DOUTRINA DA GRAÇA
A salvação, ou a palavra que descreve o seu significado, tem sua raiz no vocábulo grego ("sõtēria"), ocorrendo em ambos os Testamentos com profundo significado e infinito alcance. Por toda a extensão das Escrituras Sagradas ocorre uma vez no plural (2 Sm 22.51) - Edição Revista e Corrigida.
Do ponto de vista divino de observação, "salvação" é um termo, inclusive, que abrange dentro de seu escopo muitos aspectos. Por exemplo, há a salvação do passado, no presente e para o futuro; seja, salvação do espírito na regeneração, da alma na santificação, e do corpo na glorificação.
DEFINIÇÃO DE SALVAÇÃO
De acordo com o doutor C. I. Scofield, são incluídas nesses diversos aspectos as doutrinas fundamentais que, teologicamente falando, constituem aquilo que chamamos de SOTERIOLOGIA ou seja, "doutrina da salvação". O vocábulo português que aparece em nossas versões e traduções se deriva do latim, "salvare". "salvar", de "salus", "saúde", "ajudar", e traduz o termo hebraico "yeshua" e cognatos: "largura, facilidade, segurança, etc".
Foi nele que todos os matizes da salvação plena tiveram seu encontro de expansão (Hb 2.3).
O ALCANCE DA SALVAÇÃO
A encarnação e a propiciação de Jesus constituem a maior prova da boa vontade de Deus. Observemos a soberania de Deus em relação à salvação do homem e a sua iniciativa na obra da redenção. Vimos que Deus deseja a salvação de todos e tomou essa iniciativa, dando origem à salvação com este fim em mira.
Assim sendo, a origem da salvação e a sua manifestação está em Deus e não no homem. Se Ele não tivesse tomado tão sublime decisão primordial na salvação da criatura, ninguém seria salvo. Assim este ato criador de Deus, não é apenas uma manifestação da sua vontade, mas também, a sua satisfação, pois Ele é amor e, como tal, ama e deseja o bem-estar de todos.
Para sua introdução na pessoa humana, se fazem necessárias a "fé e a graça"; enquanto que, para seu aperfeiçoamento, são necessários os demais dispositivos que envolvem todo o plano da redenção. Estes dispositivos são;
A justificação
A regeneração
A expiação (para dar certeza)
O perdão
A redenção
O arrependimento
A santificação e,
A adoção de filhos.
É evidente que todos esses matizes da salvação são revelados no Evangelho de Deus ou de Cristo. A palavra "evangelho" em si significa "boas-novas"; por isso o Evangelho é alguma coisa essencialmente diferente de qualquer ensino filosófico anterior. Por isso em qualquer época ou lugar, este Evangelho é chamado:
De "Deus" (Rm 1.1), porque origina-se no seu amor, tendo como fonte a plenitude de sua bondade;
De "Cristo" (2 Co 10.14), porque dimana do seu sacrifício e porque Ele é o único objeto de fé para salvação do mais vil pecador que em penitência olha para o Filho de Deus;
Da "graça de Deus" (At 20.24), porque salva aquele que a Lei condena sem nenhuma trégua;
Da "glória" (2 Co 4.4; 1 Tm 1.11), porque diz respeito Àquele que está na Glória, e que leva muitos filhos à Glória, (Hb 2.10);
Da "Nossa salvação" (Ef 1.13), porque é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16);
Da "Circuncisão" (Gl 2.7), porque, diante do poder deste Evangelho, "não há grego nem judeu, circuncisão nem incircucisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo em todos" (Cl 3.11);
Da "incircucisão" (Gl 2.7), porque salva inteiramente, à parte de formas e ordenanças;
Da "paz" (Ef 6.15), porque por Cristo por meio do Evangelho estabelece paz entre o pecador e Deus, e dá uma paz inteiramente também. E, deste modo, Deus e o pecador se encontram em paz (Ef 2.15);
Do "reino" (Mt 4.23), porque anuncia "as boas-novas" que Deus propôs estabelecer na terra em cumprimento às suas promessas de ambos os Testamentos".Assim, prezado leitor, segue-se que o homem precisa ser espiritualmente despertado e iluminado, a fim de poder receber e aprender as coisas pertencentes a Cristo e aceitá-lo pela fé. Nesta conjuntura, pois, é que se verifica a operação necessária do Espírito Santo, para a criação da nova vida.
Assim sendo, percebe-se que Deus, ao traçar um plano para a recuperação moral e física do homem, estabeleceu contato vital em cada ponto sucessivo. Não há falhas, não há lacunas na obra da graça redentora, desde o princípio até o fim. Tudo foi vitalizado; tudo é orgânico do Éden ao Trono divino.
MEDIANTE A FÉ
O sentido da fé na justificação do homem torna-se o primeiro princípio, como é afirmado por Paulo e outros escritores do Novo Testamento. "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé..." (Ef 2.8a). Fé: nesse sentido é confiança em Jesus como Salvador do pecado mediante o perdão. Essa confiança é incondicional e irrestrita submissão da alma a Cristo. É um tipo de confiança que só se pode exercer corretamente em relação a Deus. Salvação do pecado é obra divina. O pecado é contra Deus. Só Deus pode perdoar pecados. Neste sentido os censores de Jesus não estavam errados (Mc 2.7). Quando, porém, isso é efetuado, se dá por meio de Cristo, "... ninguém vem ao Pai, senão por mim" (Jo 14.6b); "...tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo... Isto é, Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo... Rogamo-vos pois da parte de Cristo que vos reconcilieis com Deus" (2 Co 5.18-20).
Por isso Jesus podia arrogar para si o poder de perdoar (Mc 2.5). Se Cristo teve essa pretensão, Ele era divino. Confiar nele para salvação é confiar em Deus. Observemos alguns casos sobre isso em vários elementos doutrinários das Escrituras:
Quando alguém se aproxima de Cristo em fé, ele está cônscio de que encontra a Deus. O clamor de Filipe exemplifica o clamor dos homens em todas as épocas:"...Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta" (Jo 14.8b). E a resposta de Jesus é a única resposta que satisfará aos anelos do coração humano: "...Quem me vê a mim vê o Pai") (Jo 14.9). A obra de Cristo, então, em salvar, é a mesma obra de Deus. É submissão a Ele como Senhor. A autoridade salvadora e o senhorio de nosso Senhor são inseparáveis. A fé do Novo Testamento envolve o reconhecimento do senhorio de Jesus e submissão a essa autoridade. Paulo fala da obediência da fé (Rm 1.5). Significa isto a obediência que brota da fé ou a obediência que é fé? Fé, então, é não somente receber Cristo como Salvador, mas dar de si mesmo a Cristo.
A primeira. É o senso que homem tem da sua dependência a Deus. Este é um elemento fundamental e essencial em religião. Não é o todo da religião, como o definiuSchleiermancher, mas é um elemento componente. Este senso de dependência dá testemunho ao fato de que o homem não pode viver sem Deus. O outro lado da mesma coisa é o espontâneo impulso de reconhecer Deus como o doador de todo o bem e lhe render graças por esse bem. Deste modo é ele reconhecido como estando presente em toda a vida.
A segunda. É a reconhecida presença de Deus na experiência cristã. Em nossa comunhão com Deus em Cristo temos indisputável evidência de que Deus é real para a vida humana.
Agostinho invoca a imediata presença de Deus para que tivesse paz. "Senhor Deus, concede-nos a paz, tu que tudo nos deste. Concede-nos a paz do repouso, a paz do sábado (repouso do trabalho), uma paz sem ocaso. Essa belíssima ordem de coisas muito boas, uma vez cumprido o seu papel, toda ela passará; porque terão um amanhecer e uma tarde (Gn 1.5,8,13,19,23,31).
"O sétimo dia, porém, não tem tarde nem repouso, porque o santificaste para permanecer eternamente".
Aquele descanso, com que repousaste no sétimo dia depois de tantas obras muito boas que realizaste sem cansaço é um anúncio que nos vem pela palavra da tuaEscritura: também nós descansaremos em ti, no sábado da vida eterna, depois dos nossos trabalhos, que são bons porque os concedeste a nós (Hb 4.3 e ss).
O Espírito Santo é o Espírito da verdade (Jo 14.17); Ele nos guia em toda a verdade (Jo 16.13).
A Palavra de Deus é a verdade (Dn 10.21; Jo 17.17); Deus encara a verdade favoravelmente (Jr 5.3).
Os juízos divinos são segundo a verdade (Sl 96.13; Rm 2.2).
Os santos deveriam: adorar a Deus em verdade (Jo 4.24); servir a Deus na verdade (Js 24.14; 1 Sm 12.24); andar diante de Deus na verdade (1 Rs 2.4; 2 Rs 20.3); observar as festividades religiosas na verdade (1 Co 5.8); estimar a verdade como preciosíssima (Pv 23.23); regozijar-se na verdade (1 Co 13.6); falar a verdade uns para os outros (Zc 8.16; Ef 4.25); meditar sobre a verdade (Fp 4.8); escrever a verdade sobre as tábuas do coração (Pv 3.3); Deus deseja a verdade no coração (Sl 51.6); o fruto do Espírito se verifica na verdade (Ef 5.9).
Os ministros deveriam: falar a verdade (2 Co 12.6; Gl 4.16); ensinar a verdade (1 Tm 2.7); ser aprovados pela, verdade (2 Co 4.2; 6.7,8; 7.14).
Os magistrados deveriam ser homens caracterizados pela verdade, sinceros (sem cera) (Êx 18.21; Jó 1.1).
Os reis são preservados pela verdade (Pv 20.28).
Os que dizem a verdade exibem a retidão (Pv 12.17); serão firmados (Pv 12.19); serão deleitáveis para Deus (Pv 12.22).
Os ímpios são destituídos de verdade (Os 4.1); não dizem a verdade (Jr 9.5); não sustentam a verdade (Is 59.14,15); não pleiteiam a verdade (Is.59.4); não são corajosos em defesa da verdade (Jr 9.3); serão punidos por não terem a verdade (Jr 9.5,9; Os 4.1).
O Evangelho, como a verdade, veio por Cristo (Jo 1.17); Cristo dá testemunho da verdade (Jo 18.37); ela se acha em Cristo (Rm 9.1; 1 Tm 2.7); João deu testemunho da verdade (Jo 5.33).
O que a verdade é: ela é segundo a piedade (Tt 1.1); ela é a santificadora (Jo 17.17,19); ela é purificadora (1 Pe 1.22); ela faz parte da armadura cristã (Ef 6.14); ela é revelada abundantemente aos santos (Jr 33.6); ela permanece com os santos (2 Jo 2); ela deveria ser reconhecida (2 Tm 2.25); ela deveria ser crida (2 Ts 1.12; 1 Tm 4.3); ela deveria ser obedecida (Rm 2.8; Gl 3.1); ela deveria ser amada (2 Ts 2.10); ela deveria ser corretamente manuseada (2 Tm 2.15).
Os ímpios afastam-se da verdade (2 Tm 4.4); os ímpios resistem à verdade (2 Tm 3.8); os ímpios estão destituídos da verdade (1 Tm 6.5).
O Diabo é despido da verdade (Jo 8.44).
A Igreja é a coluna e a firmeza da verdade (1 Tm 3.15). A verdade é comprovada nas vidas daqueles que são transformados segundo a "imagem de Cristo". É necessário poder para que isso se concretize, e o que é bom traz consigo a verdade!
Certa feita Aristóteles declarou: "A verdade é que os homens se vão tornando menos e menos dogmáticos à proporção que envelhecem, reconhecendo cada vez mais a vastidão da verdade; e isto certamente é o caso da verdade de Deus, pois essa é infinitamente ampla e não pode ser contida por qualquer credo ou denominação religiosa, porquanto é impossível alguém cercar Deus com uma sebe".
Jesus Cristo disse: "Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade" (Jo 17.17). Se o leitor ainda não é uma pessoa liberta pelo sangue de Jesus, ouça o que diz a Bíblia: "Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos, e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará". Amém!
FONTE ARTIGO Bibliografia SEVERINA PEDRO DA SILVA,SÃO PAULO
fonte www.mauricioberwaldoficial.blogspot.com
Postado por mauricio berwald