Criar uma Loja Virtual Grátis
Translate this Page

Rating: 2.7/5 (654 votos)




ONLINE
4




Partilhe esta Página



 

 

 

  contadores de visitas 

 

Flag Counter

site

O dom e o ministerio do ensino ensinar EBD
O dom e o ministerio do ensino ensinar EBD

O DOM E O MINISTERIO DO ENSINO

 

INTRODUÇÃO

Entre os dons ministeriais, concedidos por Deus para edificação e “aperfeiçoamento dos santos”, nas igrejas locais, está o de “doutor” ou “mestre”. Não é um dom muito reconhecido em geral, nas comunidades cristãs, por falta de entendimento acerca do seu valor, ou até por preconceito contra esses termos. As pessoas não têm qualquer receio de tratar um obreiro como “pastor”, “evangelista”, “bispo” ou até “apóstolo”, nos dias presentes. Mas não é comum um obreiro, que tem o dom de mestre ser chamado de “mestre” ou “doutor”. Isso se deve à visão que se tem do que é ser dotado de capacidade para o exercício desse dom ministerial, tão importante quanto os demais dons de Deus. Ou pelo “ar de superioridade” que alguns demonstram no exercício desse dom.

Em parte, também, percebe-se que, em muitos casos, os mestres ou doutores não têm a devida humildade no exercício do dom que Deus lhes concedeu. Alguns, ressaltamos, portam-se com diletantismo ou soberba, pelo fato de serem intelectualmente mais galardoados do que outros. Há até os que cobram “cachê” para ensinar, seguindo o exemplo de cantores ou pregadores, que só servem por dinheiro, e mercantilizam os dons e talentos que são concedidos por Deus. Não se deve generalizar em caso algum o comportamento dos obreiros. Há os mestres ou doutores que, a despeito de seu elevado grau de conhecimento bíblico, teológico e secular, são humildes e sinceros, colocando-se como servos a serviço das igrejas.

Os bons mestres ou ensinadores são muito úteis às igrejas locais. Muitas vezes, os pastores, assoberbados com as atividades administrativas, construindo templos, cuidando do patrimônio, em viagens pastorais, e tantas atividades, próprias dos que realmente trabalham em prol da obra do Senhor, não têm tempo de preparar estudos e mensagens substanciais, para alimentar a igreja local. E recorrem aos mestres ou ensinadores, para que lhes ajudem nessa imensa tarefa de edificar o rebanho. Quando o pastor também é mestre pode suprir a igreja com o ensino da Palavra. Mas nem todo pastor tem esse dom. Assim como nem todo mestre tem o dom de pastor.

A atividade primordial do mestre, doutor ou ensinador é cuidar do ensino fundamentado da Palavra de Deus. É tão importante que a Bíblia requer que haja dedicação ao exercício desse dom. “...se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino ’ (Rm 12.7 — grifo nosso). Talvez seja uma das grandes falhas em muitos ministérios, nas igrejas, a falta de dedicação ao ensino. Há pessoas que querem ensinar sem o mínimo preparo para essa atividade. Nos tempos pós-modernos, mais do que nunca, existe a necessidade de bons ensinadores. Há questionamentos e problemas que não havia há alguns anos. E muitos pastores não estão preparados para dar respostas adequadas ao rebanho.

O avanço das ciências, das tecnologias, as questões da bioética, as mudanças rápidas no comportamento social provocam questões que exigem, não só o conhecimento bíblico e teológico, mas também secular.

O mestre, doutor ou ensinador precisa ter o cuidado de não se considerar superior ao pastor ou dirigente de uma congregação, pelo fato de ter mais conhecimento que a média dos obreiros. Humildade, modéstia, sabedoria e equilíbrio são qualidades indispensáveis aos que são dotados por Deus de mais capacidade para se dedicarem ao ensino. Mais cuidado ainda deve ter o mestre, pois deles será requerido mais, como diz Tiago: “Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo” (Tg 3.1).

Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 118-119.

ENSINO

A importância do ensino Cristão

  1. Ensinemos por meio de palavras, pela mensagem dos hinos, pela força do exemplo. O ensino faz parte da Grande Comissão (ver Mat. 28:20).
  2. Os dons espirituais existem para servir de auxilio no ministério do ensino, e o alvo de tudo é a maturidade espiritual, o crescimento e o aperfeiçoamento dos santos (ver Efé. 4:11 e ss).
  3. Os verdadeiros mestres são dádivas divinas à igreja, para seu beneficio (ver Efé. 4:11). E o dom do «conhecimento. é dado especialmente aos mestres, a fim de que sejam eficazes em seu ministério (ver I Cor. 12:8).
  4. O ensino tem um efeito edificador. Portanto, é importante, se a igreja tiver de ser edificada. O ensino é vital para esse propósito.
  5. As Escrituras Sagradas nos foram transmitidas nessa forma escrita a fim de que o ministério do ensino fosse facilitado e se tomasse mais eficaz.
  6. Acima de tudo o mais, Cristo foi o Mestre Suprem o. Se seguirmos o exemplo que nos deixou, sem dúvida haveremos de ensinar.
  7. Aqueles que somente evangelizam, negligenciando o ensino cristão, terão de contentar-se com uma igreja infantil, carnal, com disputas e cisões na igreja local. Um povo faminto espiritualmente, será um povo infeliz.
  8. A ausência de ensino cristão arma o palco para a apostasia. (ver Heb. 6:1 e ss).
  9. Chega um tempo, na vida de cada crente, que se espera que ele se tome um mestre, e não um aprendiz (ver Heb. 5:12).
  10. Observemos a importância emprestada por Paulo à necessidade de haverem homens bons que sejam mestres de outras pessoas na fé cristã, para que esta possa passar de uma geração à outra (ver 11 Tim, 2:2).

CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos. pag. 390.

No Novo Testamento

Terminologia. Alguma forma da palavra "ensinar" é usada em várias versões para traduzir cinco termos gregos, quatro dos quais são precisamente traduzidos pela versão RSV em inglês.

  1. O grego matheteuo, "ser" ou "fazer um discípulo" (Mt 28.19; At 14.21).
  2. O grego paideuo, "educar" ou "treinar" (At 22.3; Tt 2.12).
  3. O grego katecheo, "instruir" (1 Co 14.19; Gl 6.6 duas vezes).
  4. O grego kataggello, "proclamar" (At 16.21; RSV "advogar").
  5. O grego sophronizo, "encorajar", "aconselhar" (Tt 2.4).

A versão RSV em inglês traz o termo "ensino" em Lucas 10.39 como a tradução do termo logos.

A ideia transmitida pela palavra "ensinar", por seus cognatos e compostos reside inteiramente sobre alguma forma do verbo didasko.

Deus como mestre. Paulo afirmou que sua pregação não consistia de palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas pelo Espírito (1 Co 2.13). O apóstolo absteve-se de falar sobre o amor fraterno aos tessalonicenses, porque afirmou que eles foram instruídos por Deus a amarem-se uns aos outros (1 Ts 4.9). O Senhor Jesus encorajou seus discípulos a não se preocuparem com o que deveriam dizer nas ocasiões de perigo e perseguição, porque naquela mesma hora o Espírito Santo lhes ensinaria o que deveriam dizer (Lc 12.12). O Espírito Santo, disse o nosso Senhor, viria como um Paracleto e ensinaria todas as coisas aos seus discípulos (Jo 14.26). A unção do Espírito é o tutor perpétuo do crente (1 Jo 2.27).

O Senhor Jesus como mestre. O ministério de Jesus por toda a Palestina é descrito como sendo essencialmente de ensino, seja para as multidões casuais ou para os seus próprios discípulos; quer nas sinagogas, nos lugares públicos, ou na audiência dos líderes religiosos (Lc 5.17). O efeito sobre suas reuniões era impressionante e reforçava a convicção de que Ele ensinava não como os escribas, mas como alguém que possuía autoridade (Mt 7.28ss.; 13.54; Mc 1.22; 6.2; cf. Lc 4.32). Veja Autoridade. O Senhor Jesus afirmou que as palavras que Ele falava lhe haviam sido ensinadas por Deus Pai (Jo 8.28), e que seu ensino vinha do Pai (Jo 7.16ss.). Seu ensino foi caracterizado pelo uso frequente de parábolas (Mc 4.2).

Nicodemos reconheceu que Jesus era um mestre vindo de Deus, e que isto fora atestado por obras poderosas (Jo 3.2). Os principais dos sacerdotes e escribas o interrogaram quanto à fonte de sua autoridade de ensino (Mt 21.23; cf. Jo 18.19). Até mesmo os seus adversários admitiram francamente que o Senhor ensinava o caminho de Deus imparcialmente, independente do temor ou do favor do homem (Mc 12.14; Lc 20.21; Mt 22.16; cf. Jo 18.19). Certamente, todos estavam admirados com seu ensino (Mt 7.28; 13.54; 22.33; Mc 1.22; 11.18) e perguntaram se era um novo ensino (Mc 1.27). Em seu circuito inicial na Galileia, Cristo foi glorificado por todos devido ao seu ensino (Lc 4.15). Nos últimos dias de seu ministério, Ele estava diariamente no templo ensinando (Lc 19.47; 20.1; cf. Mc 14.49; Jo 18.20). Seu ministério foi caracterizado pela ativi-dade que os judeus - entendendo mal algumas de suas declarações - questionavam, não sabendo se Ele iria ensinar a Diáspora e os gentios (Jo 7.35).

A reputação do Senhor Jesus Cristo como mestre rapidamente lhe trouxe o respeitoso título de rabi (q.v.), ou raboni ("meu senhor", um extraordinário título para um mestre distinto) por parte de seus discípulos (Mc 9.5; 11.21; Jo 1.49), daqueles que o ouviam (Mc 12.14; Jo 3.2), e até mesmo de seus inimigos (Lc 10.25; 11.45; 19.39; 20.28). Este título aramaico às vezes é deixado sem uma tradução, às vezes é interpretado, porém é mais frequentemente traduzido pela palavra grega didaskalos ("mestre" ou "professor"), que embora não seja uma tradução literal é verdadeira no sentido do contexto original. O Senhor Jesus aceitou este título como indicativo do verdadeiro relacionamento existente entre si mesmo, como mestre, e os seus seguidores, como discípulos (Jo 13.13; Lc 6.40; Mt 10.24ss.). O tema central no ensino do Senhor Jesus era

o reino de Deus (Mt 5.2; 9.35). Lucas descreveu o relato de seu Evangelho como pertencendo a tudo o que Jesus começou tanto a fazer como a ensinar (At 1.1). Dentre as muitas lições que o Senhor Jesus ensinou aos seus discípulos, os evangelistas escolheram várias para as suas menções particulares; por exemplo, o Sermão do Monte (q.v.); o pedido de seus discípulos para que lhes ensinasse a orar (Lc 11.1): sua rejeição, morte e ressurreição em Jerusalém (Mc 8.31; 9.31); e sua segunda vinda (Mt 24-25; Mc 13; Lc 17.20-27; 21). Os apóstolos como mestres. Durante seu ministério, o Senhor Jesus enviou os seus discípulos para ensinar (Mc 6.30). Mais tarde, o Senhor mandou que fizessem discípulos de todas as nações, e ensinando-os a observar tudo o que Ele havia ordenado (Mt 28.20). Depois do Pentecostes, que ocorreu após a ascensão, os apóstolos ensinaram ao povo que o Senhor Jesus ressuscitou dos mortos (At 4.2). O concílio judeu mandou que Pedro e João desistissem de ensinar no nome de Jesus (At 4.18), uma ordem que eles não atenderam, e foram presos no templo enquanto continuavam a ensinar (At 5.21, 24ss.). Apesar de uma outra severa advertência das autoridades, os apóstolos continuaram a ensinar e pregar a Jesus Cristo (At 5.42) até que toda Jerusalém estivesse repleta de seu ensino (At 5.28). Barnabé e Paulo ensinaram durante um ano inteiro na igreja que estava em Antioquia (At 11.26; cf. 15.35). O procônsul Sérgio Paulo ficou admirado com o ensino de Paulo sobre o Senhor Jesus (At 13.12). Quando os atenienses ouviram Paulo, eles o levaram ao Areópago para que pudesse lhes expor seu novo ensino (At 17.19). Paulo passou dezoito meses em Corinto ensinando a Palavra de Deus (At 18.11), e mais tarde lembrou aos presbíteros efésios que ele lhes havia ensinado publicamente e de casa em casa durante sua estada em Éfeso (At 20.20). Apolo, embora conhecendo apenas o batismo de João, ensinou diligentemente em Éfeso as coisas do Senhor (At 18.25). Os discípulos judeus acusaram Paulo diante de Tiago e dos presbíteros em Jerusalém, de ter ensinado os gentios a abandonar as leis de Moisés, a deixar a prática da circuncisão, e a abandonar os costumes judeus (At 21.21). Esta mesma acusação foi lançada pelos próprios judeus quando descobriram Paulo no templo e exclamaram contra ele como alguém que havia ensinado os homens em toda parte contra os judeus, a lei, e o templo (At 21.28). Pela palavra falada e escrita, os apóstolos ensinaram a mensagem do cristianismo aos seus contemporâneos. Mestres na igreja. Paulo refere-se repetidamente à sua designação como mestre dos gentios na fé e na verdade (1 Tm 2.7; 2 Tm 1.11) e de sua doutrina (2 Tm 3.10; 1 Co 4.17). Ele negou que o Evangelho que ele pregava tivesse sido ensinado por um homem; antes.

ele declarou que o recebeu pela revelação de Jesus Cristo (Gl 1.12). O ensino de Paulo foi dirigido a todos os homens em toda a sabedoria para que todo homem pudesse tornar-se maduro em Cristo (Cl 1.28; cf. Hb 6.1,2). Entre os dons e a capacitação do Cristo que subiu aos céus a fim de equipar e treinar os membros de seu Corpo, estavam a capacitação para se tornarem pastores e doutores (ou mestres; Efésios 4.11). Uma vez que os apóstolos, profetas e evangelistas tinham a princípio uma grande mobilidade, é provável que muitos dos mestres na igreja primitiva tenham tido um ministério de viagens, visitando os crentes em uma certa cidade por um período mais curto ou mais longo. É provável que a maioria ou todos os cinco homens citados em Atos 13.1 não estivessem residindo permanentemente em Antioquia. O papel do mestre na igreja era designado e desempenhado através da indicação Divina e da capacitação do Espírito (1 Co 12.28). A integridade e a fidelidade para com a tarefa do ensino são enfaticamente ordenadas (Rm 12.7; 1 Tm 4.11,13,16), tanto em sua preparação como em seu conteúdo (Tt 2.1,7; 2 Tm 4.2). Aqueles que ensinam devem ser considerados dignos de duplicada honra (1 Tm 5.17), e merecem o apoio daqueles que são ensinados (Gl 6.6). O aspirante a mestre é solenemente advertido de que esta ativida-de, em última instância, o envolverá em um julgamento mais rigoroso (Tg 3.1). Mas embora existam aqueles que são especialmente selecionados para ensinar na igreja, cada crente deve envolver-se neste ministério (Cl 3.16; 1 Co 14.6,26; Hb 5.12). Este deve ser para o benefício de todos, e não deve ser complacente com desordem na adoração da igreja (1 Co 14.6,19,26). O servo do Senhor deve ser apto para ensinar e evitar contendas (2 Tm 2.24). Embora as mulheres sejam proibidas de ensinar os homens na igreja (1 Tm 2.12), Paulo ordena que as mulheres idosas ensinem o que é bom enquanto educam as mulheres mais jovens (Tt 2.3). O ensino na igreja. Há uma referência no NT a uma tradição cristã apostólica denominada diferentemente de sã doutrina (Tt 2.7) ou de palavra fiel (Tt 1.9), que havia sido entregue à igreja (Rm 6.17; 16.17; Ef 4.21; Cl 2.7; 2 Ts 2.15; 2 Tm 2.2; Tt 1.9). Os primeiros discípulos em Jerusalém dedicaram-se ao ensino dos apóstolos (At 2.42). Parte desta tradição era o AT, que é proveitoso, diz Paulo, para o ensino (Rm 15.4; 2 Tm 3.16; cf. 1 Tm 1.8-10). O ensino cristão, e somente ele (1 Tm 1.3), deve ser confiado aos homens que crêem, que por sua vez serão capazes de ensinar aos outros também (2 Tm 2.2; cf. 1 Tm 4.11). O presbítero, portanto, deve ser apto para ensinar (1 Tm 3.2), e deve permanecer firme na palavra fiel que lhe foi ensinada, para que possa dar instrução na sã doutrina e oferecer uma apologia eficaz para

a fé (Tt 1.9). A obediência ao padrão da doutrina é creditada com o poder moral para libertar o crente da escravidão do pecado (Rm 6.17). A doutrina está de acordo com a piedade (1 Tm 6.3) e fornece o alimento espiritual necessário ao crente (1 Tm 4.6). Outros usos. O menino Jesus foi encontrado por sua família sentado entre os doutores da lei no templo (Lc 2.46), Nicodemos foi chamado, por nosso Senhor, de mestre de Israel (Jo 3.10 etc). João Batista ensinou a seus discípulos como orar (Lc 11.1). O Senhor Jesus adverte que aquele que infringe o menor mandamento e assim o ensina aos homens, será o menor no reino; e, ao contrário, aquele que observa e ensina corretamente aos homens será grande no reino (Mt 5.19). Jesus censurou os escribas e os fariseus por adorarem a Deus de forma vã, ensinando como doutrinas os preceitos dos homens (Mt 15.9; Mc 7.7; cf. Is 29.13). Falso ensino. Entre os cristãos na Judeia havia aqueles que ensinavam a necessidade da circuncisão para a salvação, uma doutrina mais tarde repudiada pelo Concílio de Jerusalém (At 15.1). Paulo faz menção dos preceitos e ensinos humanos que prescrevem regulamentos rituais aos quais os cristãos não devem submeter-se (Cl 2.20-22). Ele adverte Timóteo que nos anos futuros alguns iriam afastar-se da fé dando ouvidos a doutrinas de demónios (1 Tm 4.1), enquanto outros reuniriam em torno de si mestres que se adequassem aos seus próprios desejos (2 Tm 4.3). Em outras passagens está previsto que os falsos mestres trarão heresias destrutivas à igreja (2 Pe 2.1). Paulo rogou a Timóteo que ensinasse as sãs palavras de Jesus, e que rejeitasse aqueles que ensinam de outra maneira (1 Tm 6.2ss.). O apóstolo ensinou que havia aqueles que deveriam ser silenciados visto que estavam perturbando famílias inteiras ensinando basicamente o que não tinham o direito de ensinar (Tt 1.11), e também adverte Timóteo contra os judaizantes que desejavam, em vão, se tornar mestres da lei (1 Tm 1.7). O mesmo apóstolo exortou os efésios à integração espiritual e à participação vital de todos dentro da igreja, para que eles não fossem agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina (Ef 4.14). O autor da epístola aos Hebreus adverte seus leitores a não se deixarem envolver por doutrinas várias e estranhas (Hb 13.9), enquanto João ordena aos seus leitores que não se associem a alguém que não permaneça na doutrina de Cristo (2 Jo 9,10). A igreja em Pérgamo é criticada por ter alguns que aderiram ao ensino de Balaão e à doutrina dos nicolaítas (Ap 2.14), enquanto a igreja em Tiatira é censurada por tolerar o ensino de Jezabel (Ap 2.20,24). Veja Castigo; Discípulo; Educação; Liderar, Líder; Parábola; Parábolas de Jesus; Rabi.

PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 647-650.

Os versículos 7-8 acrescentam: Se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar. Colocada ao lado de ensinar, a palavra exortar sugere pregação. Sobre o significado de exortação (dom de exortar), veja os comentários sobre o versículo 1. No entanto, Barrett nos lembra que precisamos evitar fazer uma distinção muito precisa entre ensinar e exortar. “Cada um destes termos significa uma comunicação da verdade do evangelho ao ouvinte, efetivada de diversas maneiras: em uma delas, é explicada - em outra, é aplicada. Contudo, esta comunicação nunca deve ser explicada sem ser aplicada, nem aplicada sem ser explicada”.

William M. Greathouse. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 8. pag. 164.

E um belo dom,

que o use e ocupe-se dele. “...se é ensinar, haja dedicação ao ensino”; assim alguns o complementam, ho didaskon, en te didaskalia. Que ele seja regular, constante e diligente no ensino; que permaneça naquilo que é a sua própria função, e esteja nela como em seu ambiente natural (veja 1 Tm 4.15,16, onde isso é explicado por duas palavras: em toutois isthi e epimene autois, estar nessas coisas e continuar nelas). Em segundo lugar, que aquele que exorta sirva na exortação. Que ele se dedique a isso. Esse é o trabalho do pastor, como o anterior é o do mestre; aplicar as verdades e as regras do evangelho mais próximas à situação e à condição das pessoas e inculcar nelas aquilo que for mais prático. Muitos que são muito hábeis em ensinar podem, no entanto, ser muito frios e inábeis em exortar; e vice-versa. De um se requer uma cabeça esclarecida, de outro, um coração aquecido. Agora, onde esses dons estiverem claramente separados (de modo que um sobressaia em um e outro em outro) gera edificação dividir o trabalho adequadamente e, qualquer que seja a tarefa de que nos encarregamos, vamos nos dedicar a ela. Cuidar do nosso trabalho é entregar o melhor de nosso tempo e pensamentos a ele, aproveitar todas as oportunidades para ele e não apenas refletir em como fazê-lo, mas fazê-lo bem.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 389.

Nas páginas do N.T., o vocábulo «...ministério...» geralmente aparece vinculado a alguma forma de ministração física, como no caso do serviço prestado por Marta (ver Luc. 10:40), embora também possa indicar alguma forma de serviço espiritual, como 0 serviço prestado pelos anjos aos herdeiros da salvação, conforme lemos em Heb. 1:14. No trecho de II Cor. 3:7, essa mesma palavra é usada para falar sobre o ministério geral de Moisés. Pode significar uma destas coisas:

  1. O serviço geral, físico ou espiritual, relativo às coisas temporais ou às realidades eternas.(Ver I Cor. 12:5; Efé. 4:13 e II Tim. 4:11).
  2. Pode aplicar-se a ofício apostólico com suas diversas administrações. (Ver Atos 20:24; II Cor. 4:1 e I Tim. 1:12). Isso é vinculado ao ministério da reconciliação. (Ver II Cor. 5:18; Atos 6:4 e II Cor. 3:8,9).
  3. Não é palavra especificamente usada para indicar o ofício diaconal, embora este seja referido por uma palavra cognata (proveniente da mesma raiz), isto é, «diakonos», que ocorre nesse sentido em Fil. 1:1 e I Tim. י . 3:8,12.

Vê-se, portanto, que a palavra «ministério» se aplica tanto ao serviço físico como ao serviço espiritual, os serviços mais chãos e mais elevados que podem ser realizados na igreja. (Ver Atos 6:1,4). Por conseguinte, é difícil nos decidirmos com certeza sobre o seu significado preciso, neste versículo do décimo segundo capítulo da epístola aos Romanos. O que se sabe é que essa palavra é distinguida da profecia, da exortação e do ensino, favorecendo a interpretação que pensa em um «serviço físico», como se se tratasse de atos de magnanimidade, em que aos necessitados são providos alimentos e em que se presta socorro aos necessitados em geral, segundo caiba por dever aos diáconos originais, no que tange à sua função na igreja local, não visando 0 seu ministério de modo geral; porquanto muitos dos diáconos eram quase apostólicos quanto ao caráter de suas funções espirituais. (Quanto a isso, basta-nos considerar os exemplos de Estêvão e Filipe, os quais haviam sido numerados entre os diáconos originais. Ver as notas expositivas sobre os «diáconos originais», bem como seu ofício, em Atos 6:2,5,6. Quanto à importância das «esmolas», para o judaísmo e para o cristianismo primitivo, ver Atos 3:2 e os comentários ali existentes. A leitura desses comentários dará ao leitor uma boa idéia dos motivos pelos quais Paulo salientou especificamente esse suposto serviço braçal, um tipo de ministração puramente física, como importante. E possível que a igreja cristã primitiva, seguindo os padrões práticos do judaísmo, fosse mais sensível para as necessidades físicas do povo, ao mesmo tempo que não negligenciava as necessidades espirituais dos homens).

Moule (in loc.) observa acerca desse «ministério» como segue: «Quase que cada trabalho, diferente das declarações inspiradas ou das operações miraculosas, pode ser incluso aqui». Assim também manifestou-se Godet (in loc.): «Uma atividade de natureza prática, exercida por meio de ação, e não de palavra».

Alguns estudiosos pensam que está aqui em foco o ofício específico dos «diáconos»; porém, apesar desse ofício estar naturalmente incluído, as funções aludidas neste versículo parecem ser muito mais amplas que aquelas que cabem aos diáconos.

Sanday e Headlam comentam (in loc.) concordando de forma geral com a interpretação apresentada acima: «...(palavra) usada ou geralmente, para indicar todas as ministrações cristãs (conforme se vê em Rom. 11:13; I Cor. 12:5 e Efé. 4:12), ou, mais especialmente, para indicar a administração de esmolas e socorros às necessidades físicas dos outros (segundo se vê em I Cor. 16:15 e II Cor. 8:4). Neste caso, a distinção com ‘profecia’, ‘ensino’ e ‘exortação’ parece exigir 0 sentido mais limitado».

«...dediquemo-nos ao ministério...» Essa «dedicação» não aparece no original grego, embora seja corretamente suprida na tradução. Literalmente, o trecho original diz: «...se serviço, no nosso servir». Se porventura o nosso dom consiste do humanitarismo, isto é, do elevado senso sobre as necessidades materiais alheias, devemos então dedicarmo-nos ao cumprimento dessa missão. Com esse tipo de ação cristã podemos comparar o trecho de Tia. 2:14-20, que fala sobre a comprovação da fé cristã, através dessa ministração. Vemos em Tiago a menção ao «alimento cotidiano» (versículo quinze), bem como à carência de «roupa». Sem esses cuidados para com os irmãos, a fé é declarada «morta».

Tudo isso serve para mostrar-nos quão importantes eram essas questões aos olhos da primitiva igreja cristã, o que também fica demonstrado pela própria nomeação dos diáconos originais. Não podemos ocultar o fato de que essa forma de ministração ocupa um lugar de muito menor destaque e importância, até mesmo nas chamadas igrejas evangélicas. Mas Deus certamente se agrada com aqueles que cuidam de seus irmãos na fé, ainda quando isso não envolve nenhum dom «espiritual» especial, como o do ensino ou o da profecia. Aqueles que possuem o espírito humanitário são o sal da terra, ainda que seu trabalho não pareça tão glorioso como 0 daquele que usa de palavras elevadas e de forma bela, a fim de persuadir aos homens sobre as verdades bíblicas.

«...o que ensina, esmere-se no fazê-lo...» (Ver as notas expositivas acerca da importância do «ensino», em Atos 20:20). Uma vez mais, o original grego diz tão-somente, «...aquele que ensina, no seu ensino...», deixando subentendida a ideia de «dedicação» ou «diligência». Aquele cujo ofício consiste em ensinar, deveria esforçar-se por aprimorar os seus conhecimentos, por melhorar a eficácia dos seus métodos de ensino, aumentando 0 seu interesse pessoal por aqueles que são os seus alunos. Um dos mais graves escândalos das modernas igrejas evangélicas é que a grande maioria dos seus mestres em nada melhora com a passagem dos anos, incluindo-se nisso tanto o conhecimento como os métodos empregados, como também não demonstram crescente interesse pessoal pelo bem-estar de seus alunos. Pois não é verdade que muitos pastores e outros ministros, depois de terminarem algum curso bíblico, em um instituto bíblico ou em um seminário qualquer, nunca mais envidam esforço para melhorarem, mas de ano após ano não apresentam qualquer mudança para melhor, dizendo sempre as mesmas coisas e da mesma maneira? Ponderamo-nos admirar, portanto que, neste nosso mundo moderno, onde 0 conhecimento geral aumenta de forma assustadora, tantos se sintam enfadados das igrejas, até que finalmente se desviam de todo? Não é suficiente proferir dogmas contínuos, sem variação e sem imaginação. Ninguém pode tolerar esse tipo de ministério para sempre. Esse tipo de ministério não corresponde aos problemas de nossa complexa sociedade contemporânea. No entanto, que o ensino bíblico é importante se toma imediatamente evidente através do fato que a Grande Comissão ordena-nos não somente evangelizar, mas igualmente ensinar, e ensinar «todas as coisas» que ele nos ordenou.

Ensinar mediante o «exemplo» também é importante, embora se trate de um aspecto olvidado por tantos mestres cristãos. (Há notas expositivas sobre essa questão em Atos 12:25. Ver também a distinção entre «profetas» e «mestres», em Atos 13:1 e Efé. 4:11). A distinção é que os mestres, apesar de serem-no por dom celestial, não se encontram sob inspiração imediata, de modo que lhes permita revelar alguma coisa nova, embora tenham à sua disposição certa forma de inspiração, que empresta autoridade àquilo que dizem. A inspiração dos mestres, entretanto, é muito mais sutil que a inspiração dos «profetas», pois a inspiração dos «mestres» vem mais por meios naturais, e não tanto por meios mais obviamente sobrenaturais e externos. Os mestres não precisam possuir quaisquer habilidades «psíquicas», o que sempre assinala o ofício dos «profetas».

Deveria tornar-se evidente, com base neste texto da epístola aos Romanos, que o ensino é um dom e ministério, e que somente os indivíduos assim dotados deveriam ensinar. E os crentes possuidores desse ministério deveriam procurar aprimorar-se na aplicação de sua chamada. O mestre cristão que espera pelo Espírito Santo, para que o Senhor o guie em suas pesquisas e em seus pensamentos, poderá expor aos seus ouvintes muitos tesouros, alguns antigos e outros novos, mas todos proveitosos e expressos de maneira tão convincente que possam transformar as vidas dos homens, porquanto as suas palavras podem ser usadas pelo Espírito de Deus visando exatamente a essa função.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 3. pag. 814.

I - JESUS, O MESTRE POR EXCELÊNCIA

  1. O mestre da Galileia.
  2. O SIGNIFICADO DE MESTRE

A palavra Mestre, nas escrituras, tem o sentido de designar “uma pessoa que é superior às outras, em poder, autoridade, conhecimento ou em algum outro aspecto”. No hebraico, a palavra 'adon que dizer “soberano” ou “senhor”. A palavra “rab” designa um “professor comum”. Com relação a Jesus, foi usada a palavra “rabi” (cf. Jo 4.31), indicando que ele era um mestre superior. As pessoas chamavam de “meu mestre”, “meu Senhor”, a quem tinha esse título. Jesus recebeu esse tratamento diversas vezes (Jo 1.38,49; 3.2,26). Quando Jesus ressuscitou, Maria usou a palavra “Rabon?, quando o reconheceu. “Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Raboni (que quer dizer Mestre)!” (Jo 20.16). Em seus ensinos, “O Senhor Jesus proibiu o uso deste termo entre os discípulos por causa do orgulho e da exaltação pessoal com que era utilizado entre os fariseus (Mt 23. 7,8).

  1. O MESTRE DA GALILEIA

Jesus era o Mestre perfeito. Além de Pastor, pregador, missionário e evangelista, exercia com excelência a missão de ensinar. Evangelizava e discipulava de maneira eficaz. Era o Mestre perfeito; o Doutor incomparável (Mt 4.23-25).

Seus ensinos, seus sermões ou discursos e suas aulas eram eloquentes e profundamente convincentes aos que o ouviam. Ele não ensinava teorias abstratas ou acadêmicas que impressionassem pela retórica. Seu ensino era bem recebido pelas multidões, porque Ele vivia o que ensinava e ensinava o que vivia.

O Mestre dos mestres fazia diferença em seus ensinos perante as multidões. O povo estava descrente das mensagens dos escribas e fariseus, que proferiam discursos eloquentes e legalistas, mas vazios de autenticidade e poder. Não foi por acaso, que as multidões que seguiam Jesus aumentavam a cada dia. A diferença dos ensinos de Jesus e os dos fariseus, era que Jesus falava com autoridade (Mt 7.28,29). Ele era incomparável, como Rabi da Galileia (Jo 3.2).

O Mestre dos Mestres deixou-nos grandes exemplos de sua pedagogia.

1) Conhecia a matéria que ensinava (Lc 24.27);

2) Conhecia seus alunos (Mt 13; Lc 15.8-10; Jo 21);

3) Reconhecia o que havia de bom em seus alunos (Jo 1.47);

4) Ensinava as verdades bíblicas de modo simples e claro (Lc 5.17- 26; Jo 14.6);

5) Variava o método de ensino conforme a ocasião e o tipo de ouvintes (Parábolas, perguntas, discursos, preleção, leitura, demonstração, etc.).

Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 120-121.

MESTRE Nas Escrituras, essa palavra está geralmente designando uma pessoa que é superior a outras, em poder, autoridade, conhecimento ou em algum outro aspecto. Várias palavras são traduzidas como "mestre" nas várias versões da Bíblia Sagrada. A palavra hebraica mais frequente, 'adon, significa "soberano" ou "senhor". O significado literal de várias palavras gregas varia de "instrutor" ou didaskalos, como em Mateus 10.24, até "déspota" ou despotes, como em 1 Pedro 2.18. Outra palavra grega traduzida como "mestre", epistates, significa "alguém nomeado sobre" outros, como em Lucas 5.5. Ainda outra palavra grega é, na verdade, hebraica - "rabbi" que significa "meu mestre" ("superior" ou "professor"), como em João 4.31. Uma quinta palavra grega para "mestre" é kurios que geralmente foi traduzida como "senhor" ao longo de todo o NT e significa "supremo" (em autoridade). No sentido mais elevado, o título se aplica apenas ao Senhor. Ainda existem outras palavras gregas e hebraicas com diferentes aspectos de significado que foram traduzidas como "mestre". Duas palavras gregas para "mestre" ocorrem em Mateus 23.8-10, "Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi [rhabbi, "meu mestre", ou "professor"], porque um só é o vosso Mestre [kathegetes, "líder" ou "professor"], a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos. E a ninguém na terra chameis vosso pai porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus. Nem vos chameis mestres [kathegetes, "líderes"], porque um só é vosso Mestre, que é o Cristo". Veja Rabi; Educação; Ensinar.

PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1261-1262.

RABI Esta palavra é uma transliteração da palavra hebraica usada como um termo de respeito e honra. A palavra significa literalmente "meu grande", "meu mestre". Embora o termo tenha sido originalmente usado como uma marca de respeito, depois do século I d.C. ele tornou-se um título para mestres religiosos e líderes, perdendo em grande parte o seu significado original. Este título continuou em uso durante a era Cristã, e é usado atualmente para designar os ministros ordenados entre os judeus. Embora as escolas recentes entre os judeus tenham tentado usar a graduação de títulos variando de "rab", um professor comum, até "rabi", e então "raboni", no tempo do Senhor Jesus não houve nenhuma consistência em uma forma de uso semelhante. No NT, o termo rabi foi aplicado ao Senhor Jesus em várias ocasiões, porém mais provavelmente no sentido de honra do que em um significado técnico (Jo 1.38,49; 3.2,26; 6.25). A palavra raboni, usada por Maria ao se dirigir ao Senhor ressuscitado (Jo 20.16) é a forma aramaica da mesma palavra. Certa vez o Senhor Jesus proibiu o uso deste termo entre os discípulos por causa do orgulho e da exaltação pessoal com que era utilizado entre os fariseus (Mt 23.7,8). Veja Educação; Mestre; Ocupações: Doutor; Advogado; Escriba; Sinagoga; Talmude.

PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag.  1242-1243.

Que pregador habilidoso Cristo era. Ele passou por toda a Galileia, ensinando nas sinagogas e pregando o Evangelho do reino. Entenda; 1. O que Cristo falava sobre o Evangelho do reino. O Reino dos céus, isto é, o reino de graça e glória, é enfaticamente o reino, o reino que estava chegando; o reino que iria sobreviver, que superaria todos os reinos da terra. O Evangelho compreende os estatutos deste reino, contendo o juramento de coroação do Rei, pelo qual Ele se obriga graciosamente a perdoai-, proteger e salvar os súditos daquele reino e a procurar a sua honra. Este é o Evangelho do reino; dele, o próprio Cristo foi o pregador, para que a nossa fé no reino possa ser confirmada. 2. Onde Ele pregava. Nas sinagogas. Não apenas ali, mas ali principalmente, porque estes eram os lugares onde a multidão se reunia, onde a sabedoria erguia a sua voz (Pv 1.21); porque eram os lugares onde o povo se reunia para a adoração religiosa e ali, esperava-se, a mente do povo estaria preparada para receber o Evangelho; e ali as Escrituras do Antigo Testamento eram lidas, e a sua exposição poderia facilmente introduzir o Evangelho do reino. 3. O empenho que Ele tinha em pregar. Ele passou por toda a Galileia, ensinando. Ele podia ter publicado uma proclamação, convocando todas as pessoas para que viessem até Ele; mas para mostrar a sua humildade, e a condescendência da sua graça, Ele vai até eles; pois Ele espera ser gracioso e vir para buscar e salvar. Josefo disse que havia aproximadamente duzentas cidades e vilas na Galileia, e Cristo visitou todas elas, ou a sua maioria. Ele viajava fazendo o bem. Nunca houve um pregador itinerante assim, tão infatigável, como era Cristo. Ele ia de cidade em cidade, para pedir aos pobres pecadores que se reconciliassem com Deus. Este é um exemplo para os ministros, para que se dediquem a fazer o bem, e. para que Sejam insistentes e constantes, a tempo e fora de tempo, em pregar a palavra.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 39-40.

Com estas palavras Mateus repete o que já afirmou em 4.23-25 sobre a atividade abrangente do Senhor. O v. 35 caracteriza, numa coincidência quase literal com 4.23, a atuação com quatro verbos. São eles: percorrer a região, ensinar, evangelizar, curar.

Estas quatro atividades revelam-nos o Cristo que fala e que trabalha, ou seja, a atuação de Jesus com palavra e atos, com cuidado pela alma e cuidado pelo corpo.

Primeiro: Jesus percorria a região. Ele procurava as pessoas lá onde estavam em casa. Em todas as cidades e aldeias há pessoas em casa. Jesus não espera que as pessoas venham a ele (como João Batista!), contudo vai até elas e as procura, por mais estranhos e escondidos que possam ser em seus hábitos. Ele realiza “visitas domicialiares”, como diríamos hoje. Samuel Keller afirmou certa vez: “A chave para as almas das pessoas está pendurada em sua casa. Por isso é necessário ir até elas, procurá-las em sua vida cotidiana, em suas aflições, em suas doenças, em sua solidão.”

Ressaltam-se em seguida três momentos característicos dessas andanças, dessa procura das pessoas em seus lares.

Segundo: Ensinando. Ensinar refere-se à instrução dada ao povo (exposição da palavra de Deus!), e também à controvérsia com os fariseus e escribas.

O objetivo é que o povo seja ensinado a partir da autoridade, e não dos “estatutos humanos”. A palavra, novamente a palavra, a palavra poderosa do Espírito, jamais poderá ser enaltecida demais. De que outra maneira o Bom Pastor alcançaria seu rebanho, se não fazendo ressoar a sua voz?

Terceiro: Ao lado do ensino acontece, como segunda característica, o “anúncio”, a “proclamação de alegria” do reino. Quem ouviu esse chamado de arauto, essa proclamação de alegria, deve saber que está convocado a se tornar cidadão desse reino, o reino que existirá de eternidade a eternidade.

Quarto: Ensino e proclamação são acompanhados da ação simultânea. Pois o reino de Deus está “em vigor”. Quando o Senhor diz a sua palavra, caem as amarras do pecado, os castelos do mâmon, as fortalezas da doença, sim os laços da morte. – Jesus nos proíbe deixar de lado a grande miséria física, social e econômica das multidões, como se não tivéssemos nada a ver com ela, como se fosse possível ouvir e aceitar o evangelho do reino de modo desligado dela. Jesus nos proíbe considerar essa miséria como algo sancionado por Deus. Pelo contrário, ela faz parte da realidade sem Deus em que Jesus nos ordenou que penetrássemos, dando-nos as magníficas palavras do “sal” e da “luz”.

Fritz Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de Mateus. Editora Evangélica Esperança.

Mt 4:23 A Galileia região tinha uma população de cerca de 300.000 em 200 ou mais vilas e cidades, sem grandes cidades na área. O ministério de Jesus incluiu ensinar discípulos e aqueles que já estão familiarizados com a sua mensagem, proclamando a verdade para aqueles não familiarizados com a mensagem, e curando enfermidades físicas, emocionais e espirituais. Cura de todas as doenças e aflição dá uma antecipação surpreendente da idade para vir, onde não haverá mais doenças (1 Coríntios 15:42-43;.. Phil 3:21; Ap 21:4). O ministério de Jesus combinado que atendia às necessidades físicas das pessoas com o ministério para suas mentes e corações (proclamando o evangelho do reino ). Em sinagogas , ver nota em Lucas 4:16 e A Sinagoga e Adoração judaica.

BIBLIA DE ESTUDO ESV ENGLISH STANDARD VERSION. Published by Crossway Bibles.

Mt 7.28,29 Nos dois últimos versículos, tomamos conhecimento da impressão criada pelo discurso de Cristo nos seus ouvintes. Foi um excelente sermão, provável que Ele tenha falado muito mais, porém estas palavras não foram registradas. Sem dúvida, as palavras que saíram da sua boca, de cujos lábios se derramava a graça, contribuíram poderosamente para isso. Portanto: 1. Eles ficaram admirados com a sua doutrina. Acredita- se que poucos tenham sido levados a segui-lo, mas naquele momento todos ficaram maravilhados. Veja bem: Será que é possível acreditar que as pessoas admirem um bom sermão e ainda assim permaneçam na ignorância e na incredulidade? Ficam admiradas, mas não se tornam santificadas? 2. Talvez a razão disso seja que, apesar de ensinar com autoridade, Ele não era como os escribas. Os escribas pretendiam ter a mesma autoridade de qualquer um dos mestres, e eram apoiados por todas as vantagens externas que conseguiam. Porém, a sua pregação era pobre, vazia e insípida. Falavam como se não fossem mestres daquilo que pregavam, suas palavras não vinham de alguém que tivesse força ou vida, e repetiam as palavras como os alunos repetem as lições. Mas Cristo pronunciava o seu discurso da mesma maneira que um juiz pronuncia uma sentença. Ele realmente fazia seus discursos com um tom de autoridade. Suas lições eram leis, e a sua palavra era uma palavra, de comando. Cristo, sobre a montanha, mostrava mais autoridade que os escribas na cadeira de Moisés. Dessa forma, quando Cristo ensina às almas através do seu Espírito, Ele ensina com autoridade. Ele disse: “Haja luz. E houve luz”.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 90.

Mt 7.28,29 As palavras concluindo Jesus este discurso marcam o final do ensino de Jesus sobre o discipulado, e um retorno à narrava de Mateus. Jesus havia deixado as multidões completamente admiradas com a sua doutrina. Ele era diferente dos mestres da lei religiosa, que citavam frequentemente os conhecidos rabinos a fim de dar mais autoridade aos seus ensinos. Jesus não tinha essa necessidade; como era o Filho de Deus, Ele sabia exatamente o que as Escrituras diziam e significavam. Ele era a suprema autoridade. Jesus não precisava citar ninguém, porque Ele mesmo era a própria Palavra Original, o Verbo (João 1.1). O povo nunca tinha ouvido um ensino como este.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 55.

Mt 7. 28-29. O impacto do sermão do Monte foi profundamente marcante e duradouro. É o que também denota o tempo verbal do imperfeito no original grego. O imperfeito expressa a duração de uma ação ou impressão. “As multidões estavam totalmente fora de si.” Estavam como que atordoadas, paralisadas! Pavor e admiração, profundo abalo interior e simples incapacidade de captar tomaram conta de seu coração. Jamais tinham ouvido algo assim.

Havia também entre os escribas personalidades famosas e oradores poderosos. Nomes como os dos grandes mestres da lei Shammai e Hillel, que viveram pouco tempo antes de Jesus, ainda estavam vivos na memória de todos. Mas não eram nada diante daquele que agora falava com autoridade como o “Senhor”.

Aqueles podiam anunciar, com formulações cuidadosas e expressões elaboradas, uma série de prescrições morais detalhadas, mas Jesus derruba, a partir de sua autoridade divina, tudo o que eles haviam falado. Ele coloca diante dos seus ouvintes uma parede rochosa, uma parede granítica, vinda da eternidade, que esmagava e estilhaçava tudo o que até então fora dito. Nenhum discurso que tenha saído de lábios humanos era mais arrasador e impactante do que esse. Ele era, no mais verdadeiro sentido da palavra, a “inversão de todos os valores”. Ele foi e continua sendo o mais abrangente e mais radical paradoxo, i. é, diretamente oposto a tudo o que houve até então, que já fora dito sobre a face da terra.

O que antes era “branco”, o Senhor designa de “preto”, e o que era “preto” ele chama de “branco”. O que antes se dizia “em cima”, fica agora situado “em baixo”, e o que antes ficava “em baixo”, hoje se fala “em cima”. “Comparadas com a reviravolta que o sermão do Monte trouxe, as maiores revoluções são apenas batalhas infantis.” Todas as religiões da terra esforçam-se por estabelecer leis que se situam no âmbito do humanamente praticável. Jesus exige o que está fora do humanamente alcançável. Porém, o que é impossível aos homens, é possível para Deus, possível “em Cristo”, unicamente nele!

Usando uma comparação da música, o sermão do Monte é como uma magistral sinfonia que, sem qualquer preparação, inicia nos primeiros compassos com a atuação de toda a orquestra. E todos os instrumentos seguem sempre tocando o tema principal, o tema principal que é desenvolvido de modo inaudito e fundamentalmente diferente de todos as demais orquestras, a saber: O ser humano não é nada - Deus é tudo. O ser humano não pode nada - Deus, porém, pode tudo.

Até o momento em que foi pronunciado o sermão do Monte, as orquestras dos judeus tinham tocado aquela melodia que, sob a regência dos fariseus e escribas, fazia ressoar: “Justiça é possível a partir do esforço próprio, do mérito pessoal” (cf. o exposto em detalhes sobre Mt 5.38ss). Religião é auto-salvamento! Basta cumprir pontualmente todas as determinações estabelecidas pela religião, para que o superávit dos mandamentos observados supere o eventual pequeno déficit das transgressões da lei. Quando isso se concretiza, então Deus (assim ensinavam os mestres da lei) considera como justa aquela pessoa que fez por merecer total e plenamente o céu através de seu tesouro de obediências excedentes à lei. Portanto, o ser humano pode alcançá-lo e realmente o consegue sozinho, não carece nem da graça nem da salvação. Essa era a melodia que soava em toda a parte até o momento em que foi falado o sermão do Monte.

Além disso, até a hora de ser proferido o sermão do Monte, todas as orquestras humanas tinham tocado a melodia seguinte: “Toda a bem-aventurança humana consiste nisso: riqueza é felicidade, estar farto é conteúdo de vida, honra é „querer ser alguém‟, religião é autossatisfação, culto é produção com que eu próprio posso adquirir o céu”. O sermão do Monte, no entanto, anuncia com nitidez desde o primeiro compasso, pela atuação de todos os seus instrumentos, mesmo que o ouvinte empalideça: “A bem-aventurança da pessoa não está na riqueza, mas na pobreza, estar satisfeito não é ter de sobra, mas ter fome, honra não está em „querer ser alguém‟, mas em servir. Culto não é produção, mas graça. Religião não é satisfação das pessoas, mas paz de Deus e força de Deus. Somente aos que por si próprios nada são, nada têm e nada sabem, a esses, somente a eles, pertence a riqueza inescrutável e eterna de Deus e do Cristo. Somente os fracos, famintos, tristes e pobres em si – são ricos em Deus, ricos para toda a eternidade. Somente os que, com toda a seriedade e sinceridade, até com a última fibra do coração, “buscam o reino de Deus”, que querem agradar ao seu Senhor e Deus em cada situação do cotidiano, que, mediante recurso às forças do alto, fazem acontecer seu amor divino na pressão e escuridão do mundo, somente a eles pertence o reino dos céus e tudo o que na terra é necessário para ele, e precisamente do modo como Deus o quer!

Portanto: primeiro Deus, e outra vez Deus e de novo unicamente Deus. É isso que o sermão do Monte, ouvido como uma sinfonia, faz ressoar como tema principal mediante o toque de todos os seus instrumentos. Somente aquele que se esquece de si mesmo e pensa apenas no Cristo será bem-aventurado. Somente quem quer tornar-se feliz por graça, unicamente por graça, torna-se justo, é redimido para o tempo e a eternidade. Em Cristo, nele somente!

Fritz Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de Mateus. Editora Evangélica Esperança.

  1. O mestre divino.

O ensino do Mestre Jesus não teve nem tem paralelo em qualquer instrução, discurso ou filosofia dos homens. São ensinamentos para serem vividos, e não apenas pregados. Não eram como os ensinos dos fariseus ou dos doutores de sua época (Mt 7.29). Tempos depois, seu discípulo e apóstolo, Paulo, que não conviveu com Ele, afirmou: “A minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder” (1 Co 2.4). Uma das maiores causas do descrédito no evangelho pregado por muitas igrejas e muitos pregadores é a falta de autenticidade na vida deles. Jesus demonstrou, com sua palavra e com seus feitos que era o Mestre Divino. Ele pregava o evangelho vivo, que não consistia apenas em belos sermões, mas em vidas transformadas.

Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 121.

3.1,2 Nicodemos eta um líder religioso judeu e um {ariseu, isto é, pertencia à seita mais rigorosa daqueles tempos. Os líderes religiosos judeus estavam divididos em vários grupos.

Dois dos grupos mais importantes eram os fariseus e os saduceus. Os fariseus se isolavam de tudo que não fosse judeu e observavam cuidadosamente as leis do Antigo Testamento e as tradições orais transmitidas através dos séculos. Por ser um “líder”, ele fazia parte do conselho diretor judaico. Embora os romanos controlassem Israel politicamente, os judeus exerciam alguma autoridade sobre questões religiosas e civis menos importantes. O corpo diretor era formado por um conselho de setenta e um líderes religiosos judeus.

O que motivou Nicodemos a procurar Jesus? Provavelmente, ele estava impressionado e também curioso, e preferiu formar sua opinião a respeito de Jesus depois de uma conversa inicial. Talvez preferisse evitar ser visto na sua companhia, em plena luz do dia, por temer a censura de seus companheiros fariseus (que não criam que Jesus era o Messias). Mas pode náo ter sido o medo que o levou a Jesus depois de escurecer, e também é possível que tenha escolhido um momento em que pudesse conversar sozinho e longamente com o popular mestre que estava sempre cercado de pessoas.

Respeitosamente, Nicodemos se dirigiu a Jesus como o Mestre que havia sido enviado por Deus. Embora isso fosse verdade, esse título revela seu limitado conhecimento sobre Jesus, afinal Ele era muito mais que um simples rabino. Mas pelo menos Nicodemos identificou os sinais miraculosos de Jesus como a revelação do poder de Deus.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 500.

Uma Vida Nova Para um Homem Morto —Nicodemos (3.1-21)

Uma das infelicidades ocasionais nas divisões de capítulos da Bíblia é uma aparente ruptura no pensamento onde não deveria haver ruptura. O início do capítulo 3 é um excelente exemplo disto. João escreveu que Jesus “sabia o que havia no homem” (2.25). Mas João prosseguiu dizendo, sem qualquer quebra de linha nem ruptura de pensamento, que havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, príncipe dos judeus (1). E como se João estivesse dizendo: “Jesus tinha o conhecimento perfeito das necessidades mais profundas dos homens. Vamos citar alguns exemplos, começando com um homem, o fariseu Nicodemos”. Assim, Nicodemos se torna a “evidência A” para ilustrar o que Jesus conhece sobre os homens.

A palavra para homem tanto em 2.25 quanto em 3.1 é anthropos, que basicamente se refere aos homens como uma classe. E uma palavra genérica. Assim, o que se diz aqui a respeito de Nicodemos, um indivíduo, é dito sobre todos os homens. Esta é uma das muitas universalizações do Evangelho de João. A salvação é para “todos” (16), mas também é verdade que todos os homens precisam do nascimento que vem do céu (cf. Rm 3.23).

O cuidado com que se descreve a situação de Nicodemos na vida religiosa judaica não é uma coincidência. Ele era um homem entre os fariseus, um príncipe dos judeus. Se algum homem, na ordem antiga, conheceu o significado de Deus e dos seus planos e propósitos para o homem, esse foi Nicodemos — ele era profundamente entranhado na tradição monoteísta, além dos ensinos da lei, da história de Israel e das proclamações dos profetas. Mas em algum lugar, de alguma maneira, ele se perdera no caminho, e de alguma maneira exemplificava o que havia acontecido com o judaísmo. Assim, uma vez mais, João estabelece um vívido contraste entre a antiga aliança, com todos os seus mal-entendidos, as suas inadequações e suas falhas, e a nova aliança, que assegura a abundância da vida, que tem o Deus vivo e verdadeiro como a sua Fonte.

Este foi ter de noite com Jesus (2). Há uma grande dose de especulação quanto ao motivo pelo qual Nicodemos veio de noite. Alguns dizem ter sido por medo das opiniões alheias, especialmente de seus colegas. Há algo a ser dito a este respeito, à luz de outras duas ocasiões nas quais ele aparece neste Evangelho. A sua defesa de Jesus em 7.50 parece ser um pouco impessoal, e foi José de Arimatéia quem iniciou o pedido do corpo de Jesus (19.39). Talvez Nicodemos quisesse uma reunião tranquila, à noite. Mas uma pergunta melhor sobre esta visita seria: “Por que ele veio, afinal?” A resposta pode explicar por que ele veio de noite. Devido à profunda necessidade da sua alma, ele veio até o Senhor saindo da escuridão na qual ele e os seus companheiros estavam imersos. Compare isto com o ato de Judas. Quando ele deixou Jesus para ir fazer o acordo com os judeus, ele saiu “e era já noite” (13.30). O contraste vívido entre a luz e as trevas aparece regularmente ao longo de todo o Evangelho (cf. 1.5, 9; 3.19; 8.12; 9.4-5; 12.35).

Nicodemos disse: Rabi, bem sabemos que és mestre vindo de Deus, porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele (2). Os milagres que Jesus realizara (2.23) indicavam o caminho para Nicodemos e para aqueles que este representava (observe a forma plural sabemos). Por causa desses milagres, eles pensavam que Jesus era um professor especial enviado por Deus. Rabi... és... vindo de Deus. Mas isto não significava que Jesus estava sendo reconhecido como o Messias.

Joseph H. Mayfield. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 7. pag. 48.

O ―diálogo com Nicodemos‖, conhecido por todos nós, mas em geral conhecido apenas como um episódio isolado, como estamos notando agora, acontece durante a primeira estadia de Jesus em Jerusalém. Trata-se de um recorte da atuação de Jesus naquela cidade, ou melhor, é também um fruto dessa atuação. Jesus mexe com os ânimos até entre os grupos dirigentes. Nessa reflexão precisamos ter sempre em mente que a expectativa do Messias vindouro estava viva em Israel e ganhara nova intensidade sob a pressão da dominação estrangeira romana. Já por ocasião do surgimento de João Batista a pergunta era: Será que ele pretende ser o Messias (cf. Jo 1.19ss)? Ocorre que em sua pessoa e seus atos Jesus é ainda mais poderoso e envolvente que João Batista. Por isso ―muitos creram em seu nome‖ (Jo 2.23). Por essa razão vai até Jesus um dos homens dirigentes de Jerusalém, chamado Nicodemos, que pertencia ao grupo dos ―fariseus‖ e tinha assento e voz no Sinédrio.

―Este, de noite, foi ter com Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que és Mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele.‖ João não nos diz por que esse homem veio procurar Jesus ―de noite‖. Não precisa ser por causa de medo ou receio. Pelo que se vê, Nicodemos é unânime com outros líderes importantes na apreciação de Jesus, podendo declarar: ―Sabemos que vieste de parte de Deus.‖ Então não tinha necessidade de ocultar sua visita a Jesus. É provável que naquele tempo se valorizasse muito as tranqüilas horas noturnas para manter um diálogo sem interrupções, motivo pelo qual João não considera necessária nenhuma justificativa especial da visita à noite.

2 Igualmente permanece em aberto a pergunta se os primeiros discípulos de Jesus, portanto, inclusive o próprio João, estiveram presentes ao diálogo.

O tratamento que Nicodemos dirige a Jesus é honroso. Ele, o reconhecido teólogo, o ―mestre em Israel‖ (v. 10), chama o homem sem estudo da Galiléia de ―Rabi‖. Espontaneamente reproduz a profunda impressão que ele e outros colegas do Sinédrio obtiveram de Jesus. Contudo, também neste caso não foram tanto as palavras de Jesus que o convenceram em seu íntimo, mas os ―sinais‖ que o constrangem a ver Deus por trás da atuação de Jesus. Mais tarde, nem mesmo os mais admiráveis milagres de Jesus convenceram seus antagonistas, mas somente intensificaram seu endurecimento ao extremo (cf. Jo 9.24-34; 11.46-53). Novamente torna-se claro que ―milagres‖ não podem ser a base

vital para uma fé verdadeira. Contudo, desde já Nicodemos estabelece uma clara barreira na interpelação honrosa de Jesus, que se torna perceptível no termo ―mestre‖, enfaticamente posposto. Vieste de Deus, sim; porém és apenas um grande ―mestre‖, nada mais que isso. Ou queres ser mais? Queres concordar com aqueles que agora estão a dizer em Jerusalém: Jesus Cristo, Jesus o Messias? Nicodemos dirige essa indagação oculta a Jesus. É sobre essa pergunta que ele pretende falar com o próprio Jesus.

Werner de Boor. Comentário Esperança Evangelho de João. Editora Evangélica Esperança.

  1. Alguns eruditos identificaram Nicodemos com Naqdimon ben Gorion, um rico cidadão de Jerusalém que, de acordo com o Talmud, foi encarregado de suprir de água os peregrinos nas grandes festas.151 Os argumentos a favor desta identificação, no entanto, são bastante inconclusivos. Os fariseus, (já mencionados em 1.24) tinham uma influência sobre o público em geral totalmente desproporcional ao seu número. Eles eram um grupo minoritário no Sinédrio.

O fato de Nicodemos ser um dos principais dos judeus implica em que ele era membro dos fariseus no sinédrio (veja também Jo 7.50).

Pode ser que o evangelista esteja considerando Nicodemos como um dos “muitos” , de 2.23.153 No entanto, é possível que a conjunção grega de com que ele é apresentado no começo de Jo 3.1 tenha força adversativa: “Mas havia, entre os fariseus...” Como os outros, Nicodemos ficara impressionado com os sinais que vira, sem atinar para seu significado mais profundo, mas havia nele um desejo sincero de aprender mais, ao qual Jesus correspondeu “confiando-se" a ele mais que a muitos outros.

  1. É melhor considerar a afirmação de que a visita de Nicodemos foi feita à noite como simples lembrança dos fatos, sem dar-lhe uma interpretação alegórica, como se a escuridão lá fora refletisse as trevas do entendimento de Nicodemos, que precisou ser iluminado. Também não precisamos querer saber por que ele decidiu vir à noite - se não quis que seus colegas e outros soubessem dos seus passos, ou escolheu uma hora em que não era provável que Jesus fosse perturbado, para terem tempo para uma conversa longa.

Nicodemos pode ter tido uma compreensão deficiente, mas pelo menos não estava cegado por preconceitos, como aqueles líderes religiosos cuja reação às palavras e obras de Jesus foi atribuí-las à atividade demoníaca (veja Jo 8.48,52, Mc 3.22ss.). Mesmo que ele não tenha compreendido o significado dos sinais, percebeu que eles somente poderiam ter sido operados pelo poder de Deus. Por esta razão, apesar de Jesus não pertencer às escolas de ensino sacro reconhecidas, este mestre-líder em Israel saudou-o como um igual com o título Rabi - um sinal de respeito que valia mais partindo de Nicodemos que dos dois discípulos jovens de João 1.38. As conclusões de Nicodemos eram válidas, até onde tinha ido, mas não chegaram ao ponto que importava. Jesus viu o estado de sua alma, por trás das palavras de saudação proferidas por ele e respondeu-lhe numa linguagem que, por mais desconcertante e incompreensível que tenha parecido a Nicodemos, fora calculada com cuidado para falar à sua condição.

  1. F. BRUCE. João. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 78-79.
  2. O mestre da humildade.

A Auto humilhação de Jesus (Jo 13.4-20)

Pelo fato de a declaração de abertura do capítulo 13 ser longa e detalhada, o leitor deve considerar que o início da cena da ceia ocorre na primeira oração do versículo 2: E, acabada a ceia (o texto grego diz “durante a ceia”), e então continua com a primeira oração no versículo 4: levantou-se da ceia. Ao fazê-lo, o Senhor tirou as vestes (4, cf. 10.17; Fp 2.5-8); i.e., a túnica externa. Então, tomando uma toalha, cingiu-se, o que “marca a ação de um escravo”. Assim preparado, Ele pôs água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxuga-los com a toalha com que estava cingido (5). João não declara por que algum dos discípulos não executou esta tarefa servil, mas evidentemente havia ocorrido alguma “busca de posição” entre os doze (Lc 22.24). Além disso, Jesus era o único naquela sala que poderia executar até mesmo o simbolismo da purificação — pois só Ele estava limpo no sentido teológico e moral da palavra (cf. 17.19; Hb 13.12). Ele veio para dar ao homem a possibilidade de tornar-se puro, moralmente limpo, santo.

Quando Jesus foi lavar os pés de Pedro, este lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a mim? (6) A resposta de Jesus, não o sabes tu, agora, não só afirmava a ignorância de Pedro em relação às coisas espirituais (e.g., a vinda do Espírito), como também incluía uma promessa: tu o saberás depois (7). O que eu faço era a humilhação do Senhor, simbolizada no ato de lavar-lhes os pés; na verdade, porém, Ele estava proporcionando toda a obra redentora de Deus para o homem. Hoskyns comenta que a reação de Pedro não é um contraste entre o orgulho de Pedro e a humildade de Jesus, mas, antes, “entre o conhecimento de Jesus, o qual é a base da ação, e a ignorância de Pedro, que ainda não percebe que a humilhação do Messias é a causa efetiva da salvação cristã” (cf. 2.22; 7.39; 12.16; 14.25-26; 15.26; 16.13; 20.9). Mas o entendimento do futuro estava longe demais para Pedro. Ele só via a incongruência imediata da situação — Jesus lavando os seus pés. Impulsivamente, ele declarou: “Nunca em nenhum momento lavarás os meus pés — para sempre” (tradução literal). Pedro esperava colocar um ponto final em tudo aquilo. Mas Jesus conhecia o caminho para o coração de Pedro — a ameaça de ser excluído da presença de Jesus, a quem Pedro amava. Se eu te não lavar, não tens parte comigo (8; cf. Hb 12.14). “Não há lugar na sociedade dos cristãos para aqueles que não forem purificados pelo próprio Senhor Jesus”. Se a comunhão só poderia ser adquirida pela purificação (cf. 1 Jo 1.7), então Pedro queria tudo o que pudesse ter — pés, mãos e cabeça (9).

Jesus fez uma aplicação geral da ideia sobre a qual conversava com Pedro: “Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés. Ele está todo limpo”. “Vós estais limpos, mas não todos” (10). Hoskyns comenta que, no ato da lavagem dos pés, Jesus “simbolicamente declara a completa purificação deles através da humilhação da morte do Messias. O cristão fiel é purificado pelo sangue de Jesus” (1 Jo 1.7; cf. Rm 6.1-3; 1 Co 10.16). Se a santidade de coração estiver no coração da Eucaristia (ver o comentário sobre 6.53), a pureza do coração está no coração do Pedilavium (lavagem dos pés). Tudo isto era uma prefiguração simbólica da obra do Espírito que se tornaria possível através da sua vinda (14.15-17,25-26; 15.26; 16.7-15).

Mas, e quanto a Judas? Ele estava limpo? Jesus sabia, e soube (6.70-71), quem o haveria de trair; por isso, disse: Nem todos estais limpos (11). Bernard diz: “No que diz respeito à limpeza do corpo, não há dúvida de que ele estava nas mesmas condições dos outros, mas não no sentido espiritual”.

Tendo lavado os pés dos discípulos e vestido a sua túnica, Jesus, estando à mesa, outra vez perguntou aos discípulos: Entendeis o que vos tenho feito? (12) Macgregor comenta: “Quando ‘veste a sua túnica’, Jesus assume a sua vida novamente (10.17ss.) no poder do Espírito, e assim esclarece todas as coisas” (7). Sem esperar por uma resposta, Jesus explicou que isto tinha sido um exemplo (15), ou modelo, “que estimula ou deve estimular alguém a imitá-lo”. Da mesma forma que Ele, seu Mestre (literalmente, “Ensinador”) e Senhor, lhes tinha feito, assim deveriam fazer uns aos outros (13-14; cf. 34). Hoskyns diz: “Seu ato de lavar os pés dos discípulos expressa a própria essência da autoridade cristã”. Não parece haver qualquer evidência de que Jesus quisesse que a lavagem dos pés fosse instituída como um sacramento. Mas fica claro que Ele estava ensinando, pelo exemplo básico e axiomático, embora paradoxal, que a única maneira de ser “o maior” (Lc 22.24) ou de ser bem-aventurado (17) é tomar a estrada do serviço amoroso (13.34) e do sacrifício (10.15), baseado no conhecimento da vontade de Deus para nós. A palavra traduzida como bem-aventurado no texto das Beatitudes é makarioi (Mt 5.3-12).

Joseph H. Mayfield. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 7. pag. 116-117.

João 13. 4/5 Na seqüência começa a instrução e preparação dos discípulos com uma ação de Jesus, da qual não obtemos nenhuma notícia no relato dos sinóticos. Jesus ―levantou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha de linho, cingiu-se com ela. Depois, deitou água na bacia e passou a lavar os pés aos discípulos e a enxuga-los com a toalha com que estava cingido.‖ Com que detalhamento e precisão João está relatando, quando em outras passagens costuma relatar de maneira muito sucinta! É como se ele visasse destacar com isso a conotação extraordinária e admirável da ação. Cumpre ponderar que em geral lavar os pés era apenas serviço dos ―escravos‖, sim, dentre um grupo de escravos executava-o somente o mais humilde e desvalorizado. E agora executa-o aquele ―a quem o Pai confiou tudo nas mãos‖, ―o Senhor da glória‖ (1Co 2.8). Nesse episódio torna-se palpável o que Paulo quer dizer em Fp 2.6ss: Ele, que ―subsistindo em forma de Deus‖, ―esvaziou-se a si mesmo, assumindo a forma de servo‖. Com o pano de linho se cingiu ―do avental de escravo para servir‖, exercendo um serviço típico de escravo.

Werner de Boor. Comentário Esperança Evangelho de João. Editora Evangélica Esperança.

Jo 13.3-5. A linguagem solene do versfcuio 3 prepara-nos para um ato de majestade divina. Jesus, consciente da soberania universal que o Pai lhe conferiu, plenamente ciente da sua origem e destino celestiais, faz algo que deixará no coração dos discípulos um sinal indelével desta soberania, origem e destino.

Ele se veste como um empregado da casa e pratica a tarefa de um empregado. Qualquer um dos discípulos teria realizado com prazer este serviço para ele, mas o ato de fazê-lo para os outros discípulos seria considerado uma admissão de inferioridade, intolerável diante da intensa competição que havia entre eles pelo lugar principal no reino do seu Mestre. Lucas acrescenta um elemento interessante, descrevendo como a disputa deles sobre este assunto provocou em Jesus algumas palavras sobre os verdadeiros padrões de grandeza e um apelo para que olhassem para seu próprio exemplo: “ ...no meio de vós, eu sou como quem serve" (Lc 22.24-27).

A descrição viva de João ilustra a afirmação de Filipenses 2.6s„ de que aquele que subsistia “em forma de Deus” assumiu a “forma de servo” - e com esta atitude manifestou Deus na terra da maneira mais perfeita possível. A forma de Deus não foi trocada pela forma de servo; ela foi revelada na forma de um servo. No lava pés, os discípulos, apesar de não entenderem no momento, viram uma manifestação rara da autoridade e da glória do Verbo encarnado, e uma declaração incomum do caráter do próprio Pai. Gordon Rupp descreve a degradação de Thomas Cranmer, no exercício de seu cargo sagrado, nestes termos:

E quando ele, finalmente, estava ali parado sem batina, vestido com as roupas de um indigente - in servitutem et ignominiam habitus - Bonner exclamou: “Agora não és mais Lorde". Cranmer logo respondeu que “nunca dera mais importância a algum título, nome ou estilo de escrita, do que ao ato de descascar uma maçã", mas ele dever ter sentido profundamente sua humilhação... E nós podemos ter certeza de que os quacres em tempo algum puseram um ponto de interrogação mais irônico atrás de um clérigo do que o fato de que, quando todos os advogados tinham sido afastados, um arcebispo acabou sendo descoberto “na forma de um servo" - isto ê, as únicas vestes sagradas adotadas pelo Senhor e Autor da Igreja Certamente, nenhuma veste combina tão bem com um ministro cristão como o “avental da humildade” (1 Pe 5.5) - expressão em que podemos detectar uma lembrança viva de uma ocasião inesquecível.Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 240-241.fonte estudaalicao.blogspot.com /mauricioberwald.comunidades.net