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PROPÓSITO DOS DONS DO ESPIRITO SANTO (2)
PROPÓSITO DOS DONS DO ESPIRITO SANTO (2)

  1. N.3 Dom não é sinal de superioridade espiritual.

 

MUITOS. A incidência dos falsos profetas c de seus discípulos, realizando todos os tipos de milagres cm nome de Cristo, não será um fenômeno isolado.

  • Naquele dia·. (Ver 11:24 e Luc. 10:12. o dia do juízo). Provavelmente essa expressão significa «o dia do Senhor», o grande dia, expressão usada pelos profetas do V.T. (que também aparece no N.T.) para indicar o grande juízo divino. (Ver fs. 2:20 e 25:9). Entre os judeus era costumeiro designar esse dia somente como aquele dia. Tinham pavor desse dia. Mal. 4:5 diz:
  • ...o dia grande e terrível do Senhor.... Mal. 3:2 se lê: Mas quem suportará o dia da sua vinda? e quem subsistirá quando ele aparecer? porque ele será como o fogo do ourives e como o sabão dos lavandeiros. e assentar-se-á, afinando e purificando a prata. A passagem de Joel 1:15 diz: «Ah! aquele dia! porque o dia do Senhor está perto, e virá como uma assolação do todo-poderoso». O trecho dc I Tes. 5:2,3 demonstra que essa ideia sobre o caráter espantoso do dia do Senhor entrou no N.T. sem sofrer grande modificação. Ver a nota detalhada sobre o ·dia do Senhor·, que inclui os acontecimentos c os sinais que o antecederão, em Apo. 19:19.

’Profecia·. Inclui a previsão sobre o futuro, mas também indica o ensino público, inspirado pelo Espírito, o ensinar com autoridade especial, exercendo o dom profético. (Ver I Cor. 12:28 e Efé. 4:11). A indicação é que tais pessoas eram mestres na igreja, autoridades religiosas. O dom da profecia é classificado—em segundo lugar, depois do apostolado. (Ver I Cor. 12:28).

...Expelimos demônios... Como o próprio Cristo fez, é um caso de poder especial. Ver nota em Marc. 5:2 sobre a questão dos demônios. Essa nota tem detalhes sobre a própria palavra c a personalidade e obra dos demônios. O mundo dos espíritos é—perfeitamente—real, e quando nosso conhecimento tiver crescido bastante, a própria ciência haverá de demonstrar o fato de que não estamos sozinhos neste mundo. Os sentidos humanos podem captar pequena fração da realidade da criação. Ê fato conhecido que pouquíssimo sabemos sobre a natureza real da criação, pois nem sabemos o que seja a matéria, algo que podemos ver c tocar. Como poderíamos negar a existência de seres e poderes mais altos do que o homem? Pouco sabemos ainda de nossa própria natureza física, quanto menos de nossa natureza espiritual. Mas ainda haveremos de aprender mais sobre esses fatos.

Muitos milagres. São palavras que mostram que o argumento dessas pessoas se baseia em três pontos principais: 1. O exercício das profecias: 2. a expulsão dos demônios: 3. outros tipos inúmeros de milagres. Todos os três pontos demonstram que haverá imitação dos poderes de Cristo e de seus verdadeiros discípulos. Mas todos eles juntos—não provam—a presença e a aprovação de Deus. Tudo pode ser mera imitação.

Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim · (João 10:14).

»DIREI explicitamente·. Palavras que fazem contraste com as palavras proferidas pelos falsos discípulos, que tanto falam de seus trabalhos, de seus milagres. As palavras de Jesus, baseadas na compreensão verdadeira da situação, mostram a verdadeira condição de tais indivíduos. Jesus não negou a realidade das obras, mas demonstrou que a fonte não é Deus. As palavras podem ter o sentido de ·proclamar abertamente», ou seja, revelar totalmente. O trecho de Mat. 10:31 diz: ·Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai que está nos céus·. Essas palavras—pressupõem—que a confissão, feita pelos discípulos de Cristo, é sincera e autêntica. Tal confissão garante a maior confissão, feita por Cristo, em favor de seus discípulos verdadeiros.

Nunca vos conheci·. A ideia não é que houve um contato com Deus que depois foi interrompido, ou que esse contato foi fraco, c. sim, que apesar das palavras e obras desses indivíduos, tal contato jamais houve. A palavra «conhecer» pode conter a ideia de um conhecimento especial de Deus, de aprovação divina, de seu amor pelas pessoas conhecidas, e não indica mera familiaridade. Esse uso da palavra pode ser visto em Rom. 8:29. As pessoas que são conhecidas por Deus dessa maneira (não como simples consciência da existência, da vida ou das decisões delas) são aquelas que Deus predestinou para serem moldadas à imagem de seu Filho. Amós 3:2 expressa a mesma ideia: «De todas as famílias da terra, a vós somente conheci». É óbvio que Deus conhece, de modo geral, todas as «famílias» ou nações do mundo, mas só Israel foi conhecido e amado de forma especial. Esses falsos discípulos nunca tiveram contato algum com Cristo. Cristo nunca os conheceu como amigos, como discípulos verdadeiros. Afirmavam fazer tudo cm nome de Cristo, mas cm realidade praticavam a «iniquidade», o que explica as palavras *...os que praticais a iniquidade».

Adam Clarkc diz neste ponto: «...quantos pregadores há que parecem profetas em seus púlpitos; quantos escritores e obreiros evangélicos, cujas obras nos admiram, mas que nada são. c que são pior do que nada diante de Deus, porque não fazem a 'sua vontade‘ a sua própria vontade! Que horrível é a situação de um homem iminente, cujos dons sobressaem, cujos talentos são fonte de utilidade pública, e que só podem servir de indicadores do caminho que leva à felicidade eterna, mostrando esse caminho ao povo, quando eles mesmos não podem andar por esse caminho!»

«.Apartai-vos de mim·. Resultado final desse tipo de vida—renúncia (não confissão) por parte do próprio Cristo. Ver Sal. 6:8 e Mat. 25:41. Jesus indica o julgamento, nessas palavras. Ver nota detalhada, em Apo. 14:11.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 336.

Falsa Profissão de Fé (7.21-23). Enquanto a advertência anterior estava particularmente voltada aos líderes religiosos, esta trata do grupo de membros dentro da Igreja. O verdadeiro teste do discipulado é a obediência. Nem mesmo a pregação e a operação de milagres em Nome de Jesus Cristo prova que uma pessoa é aceita diante de Deus. O termo demônio, diabolos (“Diabo”) é sempre singular no grego. A palavra aqui é plural, daimonia, “demônios”. A penalidade para a desobediência é a separação de Deus.

Ralph Earle. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 6. pag. 69.

Ele mostra, através de uma clara exposição de razões, que uma visível profissão de fé, embora seja digna de nota, não basta para nos levar ao céu, a não ser acompanhada por uma correspondente conduta (w. 21-23). Todo julgamento pertence ao Senhor Jesus, as chaves foram colocadas em suas mãos. Ele tem o poder de prescrever novos termos de vida ou morte e de julgar os homens de acordo com eles. Essa. é uma solene declaração que está em conformidade com esse poder. Portanto, observe que:

  1. Alei de Cristo foi estabelecida (v, 21), “Nem todos aqueles que dizem Senhor, Senhor, entrarão no reino dos céus” , no reino da graça e da glória. Esta é uma resposta ao Salmo 15.1. "Quem habitará no teu tabernáculo?” A igreja militante. E quem morará no teu santo monte? A igreja triunfante. Cristo está mostrando aqui:

(1) Que não basta dizer as palavras “Senhor, Senhor” para ter Cristo como nosso Mestre, ou para se dirigir a Ele professando nossa religião. Nas orações a Deus e nas conversas com os homens, devemos invocar o Senhor Jesus Cristo. Quando doemos "Senhor, Senhor”, estamos dizendo bem, pois é isso que Ele é (Jo 13.13). Mas será que imaginamos que isso é suficiente para nos levar ao céu, que essa expressão de formalidade deveria ser recompensada ou que Ele sabe e exige que o coração esteja presente nas demonstrações essenciais? Os cumprimentos entre os homens são uma demonstração de civilidade, retribuída com outros cumprimentos, e nunca são expressos como se fossem serviços reais. E o que dizer destes em relação a Cristo? Pode haver uma aparente impertinência na oração “Senhor, Senhor” , mas se as impressões interiores não forem acompanhadas pelas correspondentes expressões exteriores, nossas palavras serão como o metal que soa ou como o sino que tine. Isso não nos deve impedir de dizer “Senhor, Senhor” , de orar, e de sermos sinceros nas nossas orações, de professar o nome de Cristo, com toda clareza; porém jamais devemos expressar alguma forma de piedade sem o poder de Deus.

(2) Que será necessário - para nossa felicidade – fazer a vontade de Cristo, que. na verdade, é a vontade do Pai celestial. A vontade de Deus, como Pai de Cristo, é a verdade que está no Evangelho, onde Ele é conhecido como Pai do nosso Senhor Jesus Cristo e, através dele, O nosso Pai. Esta é a vontade de Deus; que creiamos em Cristo, nos arrependamos dos nossos pecados, vivamos uma rida santa e amemos uns aos outros. Essa é a sua vontade; a nossa santificação. Se não obedecermos à vontade de Deus, estaremos zombando de Cristo ao chamá-lo de Senhor, da mesma forma como fizeram aqueles que o vestiram com um manto suntuoso e disseram: “Salve, Rei dos Judeus” . Dizer e fazer são duas coisas que muitas vezes estão separadas nas palavras dos homens: existe aquele que diz: “Eu vou, senhor” , porém jamais dá sequer um passo na direção prometida (cap. 21.30). Mas Deus reuniu essas duas coisas no seu mandamento, e nenhum homem poderá separá-las se quiser entrar no Reino dos céus.

  1. O argumento dos hipócritas contra o rigor dessa lei oferece outras coisas no lugar da obediência (v. 22).

Esse argumento deve se referir àquele dia, àquele grande dia, quando cada homem irá comparecer exibindo todas as suas cores, quando o segredo dos corações irá se manifestai- e, entre outras, irão aparecer as secretas pretensões com as quais os pecadores dão suporte às suas vãs esperanças. Cristo conhece a força da causa deles, que, na realidade, não passa de uma fraqueza. O que eles agora abrigam no seu seio será revelado para impedir o julgamento e suspender o seu destino, mas isso será em vão, pois irão apresentar seu argumento com grande impropriedade. “ Senhor, Senhor” e, a esse respeito, irão apelar a Cristo com grande confiança. Senhor, não sabes: (1) “Não profetizamos nós em teu nome?”

Pode ser que sim. Balaão e Caifás foram dominados pela profecia e, contra a sua vontade, Saul se encontrou entre os profetas. No entanto, isso não bastou para salvá-los. Eles profetizaram no nome do Senhor, mas Ele não os havia enviado. Fizeram uso do seu nome apenas para servir a uma circunstância. Veja bem, o homem pode ser um pregador, pode ter os dons do ministério e até um chamado externo para exercê-lo; pode até ser bem-sucedido nisso e, ao mesmo tempo, ser um homem vil; pode ajudar os outros a ir para o céu e, no entanto, estar desqualificado e ficar fora dele. (2) “Em teu nome, não expulsamos demônios?” Isso também pode acontecer. Judas expulsou os demônios, no entanto, era filho da perdição. Orígenes diz que em seu tempo o nome de Cristo era tão prevalecente para expulsar os demônios que, às vezes, esse nome também ajudava, mesmo quando era pronunciado por cristãos indignos.

Um homem pode expulsar o demônio de outros homens e ainda ter, ou ser, o próprio demônio. (3) “Em teu nome, não fizemos muitas maravilhas?” Pode haver alguma fé nos milagres, onde não existe nenhuma fé para a justificação; nenhuma fé que opera através do amor e da obediência. Os dons de línguas e de cura podem recomendar os homens ao mundo, mas somente a verdadeira piedade e santidade serão aceitas por Deus. A graça e o amor são a maneira mais eficiente de remover montanhas, ou de falar as línguas dos homens e dos anjos (1 Co 13.1,2). A graça irá levar o homem para o céu mesmo sem milagres; porém os milagres nunca irão levar o homem para o céu sem a ajuda da graça. Observe que aqueles que confiam e colocam os seus corações na prática dessas obras, veem muitas maravilhas. Simão, o mágico, ficou atónito com os milagres (At 8.13), portanto daria qualquer quantia para ter o poder de fazer o mesmo. Veja que eles não tinham muitas boas obras para pleitear, nem podiam fingir que tinham feito muitas obras de piedade ou de caridade. Qualquer uma destas teria sido melhor para sua avaliação do que muitas e maravilhosas obras, que de nada serviriam enquanto persistissem na desobediência. Atualmente, os milagres continuam a acontecer. Mas será que o coração humano ainda encontra o encorajamento em esperanças infundadas, com seus vãos esteios? Aqueles que são descritos nesse versículo pensam que vão para o céu porque têm tido uma boa reputação entre os mestres da religião, observam o jejum, dão esmolas e têm sido promovidos na igreja, como se isso fosse suficiente para reparar seu permanente orgulho, mundanismo, sensualidade e a falta de amor a Deus e ao próximo. Betei é a sua confiança (Jr 48.13), eles se ensoberbecem no monte santo de Deus (Sf 3.11), e se vangloriam de ser o templo do Senhor (Jr 7.4). Devemos prestar atenção nos seus privilégios e performances externos para não nos enganarmos e não perecermos eternamente, como ocorre com as multidões, que seguram uma mentira em sua mão direita.

  1. A rejeição desse argumento por ser frívolo. Aquele que é o Legislador (v. 21) está aqui como Juiz e, de acordo com essa lei (v. 23), irá publicamente anular esse argumento. Irá comunicar a eles, com toda solenidade possível, a sentença emitida pelo Juiz: “Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade”. Observe: (1) A razão e os fundamentos que Ele usa para rejeitá-los, e aos seus argumentos, se resume no fato de praticarem a iniquidade. Observe que é possível a um homem adquirir um nome notável como pessoa piedosa, e ainda assim ser um praticante de iniquidades. Aqueles que agem assim irão receber uma condenação maior. Quaisquer esconderijos secretos do pecado, guardados sob o manto de uma evidente profissão de fé, são a ruína dos homens. Anulam as pretensões dos hipócritas. Viver deliberadamente em pecado anula as pretensões dos homens, por mais capciosas que sejam. (2) A maneira como esse argumento é expresso: “Nunca vos conheci” . “Nunca me pertencestes como servos, nem mesmo quando profetizáveis em meu nome, quando estáveis no auge da vossa profissão de fé, e éreis elogiados” . Isso indica que, se alguma vez o Senhor os tivesse conhecido, como Ele conhece aqueles que são seus, se os tivesse possuído e amado como se fossem seus, Ele os teria conhecido e possuído e amado até o fim. Mas Ele nunca os reconheceu, pois sempre soube que eram hipócritas e tinham o coração corrompido, como aconteceu com Judas. Portanto, Ele diz: “Apartai-vós de mim”.

Será que Cristo precisava de tais convidados? Quando Cristo veio em carne e osso, Ele chamou a si os pecadores ao arrependimento (cap. 9.13), e quando voltar novamente, coroado de glória, irá afastar de si os pecadores.

Aqueles que não forem até Ele para serem salvos deverão partir para serem condenados. Afastar-se de Cristo será o verdadeiro inferno do inferno, será a razão fundamental da miséria de ser condenado, de ter sido desprovido de toda esperança dos benefícios da mediação de Cristo. Ele não irá aceitar nem trazer a si no grande dia aqueles que, a seu serviço, não vão além de uma simples profissão de fé. Veja a que ponto um homem pode cair das alturas da esperança ao abismo da desgraça. Como pode ir para o inferno através das portas do céu! Essas deveriam ser palavras de alerta a todos os cristãos. Se um pregador que expulsa os demônios e realiza milagres for rejeitado por Cristo porque praticou iniquidades, o que será dele, e o que seria de nós, caso isso acontecesse conosco? Se agirmos assim, isto certamente acontecerá conosco. No tribunal de Deus, uma profissão de fá nunca Irá defender homem algum da prática e do vício do pecado, portanto todo aquele que pronuncia o nome de Cristo deve abandonar toda Iniquidade.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 87-88.

Mt 7.22. Não profetizamos nós em teu nome? O uso de oú na pergunta pede a resposta afirmativa.

Eles afirmam ter profetizado ou pregado em nome de Cristo e feito muitos milagres. Mas Jesus lhes arrancará a pele de ovelha e exporá o lobo voraz.

Mt 7.23. Nunca vos conheci. “Nunca me fui pessoalmente conhecido de vós” (conhecimento experimental).

O sucesso, segundo estimação do mundo, não é um critério de conhecer Cristo e ter uma relação com ele. “Eu lhes direi abertamente”, o mesmo vocábulo usado para confessar Cristo diante dos homens (Mt 10.32). Esta expressão Jesus usará para o anúncio público e franco do destino dessas pessoas.

  1. T. ROBERTSON. COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS A luz do novo testamento Grego. pag. 93-94.

Il - EDIFICANDO A SI MESMO E AOS OUTROS

  1. Edificando a si mesmo.

Diz Paulo que “O que fala língua estranha edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja” (1 Co 14.4). É um aspecto muito interessante do propósito dos dons. O membro da igreja, em particular, precisa ser edificado, para que a coletividade, a igreja, também o seja. Não pode haver igreja edificada, se os membros não tiverem edificação espiritual. Quando o crente fala línguas, sem que haja intérprete, não edifica a igreja, porque o que fala fica sem entendimento para os demais. Mas não se deve proibir que o crente fale língua para si próprio (1 Co 14.39). Tão somente, deve ser ensinado que ele se controle e não eleve a voz, numa mensagem ininteligível. Há irmãos que, ao falar línguas, querem chamar a atenção para si, para mostrar que são espirituais. Isso é falta de maturidade.

O apóstolo ensina: “E, agora, irmãos, se eu for ter convosco falando línguas estranhas, que vos aproveitaria, se vos não falasse ou por meio da revelação, ou da ciência, ou da profecia, ou da doutrina?” (1 Co 14.6). Ele quer dizer que, se falar língua sem interpretação, é ótimo para si próprio, pois “edifica a si mesmo”. Mas, se não houver interpretação, não haverá revelação, ciência, profecia ou doutrina. E a igreja fica sem edificação, sem aproveitamento. Daí, porque, no mesmo capítulo, ele exorta: “Pelo que, o que fala língua estranha, ore para que a possa interpretar. Porque, se eu orar em língua estranha, o meu espírito ora bem, mas o meu entendimento fica sem fruto” (1 Co 14.13,14).

Quem fala línguas, sem interpretação, “edifica-se a si mesmo”, mas “... não fala aos homens, senão a Deus; porque ninguém o entende, e em espírito fala de mistérios” (1 Co 14.2). Naturalmente, quando o crente ora em línguas, mesmo que ele não saiba o sentido das palavras, Deus o entende. O crente, batizado com o Espírito Santo, deve procurar desenvolver uma adoração individual, plena da unção do Espírito Santo. Há ocasiões em que as palavras do seu idioma nativo não conseguem expressar o que sua alma deseja dizer a Deus, seja glorificando, intercedendo ou suplicando ao Senhor.

E nessas horas, quando o crente não sabe orar, que o Espírito Santo intercede por ele de maneira especial. “E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis” (Rm 8.26). Esses “gemidos” do Espírito, pronunciados em línguas estranhas, são incompreensíveis ao que ora, mas perfeitamente entendidos por Deus, pois há línguas estranhas que são linguagem do céu, ou “línguas dos anjos” (1 Co 13.1).

Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 28-29.

Nem mesmo o dom de línguas, desacompanhado de interpretação, deixa de ter seu devido propósito. As línguas podem servir de meio de edificação própria, no nível da alma, ainda que a mente não entenda o que é dito. As línguas são um meio de entrarmos em contacto com o divino, ainda que o conhecimento não se beneficie. As experiências místicas, até mesmo aquelas da mais elevada ordem, geralmente são inefáveis, isto é, sua natureza e seus resultados não podem ser bem expressos verbalmente. Não obstante, tais experiências produzem um efeito «purificador», um efeito elevador, um efeito até mesmo transformador. É óbvio que isso beneficia a pessoa envolvida; contudo, trata-se de um benefício de natureza egoísta, a despeito de ser aprovado e desejado pela vontade divina. Por essa mesma razão é que o apóstolo dos gentios jamais proibiu que se falassem em línguas (ver o trigésimo nono versículo deste capítulo), ainda que tivesse recomendado que as línguas, sem interpretação, não fossem usadas na adoração pública (ver os versículos vigésimo sétimo e vigésimo oitavo deste capítulo). As línguas particulares seriam altamente benéficas para cada crente, porquanto nada há de errado com a alma que se comunica com Deus, ainda que o intelecto não tire proveito. No entanto, os crentes de Corinto apreciavam o caráter teatral das línguas, e lhe davam preferência acima da profecia, conforme este capítulo inteiro deixa subentendido. Esse foi o «abuso» que Paulo procurou corrigir.

O dom profético, em contraste com as línguas, é uma manifestação de natureza altruísta; portanto, está mais conforme ao grande princípio do amor cristão (altruísmo puro), segundo Paulo havia demonstrado no décimo terceiro capítulo desta epístola. Esse exaltado princípio do amor cristão é que deve governar todas as atividades da igreja cristã; portanto, em uma comunidade cristã bem orientada pelo Senhor, o dom profético terá proeminência sobre as línguas. A profecia é tão mais importante que o dom de línguas como a edificação da congregação inteira é mais importante que a edificação de uma única pessoa.

Acerca do benefício do dom de línguas, comenta Findlay (in loc.): «A impressão causada sobre aquele que fala em línguas, por sua ejaculação verbal, visto tudo suceder em um arrebatamento, e sem concepção clara (ver o décimo segundo versículo e ss.), deve ser vaga; mas isso confirma poderosamente a sua fé, porquanto deixa um senso permanente de possessão do Espírito de Deus (comparar com II Cor. 12:1-10). Nossos mais profundos sentimentos entram na mente abaixo da superfície do consciente».

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 4. pag. 216-217.

Ele apresenta as razões dessa preferência. E é digno de nota que ele somente compare o profetizar com o falar em línguas. Parece que esse era o dom com o qual os coríntios principalmente se valorizavam a si mesmos. Isso era mais ostentação do que a clara interpretação das Escrituras, mais adequado para satisfazer o orgulho, porém menos adequado para buscar os propósitos da caridade cristã; ele não edificaria da mesma forma, nem faria bem à alma dos homens. Pois: 1. Aquele que falava em línguas devia falar unicamente entre Deus e si mesmo; pois, quaisquer mistérios que pudessem ser comunicados em suas línguas, nenhum de seus conterrâneos poderia entendê-los, porque eles não entendiam a língua (v. 2). Note que o que não puder ser entendido nunca poderá edificar. Não se pode tirar vantagem alguma dos mais excelentes discursos, se pronunciados em uma língua ininteligível, que o público não consegue falar nem entender; mas, aquele que profetiza fala para a vantagem de seus ouvintes; eles podem lucrar com seu dom. A interpretação da Escritura será para a sua edificação; eles podem ser exortados e confortados por ela (v. 3). E de fato, esses dois devem caminhar juntos. A obediência é o modo correto de confortar; e aqueles que são confortados devem tolerar ser exorta dos. 2. 0 que fala em línguas pode edificar-se a si mesmo (v. 4). Ele pode entender e ser afetado por aquilo que fala; e assim cada ministro deve fazê-lo; e aquele que mais se edifica a si mesmo está disposto e em bom estado para fazer bem a outros pelo que ele fala; mas, aquele que fala em línguas, ou em linguagem desconhecida, somente pode edificar-se a si mesmo; outros não podem aproveitar nenhum benefício de sua fala. Ao passo que a finalidade do falar na igreja é a edificação da igreja (v. 4), à qual se adapta o profetizar, ou o interpretar as Escrituras por inspiração ou de outra maneira. Note que é o dom mais desejável e vantajoso, que melhor responde aos propósitos da caridade e realiza o melhor bem; não que ele possa somente nos edificar, mas que também edificará a igreja. Tal é a profecia, ou a pregação, e a interpretação da Escritura, comparada com o falar em uma língua desconhecida. 3. De fato, nenhum dom deve ser desprezado, mas deve-se preferir os melhores. “E eu quero, diz o apóstolo, que todos vós faleis línguas estranhas, mas muito mais que profetizeis” (v. 5). Cada dom de Deus é um favor de Deus, e pode ser melhorado para a sua glória, e como tal deve ser valorizado e recebido com gratidão; mas então, devem ser mais valorizados os que forem de maior utilidade, “...porque o que profetiza é maior do que o que fala línguas estranhas, a não ser que também interprete, para que a igreja receba edificação” (v. 5). A benevolência torna um homem verdadeiramente grande. Mais bem-aventurada coisa é dar que receber. E é verdadeira magnanimidade estudar e procurar ser útil aos outros, mais do que aumentar a admiração e ganhar a estima deles. Tal homem tem uma grande alma, copiosa e difundida na proporção de sua benevolência e inclinada na mente para o bem público. O que interpreta a Escritura para edificar a igreja é maior do que aquele que fala línguas para recomendar-se a si mesmo. E não é fácil dizer que outra finalidade o que falava em línguas podia ter, a menos que interpretasse o que falava. Note que contribui mais para a honra de um ministro o que é mais para a edificação da igreja, e não o que mostra mais vantagem. Ele age em uma estreita esfera, enquanto tem por alvo a si mesmo; mas seu espírito e caráter crescem em proporção à sua utilidade, quer dizer, sua própria intenção e esforço em ser útil.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 488- 489.

A profecia edifica a igreja (14.4-6). Como a profecia é entendida pelos homens, ela edifica a igreja (4). Falar em línguas desconhecidas serve apenas para fortalecer o indivíduo. Entretanto, Paulo não proíbe completamente esta prática: Quero que todos vós faleis línguas estranhas (5). O verbo quero, ou desejo (thelo), “não expressa uma ordem, mas uma concessão sob a forma de um desejo improvável de ser realizado (cf. 7.7)”.80 Quanto a essa declaração, Bruce escreve: “E provável que Paulo receasse ter ido muito longe ao rejeitar as línguas. Portanto, ele deixa claro que não está proibindo as línguas, mas insistindo na superioridade da profecia”. Como era difícil fazer a distinção entre um dom válido de falar em línguas, ou a legítima expressão de um desejo de êxtase espiritual, e uma inválida expressão de alegria pessoal, Paulo preferiu não proibir o falar em línguas. Entretanto ele indica, de forma rápida e distinta, que o dom de profecia é superior: ...mas muito mais que profetizeis.

O critério de avaliação de qualquer dom é o seu valor para a igreja. Mesmo quando Paulo faz a concessão do falar em línguas, ele imediatamente insiste que seu valor é menor que a profecia, a não ser que elas sejam interpretadas para que a igreja receba edificação (5). As palavras a não ser que também interprete “não se referem à particular interpretação de uma mensagem transmitida em línguas, mas ao dom permanente da interpretação... Paulo tem em vista uma pessoa que recebeu dois dons, o de falar em línguas e o de ter a sua interpretação”. Dessa forma, o apóstolo indica que qualquer glossolalia deveria ser interpretada para fortalecer a congregação.

Quando Paulo faz alusão à sua futura visita a Corinto, ele novamente faz da edificação da igreja o critério pelo qual se estabelece o valor dos dons do Espírito: Que vos aproveitaria, se vos não falasse ou por meio da revelação, ou da ciência, ou da profecia, ou da doutrina? (6)

Donald S. Metz. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 8. pag. 349-350.

Paulo, continuando suas admoestações, reporta-se mais uma vez ao seu grande salmo em louvor ao amor: Buscai o amor! Esta deve ser a maior preocupação deles, pois, como expressa certo comentarista: O amor é a patroa; os demais dons espirituais são servos, criados. Por isso, enquanto continuam no empenho proposital de ir após o amor, os coríntios deviam lutar com dedicação pelos dons espirituais, sendo o uso de todos eles, em sua dedicação à congregação, regulado pelo padrão estabelecido pelo amor.

E neste sentido o dom da profecia está acima dos demais, pois seu objetivo principal foi ensinar e instruir outros nas coisas de sua salvação. Deviam cobiçar este dom mais do que todos os outros, até mais do que o de línguas, que naturalmente fazia uma profunda impressão sobre os coríntios e era considerado especialmente desejável.

O apóstolo dá os motivos de sua preferência: Pois aquele que fala em língua, incitado pelo Espírito nalguma língua estranha, em especial se isto acontece no culto público, então ele não fala a pessoas, mas a Deus. As pessoas não têm benefício do seu falar, porque não conseguem entendê-lo.

Ouvem os sons de sua voz, mas não têm qualquer idéia sobre o significado de sua elocução, visto que no espírito fala ministérios, os segredos de Deus continuam encobertos, ocultos aos ouvintes, e provavelmente também a quem fala. Doutro lado, aquele que profetiza, a pessoa que tem o dom da profecia, de fato fala às pessoas. Sua fala, sendo por eles entendida, serve como meio de comunicação; Comunica-lhes ideias, edificação e exortação e consolo. A fala daquele que profetiza serve para fazer os cristãos crescer em conhecimento, promovendo assim o progresso da igreja. Ela os admoesta, os estimula para se aplicarem mais sinceramente ao seu dever cristão. Dá-lhes força e consolo espiritual quando estão em perigo de serem dominados pelo medo. Esse, pois, é o propósito principal do culto público, que a Palavra de Deus seja pregada e aplicada, que as pessoas possam entender o que é dito e sejam edificadas, admoestadas e confortadas. Este objetivo não é alcançado no caso daquele que fala em língua. Na melhor das hipóteses ele edifica a si mesmo, enquanto que aquele que profetiza edifica a assembleia da igreja. Era fato que aquele que falou em línguas foi confirmado em sua fé, visto que deve ter sentido o poder do Espírito, o qual fez uso de sua boca com um instrumento de sua declaração. Foi, porém, o único que foi atingido desta forma, enquanto que no caso daquele que profetizou a congregação reunida recebeu o benefício.

Paulo, fazendo esta afirmação, não quer se entendido erradamente como se subestimasse o valor do dom de línguas: Não obstante desejar que todos vós falásseis em línguas, desejo muito antes que profetizásseis. Desta forma ele não faz quaisquer medíocres concessões aos coríntios, mas está bem consciente do fato que o dom de línguas poderia ter uma profunda impressão sobre um ímpio que chegasse à reunião deles e que poderia abrir caminha para sua conversão. Mas sabe, devido ao uso efetivo e prático, que o dom da profecia deve ser preferido. Além disso, aquele que profetiza é maior do que aquele que fala em línguas. Ocupa uma posição de maior utilidade e por isso também de maior dignidade, a não ser que, aquele que fala em línguas tem também, ao mesmo tempo, o dom e a capacidade de interpretar suas extáticas elocuções, de forma que todas as pessoas possam entendê-lo e a congregação receba, desta forma, edificação. Numa pergunta dirigida a todos eles, Paulo à sua decisão sobre o assunto: Agora, porém, irmãos, sendo tal a situação atual em Corinto, se viesse a vós falando em línguas, que proveito, que ajuda vos seria, se não vos falasse em revelação, ou em sabedoria, ou em profecia, ou em ensino? Se Paulo tivesse sido só um orador em línguas, e incapaz para interpretar os mistérios que o Espírito Santo exprimia através de sua boca, então o seu trabalho evidentemente não teria tido qualquer valor, a não ser que ele, de fato, se pudesse fazer entender por meio duma fala inteligível, em revelação e profecia, pelo ensino dos grandes mistérios que compreendeu, trazendo juntos tanto o conhecimento como a doutrina. A profecia se refere a fatos particulares, para cuja compreensão era precisa luz adicional, a mistérios que só por revelação podiam ser conhecidos. Doutrina e conhecimento foram deduzidos do credo dos cristãos e foram usados para confirmar os cristãos no assunto de sua salvação. Este apelo ao senso comum dos coríntios não podia deixar de convencê-los da verdade do argumento de Paulo, visto que sabiam que ele sempre buscou o bem-estar espiritual deles, e não sua própria satisfação e edificação espiritual.

KRETZMANN. Paul E. Comentário Popular da Bíblia Novo Testamento. Editora Concordia Publishing House.

  1. Edificando os outros.

Este versículo reitera essencialmente a declaração introdutória do primeiro versículo, a fim de levar a discussão a seu ponto final. Todos os dons espirituais são proveitosos, incluindo 0 dom de línguas; mas nem todos se revestem de igual importância. Ao buscarem os dons espirituais (ver I Cor. 12:31 e 14:1), os coríntios deveriam deixar de buscar o dom de línguas e abusar do mesmo, porquanto isso causara efeitos prejudiciais à sua comunidade cristã, como meio que era de auto-glorificação, além de interromper a comunicabilidade entre os membros da igreja que assim faziam. Portanto, se os crentes de Corinto estivessem genuinamente interessados em buscar os dons espirituais, a profecia deveria ser o seu grande alvo, e não as línguas. Isso é o que o apóstolo dissera nos versículos primeiro a décimo primeiro, e que agora confirma nesta sentença breve e conclusiva.

O grande teste da contribuição que os nossos dons espirituais podem fazer à igreja é o teste da edificação. Que temos feito para edificar a igreja onde somos membros? Quantas pessoas têm sido levadas a uma maior aproximação a Cristo, por causa do que temos falado e ensinado? O zelo é bom, mas pode mal orientar inocentemente ou propositadamente, com o propósito de exaltação própria.

«A edificação é o teste a ser aplicado (ver a exposição sobre os versículos terceiro e quarto deste capítulo). Em sua sabedoria, o apóstolo lhes forneceu um alvo controlador e disciplinador que provê a expressão mais completa e satisfatória para um dom, sem importar qual ele seja...Os coríntios deveriam ‘esforçar-se sobremaneira para edificar a igreja’. Esse é o teste prático. Mais do que isso, quando esse teste é satisfeito, as consequências se tornam óbvias para todos. Ninguém, senão os mais totalmente despeitados, poderiam criticar isso. Paulo desenvolve o tema naquilo que é uma das passagens mais notáveis desta epístola». (John Short, in loc.).

«...dons espirituais...», se literalmente traduzidas, diriam «espirituais», porquanto não é usada a palavra grega «charismata» («dons», I Cor. 12:4), e nem «pneumatika» («coisas espirituais», I Cor. 12:1). Essa não é a expressão usada em I Cor. 12:1 e em vários outros trechos, por toda a discussão desse décimo segundo capítulo, cuja tradução literal seria «coisas espirituais», bem como no décimo quarto capítulo. O trecho de I Cor. 12:4 diz «charismata», de onde se desenvolveu o termo técnico que designa os dons espirituais. Entretanto, esses treze vocábulos gregos mui provavelmente eram usados como sinônimos.

Alguns eruditos pensam que Paulo abordava os dons espirituais como diferentes manifestações espirituais, como se representassem certa variedade de «espíritos». Outros estudiosos imaginam que essa palavra indicaria emanações da parte do único Espírito. O mais provável é que encontramos aqui o plural, «espíritos», simplesmente para indicar «dons espirituais», numa espécie de metonímia, em que o nome de uma coisa é usado para indicar algo diferente, que lhe é associado, ou sugerido pelo mesmo. Seja como for, é muito improvável que Paulo se tenha referido à pluralidade de espíritos em qualquer sentido literal, que devessem ser buscados, como forças espirituais «invisíveis»; em sentido geral, porém, talvez haja uma alusão «pessoal». Nesse caso, é possível que «poderes espirituais» sejam aqui reputados como «personificados», devido ao uso da palavra, sem que seja sugerida a ideia de uma pluralidade de «espíritos». Para todos os efeitos práticos, entretanto, os três termos aqui usados, «pneumatika», «pneumata» e «charismata», são sinônimos.

Paulo queria dar a entender que visto aqueles crentes de Corinto tanto ansiarem pelos dons espirituais que os distinguissem de outros homens, deveriam buscar aqueles dons, como a profecia, que verdadeiramente os distinguiria, visto que através de dons dessa ordem a igreja é verdadeiramente edificada, mediante uma atuação verdadeira de Deus. Se fizessem o que era devido se distinguiriam deveras; mas, se, em seu orgulho, abusassem do dom de línguas, embora pensassem nisso residiria a sua glória, não passariam de crentes carnais e insensíveis para com as necessidades da comunidade cristã. Eles se tinham degradado. Para reverter isso, precisavam buscar exceder-se na edificação da igreja local.

«...a força desta passagem é aquela dada acima —cumpria-lhes buscarem os dons espirituais visando ao benefício alheio, e não tanto para se beneficiarem pessoalmente. Assim serviriam a seus irmãos na fé, no que deveriam abundar mais e mais (ver I Cor. 8:7 e I Tes. 4:1)». (Shore, in loc.).

Edificação

  1. Esse é o objetivo mesmo do ofício ministerial (ver Efé. 4:11,12).
  2. Com esse propósito é que os dons espirituais nos foram concedidos (ver I Cor. 14:3-5,12).
  3. A perfeição e a união com Cristo são seus alvos (ver Efé. 4:16).
  4. A autonegação é necessária para seu pleno desenvolvimento (ver I Cor. 10:23,33).
  5. Espera-se que os crentes se edifiquem mutuamente (ver Rom. 14:19). 6. Todas as ações efetuadas no seio da igreja precisam ter esse alvo em mira (ver Efé. 4:29).

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 4. pag. 219.

I Cor 14.12. Outra vez Paulo tem um enfático vós para fazer entender a relevância daquilo que diz aos seus correspondentes. “ Zelosos” (AV) é realmente um substantivo, “ zelotes” . É da mesma raiz que o verbo empregado no versículo 1 e em 12:31, “ procurai com zelo” (AV: “ desejai” e “ cobiçai ardentemente” , respectivamente). Existe esta diferença, que, ao passo que o verbo é frequentemente usado em mau sentido, o substantivo é usado geralmente em bom sentido. Dons espirituais é realmente “de espíritos” (pneumatõn), mas, provavelmente, há pouca diferença. Esta palavra salienta um pouco mais a verdade de que os dons quanto aos quais os coríntios eram “zelotes” tinham sua origem no Espírito Santo. Paulo não censura o desejo deles, mas o toma como base para concitá-los a procurarem progredir, para a edificação da igreja. Precisamente mediante esta passagem, ele retorna a este pensamento. A coisa de valor para o cristão é que possa edificar outros. Embora seja seu direito desejar progredir no exercício de dons espirituais, deve procurar os dons úteis para a edificação. Os outros são relativamente sem importância.

Leon Monis. I Corintos Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag.

No versículo 12, Paulo volta incansavelmente ao seu ponto de maior ênfase: Assim, também vós, como desejais dons espirituais, procurai sobejar neles, para a edificação da igreja. O primeiro objetivo do cristão deve ser a edificação da igreja e o fortalecimento dos seus membros. Se o crente quiser promover o bem-estar da igreja, ele analisará os seus dons de acordo com este critério.

Donald S. Metz. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 8. pag. 351.

  1. Edificando até o não crente.

Paulo teve coragem de dizer que era um “sábio arquiteto”, na edificação da igreja. Nem todo obreiro pode dizer isso, nos dias presentes. Os terrenos em que a igreja está sendo edificada são tão instáveis, que desafiam a capacidade de todos os engenheiros ou arquitetos. Os ventos fortes de falsas doutrinas e movimentos heréticos, disfarçados de genuínos movimentos cristãos conspiram contra a estabilidade e a unidade da Igreja de Cristo. Os edificadores de hoje têm tantos ou maiores desafios do que os do tempo de Paulo, mesmo que tenham mais recursos humanos e técnicos que o apóstolo dos gentios.

Mas a missão dos obreiros do Senhor é cuidar da evangelização, buscando as almas que se integram à igreja, e o cuidado delas, através do discipulado autêntico, que se fundamenta na sã doutrina, esposada por Jesus Cristo, e interpretada e aplicada pelos seus apóstolos e discípulos, ao longo da História. Os cristãos devem ser edificados para serem templos do Espírito Santo (1 Co 6.19,20). E os dons são indispensáveis nessa edificação espiritual.

Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 30-31.

I Cor 14.9. Se diversos instrumentos destituídos de vida podem levar os homens a compreender certas atitudes e sentimentos, reagindo conforme os mesmos, ou compreendendo uma ordem emitida por aqueles, em ocasião de batalha, então, quão mais expressivo instrumento precisa ser a voz humana, que conta com o apoio da inteligência, e até mesmo de dons espirituais concedidos por Deus! Assim equipados, os crentes devem ser capazes de transmitir benefícios espirituais a seus ouvintes. Porém, se algum idioma não for compreendido pelos seus ouvintes, perde-se o desígnio inteiro da comunicação de ideias, e a voz humana se torna muito menos significativa do que o instrumento musical visto não haver transmitido pensamento ou sentimento nenhum.

«...como se falásseis ao ar...» Isso seria um ditado antigo, equivalente ao nosso moderno «falar a uma porta». Está em foco um falar inútil, ao qual ninguém dá qualquer atenção, visto não transmitir qualquer entendimento.

Aquele que falava «ao ar» não tinha nenhum ouvinte ao alcance de sua voz; portanto, não podia transmitir ele qualquer mensagem. Assim também sucede ao dom de línguas, sem o dom da interpretação de línguas.

«...língua...» Essa palavra, que aparece aqui no singular, se refere à linguagem ou ao membro literal e físico da língua, que há no interior da boca; mas o contexto deixa claro que essa «língua» é o «falar em línguas», ou seja, mediante aquele dom do Espírito que recebe esse nome. A «língua» é o instrumento da comunicação verbal, tal como a trombeta, a harpa, a flauta, etc., são instrumentos de comunicação musical.

«Essa frase denota a inutilidade de um discurso ininteligível. Tal discurso morre na própria atmosfera, jamais atingindo a mente de um ouvinte».

(Kling, in loc.).

Embora o dom de línguas seja uma manifestação genuína da parte de Deus, a sua utilidade se perde se nada consegue comunicar. Pode reter, entretanto, certa utilidade particular, para o próprio crente que as fala; mas não tem uma utilidade coletiva, altruísta. Portanto, as línguas, caso não acompanhadas do dom paralelo da interpretação de línguas, devem ser praticadas em particular, e não publicamente.

I Cor 14.23. Os versículos vigésimo terceiro a vigésimo quinto fornecem-nos a sexta razão pela qual Paulo dizia que as «línguas» devem ser consideradas um dom espiritual inferior à profecia. Os «indoutos» e os «incrédulos», que estivessem presentes ao culto público, se ouvissem línguas sem a sua interpretação, tenderiam por sentir-se ofendidos, e poderiam até pensar que os que assim falassem estariam mentalmente desequilibrados. No entanto, a profecia serve de força poderosa, tanto na conversão dos incrédulos como na edificação dos crentes.

«...toda a igreja se reunir...» Paulo se referia ao culto público, à ordem eclesiástica, ao referir-se ao valor comparativo dos dons espirituais, cujo grande alvo é a edificação da comunidade; não aludia ao uso particular desses dons espirituais.

«...no mesmo lugar...» Essas palavras podem significar «para o mesmo objetivo»; e alguns eruditos, por isso mesmo, têm imaginado que os vãos coríntios se reuniam com o expresso propósito de exibirem os seus dons espirituais. Apesar disso talvez expressar uma verdade, o original grego, neste caso, muito mais certamente expressa as reuniões dos crentes em algum lugar designado, provavelmente em uma das mansões maiores pertencentes a seus membros. Na época apostólica, segundo tudo parece indicar, ainda não havia templos especialmente erigidos para os cristãos. A sinagoga, entretanto, era um lugar separado de reuniões, e não o lar de algum de seus membros; e é bem possível que até mesmo a primitiva igreja cristã tivesse seu equivalente às sinagogas judaicas. Os lares, outrossim, eram os lugares ordinários de reunião dos crentes, talvez por conveniência ou talvez por razões econômicas; pois os crentes primitivos tradicionalmente provinham das classes menos abastadas. (Ver I Cor. 1:26-28).

Nem todas as assembleias locais, quando se reuniam especificamente com o propósito de adorar, permitiam que «estranhos» (incrédulos) estivessem presentes. Mas isso dependia muito dos costumes locais. Os amigos (ou parentes) dos crentes, quase sem dúvida, eram admitidos em quase todas essas reuniões. Tais pessoas, entretanto, poderiam pensar que o exercício descontrolado do dom de línguas, em que um crente após outro exercia esse dom, visto que nada se entendia do que diziam, seria apenas um sinal de descontrole emocional, ou mesmo de insanidade mental.

«...indoutos...» (ver a discussão sobre essa palavra, nas notas expositivas sobre o décimo sexto versículo deste capítulo). Concluiu-se ali que esses «indoutos» seriam crentes, embora destituídos de «dons espirituais», ou, pelo menos, não possuidores do dom de línguas; e esses não simpatizariam com o exagero no exercício da «glossolalia», talvez até mesmo por motivo de inveja. Dificilmente poderíamos pensar que os mesmos seriam incrédulos (ainda que o vocábulo grego aqui empregado possa significar exatamente isso), porquanto dificilmente os tais diriam «Amém», ao que os crentes dissessem em suas reuniões (conforme Paulo declarou que tais pessoas naturalmente diriam, se porventura compreendessem o que ali fosse dito); e aqui, além disso, esses «indoutos» são contrastados com os «incrédulos». E o vocábulo grego usado para os tais indica exatamente isso; por conseguinte, não pode restar dúvida alguma quanto ao sentido dessa expressão. Ambos esses grupos, os «indoutos» e os «incrédulos», poderiam suspeitar de que aqueles que falavam em línguas eram indivíduos psicóticos, em maior ou menor grau, ou, pelo menos, que fossem pessoas mentalmente desequilibradas.

Pode-se comparar isso com as atitudes dos incrédulos, na narrativa de Atos 2:13, os quais pensavam que os crentes que falavam em línguas estivessem bêbedos. As passagens de Atos 12:15 e 26:24 são outros exemplos, existentes nas páginas do N.T., acerca dessas atitudes dos incrédulos para com os cristãos, o que se vem manifestando desde os longínquos tempos apostólicos até aos nossos próprios dias.

«...e todos se puserem a falar em outras línguas...» Isso indica o abuso a que haviam sujeitado o dom de línguas. Mui provavelmente também falavam todos ao mesmo tempo, tal como os seus profetas, que não esperavam uns pelos outros. Assim sendo, mostravam-se descorteses e extremamente fanáticos no uso que faziam de seus dons espirituais. (Ver os versículos vigésimo nono em diante).

«...estais loucos...» Temos aqui tradução do verbo grego «mainomai», de onde se deriva a palavra moderna «mania», que indica qualquer forma de obsessão, embora também possa indicar alguma insanidade violenta. O termo grego indica perda de controle da mente, insanidade. As «línguas», sem sua interpretação, exerciam um efeito adverso sobre os incrédulos (bem como sobre os crentes sem dons espirituais), ao passo que as línguas, acompanhadas de interpretação, levavam muitos aos pés de Cristo. Os crentes de Corinto, com suas línguas não-interpretadas, produziam dano para a causa de Jesus Cristo. Estavam ocupados em «negócios desvairados»; não procuravam fazer da igreja, com seriedade, um poder em prol do bem da humanidade, que é o seu propósito real.

As observações contrárias de Paulo, por todo este capítulo, visam as línguas desacompanhadas de interpretação. Portanto, ele não contradiz, no presente versículo, a ideia de que as línguas são um sinal para os incrédulos.

Imaturidade Espiritual

  1. A imaturidade espiritual se evidencia no egoísmo (ver Rom. 15:1), pois o amor é a verdadeira medida de nossa maturidade. Estás servindo a ti mesmo mais diligentemente do que ao próximo? Nesse caso, és um crente espiritualmente imaturo. A tua maturidade pode ser aquilatada pelo quanto serves aos outros.
  2. Os crentes de Corinto demonstravam sua imaturidade ao transformarem a igreja em um teatro, onde os dons espirituais entraram em competição uns com os outros. Isso era destrutivo para a unidade e a paz, e, por conseguinte, para o desenvolvimento espiritual.
  3. Os crentes coríntios, em surpreendente ausência de santificação, demonstravam a sua imaturidade quando, o tempo todo, se vangloriavam de seu grande avanço.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 4. pag. 218; 224-225.

FONTE  ESTUDALICAOEBD.BLOGSPOT.COM / WWW.MAURICIOBERWALD.COMUNIDADES.NET