse (Hb 1:3).
Por certo, esse acontecimento serviria para fortalecer a fé dos discípulos, especialmente de Pedro, o qual havia confessado pouco tempo antes que Jesus era o Filho de Deus. Sua confissão de fé não teria sido tão significativa se ele a tivesse feito depois da transfiguração. Pedro creu, confessou sua fé e recebeu confirmação (ver lo 11 :40; Hb 11 :6).
Muitos anos depois, João relembrou este acontecimento quando o Espírito o inspirou a escrever: "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai" 001 :14). Em seu Evangelho, João enfatiza a divindade de Cristo e a glória de sua pessoa (Jo 2:11; 7:39; 11 :4; 12:23; 13:31, 32; 20:31).
Quando veio à Terra, Jesus Cristo deixou de lado sua glória (Jo 17:5). Por causa de sua obra consumada na cruz, recebeu de volta sua glória, que hoje compartilha conosco (Jo17: 22,24). No entanto, não precisamos esperar pelo céu para participar dessa "glória da transfiguração". Quando nos entregamos a Deus, ele "transfigura" nossa mente (Rm 12:1, 2). Ao nos sujeitarmos ao Espírito de Deus, ele nos transforma (transfigura) "de glória em glória" (2 Co 3: 18). Ao examinarmos a Palavra de Deus, vemos o Filho de Deus e somos transfigurados pelo Espírito de Deus na glória de Deus.
A glória de seu reino. No encerramento de seu sermão sobre tomar a cruz, Jesus prometeu que alguns de seus discípulos veriam "o Filho do Homem no seu reino" (Mt 16:28). Selecionou Pedro, Tiago e João para testemunhar esse acontecimento. Esses três amigos e sócios (Lc 5:10) haviam acompanhado Jesus à casa de Jairo (Lc 8:51) e, posteriormente, estariam com ele no jardim do Getsêmani, antes da crucificação (ver Mt 26:37).
A glória de sua cruz. Os discípulos precisavam aprender que o sofrimento e a glória andam juntos. Pedro não queria que Jesus fosse a Jerusalém para morrer, de modo que Jesus teve de ensinar-lhe que, sem seu sofrimento e morte, não haveria glória. Sem dúvida, Pedro aprendeu a lição, pois em sua primeira epístola enfatiza repetidamente o sofrimento e a glória (1 Pe 1:6-8,11; 4:12 5: 11 ). Moisés e Elias conversaram com Jesus Seu sofrimento e morte não seriam um acidente, mas uma conquista. Pedro usa a palavra partida ao descrever sua morte iminente (2 Pe 1:15). Para o cristão, a morte não é uma estrada de mão única para o esquecimento. Antes, é uma partida, um êxodo, a libertação da escravidão desta vida para a gloriosa liberdade da vida no céu. Pelo fato de Cristo ter morrido e pago o preço, pudemos ser redimidos: comprados e libertados. Os dois discípulos de Emaús esperavam que Jesus libertasse a nação da escravidão romana (Lc 24:21). Jesus não morreu para oferecer liberdade política, mas sim para conceder liberdade espiritual: fomos libertos do sistema do mundo (Gil :4), de uma vida fútil e sem propósito (1 Pe 1:18) e da iniquidade (Tt 2:14). Nossa redenção em Cristo é decisiva e definitiva.
A glória de sua submissão. Pedro não conseguia entender por que o Filho de Deus se sujeitaria a homens perversos e sofreria voluntariamente. Deus usou a transfiguração para ensinar a Pedro que Jesus é glorificado quando negamos a nós mesmos, tomamos nossa cruz e o seguimos. A filosofia do mundo é: "salve sua vida!", mas a filosofia cristã é: "entregue sua vida a Deus!" Ao se colocar diante deles em glória, Jesus provou aos três discípulos que a entrega sempre conduz à glória. Primeiro o sofrimento, depois a glória; primeiro a cruz, depois a coroa. Cada um dos três discípulos viveria essa importante verdade. Tiago seria o primeiro dos discípulos a morrer (At 12:1, 2). João seria o último, mas enfrentaria perseguições intensas na ilha de Patmos (Ap 1:9). Pedro passaria por muitas aflições e, no final, daria sua vida por Cristo 00 21 :15-19; 2 Pe 1:12). Pedro opôs-se à cruz quando Jesus mencionou sua morte pela primeira vez (Mt 16:22ss). No jardim, usou sua espada para defender o Mestre 00 18:10). Até mesmo no monte da transfiguração, Pedro tentou dizer a Jesus o que fazer, pois queria construir ali três tendas, uma para Jesus, outra para Moisés e outra para Elias, para que todos permanecessem ali e desfrutassem a glória! Mas o Pai interrompeu a Pedro e deu permite que seu Filho amado seja colocado no mesmo nível que Moisés e Elias. A ninguém [...] senão Jesus", esse é o padrão de Deus (Mt 17:8). Enquanto descia o monte com seus três discípulos, Jesus advertiu-os a não revelar o que haviam visto, nem mesmo aos outros discípulos. Mas os três homens ainda estavam perplexos. Haviam aprendido que Elias viria primeiro em preparação para a fundação do reino. A presença de Elias no monte seria o cumprimento dessa profecia? (MI 4:5, 6).
Jesus responde a essa pergunta de duas maneiras. Sim, Elias viria conforme profetizado em Malaquias 4:5, 6, mas, em termos espirituais, Elias já havia vindo na pessoa de João Batista (ver Mt 11:10-15; Lc 1:17). A nação permitiu que João fosse executado e pediria que Jesus fosse morto. Apesar de tudo o que os líderes perversos fariam, Deus realizaria seu plano. Quando se dará a vinda de Elias para restaurar todas as coisas? Alguns acreditam que Elias virá como uma das "duas testemunhas", cujo ministério é descrito em Apocalipse 11. Outros acreditam que a profecia foi cumprida no ministério de João Batista e, dessa forma, Elias não virá outra vez.
WARREN. W. Wiersbe. Comentário Bíblico Expositivo. Novo Testamento Volume I.EDITORA Central Gospel. pag.78-80.ESTUDALICAOEBD.BLOGSPOT.COM /WWW.MAURICIOBERWALD.COMUNIDADES.NET