A FORMAÇÃO DO ANTIGO TESTAMENTO
EXPLICAVA-LHES... AS ESCRITURAS. O Messias e a sua obra redentora, através do sofrimento, são o tema central no AT. Cristo pode ter citado trechos tais como Gn 3.15; 22.18; 49.10; Nm 24.17; Sl 22.1,18; 110.1; Is 25.8; 52.14; 53; Jr 23.5; Dn 2.24,35,44; Mq 5.2; Zc 3.8; 9.9; 13.7; Ml 3.1
Comentários: INTRODUÇÃO
Estudamos, na lição passada, a produção do Antigo Testamento. Hoje, veremos como os livros deste foram organizados, reunidos e preservados no cânon sagrado – a seleção dos escritos divinamente inspirados, autorizados e reconhecidos como a única regra de fé e prática para a nossa vida.Esse processo foi extremamente laborioso e metódico. Deus, com a sua poderosa mão, guiou os homens piedosos e sábios daquela época para esse mister.
CÂNON
É palavra grega e significa uma regra, vara de medir, cana. Cânon neste sentido então, refere-se aos livros que se conformam com as regras ou padrões da inspiração e autoridades divinos (Gl 6:16).
Foi a Igreja, guiada por Deus, que de um certo modo “reconheceu” o cânon, após longos debates. Assim a Igreja “canonizou” os livros sagrados, submetendo-os às regras ou padrões para verificar sua real inspiração.
Nas Escrituras hebraicas os livros canônicos são 24, mas são os mesmos 39 de nosso novo Velho Testamento, apenas agrupados de forma diferente. A Igreja Católica, contudo acrescenta o seu Velho Testamento outros 14 livros ou pedaços de livros.
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES À HISTÓRIA DA FORMAÇÃO DO CÂNON
Mas como foram escolhidos os trinta e nove livros que compõem o Velho Testamento?
1) tem autoridade divina? É um "assim diz o Senhor?”;
2) Foi escrito por um homem de Deus? É autêntico?;
3) Tem poder para transformar as vidas?;
4) Foi aceito pelo povo de Deus, lido e usado como regra de vida e fé?
CÂNON HEBRAICO, CATÓLICO E PROTESTANTE DO VELHO TESTAMENTO
Não parece ser dispensável dizer que a ordem de disposição dos livros só tornou-se necessária, possível e clara à medida que um cânon estabelecido substituiu os rolos isoladamente estudados.
Esta foi a ordem de aceitação dos livros como canônicos
Torah: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômios.
Nebhim: Josué, Juízes, Samuel, Reis, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Os doze (os nossos profetas menores).
Kethubim: Salmos, Provérbios, Jô (poesia), Cantares, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Éster (os cinco rolos), Daniel, Esdras, Neemias, Crônicas (históricos).
Obs: São chamados “os cinco rolos” porque cada um foi escrito em um rolo para ser lido nas festividades judaicas: Cantares na Páscoa, Rute no Pentecostes, Eclesiastes na festa dos Tabernáculos, Éster no Purim e Lamentações no aniversário da destruição de Jerusalém.
Divide os livros do Velho Testamento em quatro grupos: Lei, História, Poesia, Profecia. Acrescenta ao conteúdo canônico hebraico, os livros apócrifos, sendo ao todo 46 livros:
Lei: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio.
Históricos: Josué, Juízes, Rute, I e II Samuel, I e II Reis, I e II Crônicas ou Paralipômeros, Esdras, Neemias, Tobias, Judite, Éster, I e II Macabeus.
Poéticos: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares, Sabedoria, Eclesiástico.
Proféticos: Isaías, Jeremias, Lamentações, Baruque, Ezequiel, Daniel, Amós, Oséias, Joel, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias.
Em algumas versões antigas, Samuel e Reis são apresentadas como I, II, III e IV Reis e Esdras e Neemias como I e II Esdras.
Lei: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio.
Históricos: Josué, Juízes, Rute, I e II Samuel, I e II Reis, I e II Crônicas, Esdras, Neemias, Éster.
Poéticos: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares.
Proféticos: Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias.
III. A FORMAÇÃO DO CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO
A HISTÓRIA DA FORMAÇÃO DO CÂNON DO VELHO TESTAMENTO
Os primeiros livros reconhecidos como sagrados foram os que compõem a Lei (Ne 8:1; Sl 119). Veja quão cedo foi esta aprovação e uso em Josué 1:7-8.
A Lei, entretanto foi esquecida com o passar do tempo, levando o povo à idolatria e ao pecado em Israel, até que foi novamente encontrada durante o reinado de Josias, trazendo gozo e quebrantamento à nação por volta de 620 a.C. (II Cr 34:14-33).
A seguir muitas das profecias registradas, provaram ser divinas pelo seu fiel cumprimento e então foram aceitas como "inspiradas" e "canônicas" (Jr 36:6; Zc 1:4-6; Zc 7:7; Dn 9:1).
O terceiro grupo de livros aceitos como sagrados foram os "escritos", compostos e aceitos em tempos diversos (Lc 24:44).
Na época do chamado "silêncio profético" (após 400 a.C.), muitos livros históricos e poéticos circulavam entre os judeus. Entre estes, alguns eram reconhecidamente sagrados, outros reconhecidamente espúrios, e uns poucos duvidosos quanto à sua natureza. Para este julgamento, os judeus usaram alguns critérios:
1) está o conteúdo deste livro em conformidade doutrinária com a Lei?;
2) É fiel historicamente?;
3) Foi escrito até o tempo do profeta Malaquias?
Considerava-se que Deus falara até o profeta Malaquias, e depois disto viera o "silêncio profético". Foi neste tempo, por volta do ano 250 a.C., que um grupo de 70 sábios judeus, na cidade egípcia de Alexandria, ao traduzir o cânon hebraico para o grego, adicionou à Lei e aos Profetas já reconhecidos como sagrados mais alguns livros sobre os quais não se tinha ainda chegado a uma definitiva conclusão com respeito à sua canonicidade. Esta versão chamou-se "Septuaginta". Só mais tarde aqueles livros de caráter duvidoso foram considerados espúrios pelos judeus, mas o cânon da Septuaginta já era consagrado e usado por muitos grupos religiosos.
Jerônimo, entre 385 e 405 a.D., traduziu para o latino cânon da Septuaginta e esta era a versão universal católica-romana (Vulgata Latina). Na reforma, Lutero foi ao hebraico, e surpreendeu-se não encontrando ali os apócrifos, fazendo então uma nova versão pata o alemão, do cânon judaico. Em 1546, no concílio de Trento, como contra-reforma, a Igreja Católica confirmou o cânon da Vulgata Latina e emitiu anátemas contra a sua rejeição.
PROVAS DA SUPREMACIA E AUTENTICIDADE DO CÂNON HEBRAICO SOBRE O GREGO
“Por isso, Jesus, meu avô, depois de se ter aplicado com grande cuidado à leitura da Lei, dos profetas e dos outros livros que nossos pais nos legaram, quis também escrever alguma coisa acerca da doutrina e da sabedoria... Eu vos exorto, pois a ver com benevolência e a empreender esta leitura com uma atenção particular e a perdoar-nos, se alguma vezes parecer que, ao reproduzir este retrato da soberania, somos incapazes de dar o sentido (claro) das expressões”. Este prólogo é um auto-reconhecimento da falibilidade humana.
No ano 90 a.D., no concílio de Jâmnia, os judeus definitivamente rejeitaram a canonicidade dos livros apócrifos e fixam o seu cânon. Aqui, no entanto já claramente reconhecemos dois cânones espalhados pelo mundo, o judeu e o grego, a Septuaginta.
AS HERESIAS DOS APÓCRIFOS
TOBIAS (2000 a.C.).
É uma história novelística sobre a bondade de Tobiel (pai de Tobias) e alguns milagres preparados pelo anjo Rafael.
Apresenta: justificação pelas obras - 4:7-11; 12:8;
Mediação dos Santos - 12:12;
Superstições - 6:5, 7-9, 19;
Um anjo engana Tobias e o ensina a metir - 5:16 a 19.
JUDITE (150 a.C.).
História de uma heroína viúva e formosa que salva sua cidade enganando o inimigo e decaptando-o. Sua grande heresia é a própria história onde os fins justificam os meios.
BARUQUE (100 a.D.).
Apresenta-se como sendo escrito por Baruque, o cronista do profeta Jeremias, numa exortação aos judeus quando da destruição de Jerusalém. Porém, é de data muito posterior, quando da 2a destruição de Jerusalém, no pós-Cristo. Traz entre outras coisas, a intercessão pelos mortos - 3:4.
ECLESIÁSTICO (180 a.C.).
É muito semelhante ao livro de Provérbios, não fosse as tantas heresias:
Apresenta: justificação pelas obras - 3:33-34;
Trato cruel aos escravos - 33:26 e 30; 42; 1 e 5;
Incentiva o ódio aos Samaritanos - 50:27 e 28.
SABEDRIA DE SALOMÃO (40 a.D.).
Livro escrito com a finalidade exclusiva de lutar contra a incredulidade e idolatria do epicurismo (filosofia grega na era Cristã).
Apresenta: o corpo como prisão da alma - 9:15;
Doutrina estranha sobre a origem e o destino da alma - 8:19 e 20;
Salvação pela sabedoria - 9:19.
I MACABEUS (100 a.C.).
Descreve a história de três irmãos da família “Macabeus”, que no chamado período interbíblico (400 a.C. - 3 a.D.), lutam contra inimigos dos judeus visando a preservação do seu povo e terra.
II MACABEUS (100 a.C.).
Não é a continuação do I Macabeus, mas um relato paralelo, cheio de lendas e prodígios de Judas Macabeu.
Apresenta: a oração pelos mortos - 12:44-46;
Culto e missa pelos mortos - 12:43;
O próprio autor não se julga inspirado - 15:38-40; 2:25-27;
Intercessão pelos Santos - 7:28 e 15:14.
ADIÇÕES A DANIEL:
Capítulo 13 - A história de Suzana - segundo esta lenda, Daniel salva Suzana num julgamento fictício baseado em falsos testemunhos.
Capítulo 14 - Bel e o Dragão - Contém histórias sobre a necessidade da idolatria.
Capítulo 3:24-90 - o cântico dos 3 jovens na fornalha.
APÓCRIFOS
Quer dizer “ocultos” ou “espúrios”. São 15 livros ou pedaços de livros que fazem parte do cânon católico, mas não são aceitos como sagrados pelos judeus e protestantes, tendo, contudo alto valor histórico.
Eles foram incluídos como se fossem sagrados, quando foi efetuada a versão grega do Velho Testamento (Septuaginta), mas considerados espúrios posteriormente pelos judeus, daí surgindo o termo que, no entanto só ganhou ênfase, na redescoberta destes fatos, durante o período da Reforma. Como contra-reforma a igreja católica manteve-se fiel ao cânon da Septuaginta e chamou estes livros Deuterocanônicos (“canônicos da 2a época)”.
São eles: Tobias; Judite; Éster 10:4-16:24; Sabedoria de Salomão; Eclesiástico; Baruque; I e II Macabeus; Adições ao livro de Ester e de Daniel (os três jovens da fornalha, Bel e o Dragão, a história de Suzana); Oração de Manasses; III e IV Esdras.
PSEUDO-EPÍGRAFOS
São os livros religiosos e apocalípticos, escritos com a pretensão de serem sagrados, no entanto, nem discutidos como tais o foram, sendo por todos (judeus, católicos e protestantes) rejeitados.
Ex: Apocalipse de Sofonias, de Zacarias, de Esdras. Enoque Os doze Patriarcas, etc.
CONCLUSÃO
CANONICIDADE: Por canonicidade das Escrituras queremos dizer que, de acordo com "padrões" determinados e fixos, os livros incluídos nelas são considerados partes integrantes de uma revelação completa e divina, a qual, portanto, é autorizada e obrigatória em relação à fé e à prática.A palavra grega kanon derivou do hebraico kaneh que significa junco ou vara de medir (Ap.21:15); daí tomou o sentido de norma, padrão ou regra (Gl.6:16; Fp.3:16).*** A fonte da Canonização: A Canonização de um livro da Bíblia não significa que a nação judaica ou a igreja tenha dado a esse livro a sua autoridade canônica; antes significa que sua autoridade, já tendo sido estabelecida em outras bases suficientes, foi conseqüentemente reconhecida como pertencente ao cânon e assim declarado pela nação judaica e pela igreja cristã.Concílios e sínodos, ou até mesmo a Igreja, não estão investidos de poderes para aferir ou “canonizar” esse ou aquele livro das Escrituras.|(fonte pazdosenhor.org /mauricioberwald.comunidades.net