INFORMAÇÕES SOBRE O GÊNESIS
INTRODUÇÃO
MAURICIO BERWALD
No estudo do Gênesis, temos seis perguntas específicas a responder: Quem o escreveu? Qual o seu tema? Quando foi escrito? Onde foi escrito? Qual a sua composição literária? e: Por que foi escrito?
Tendo como base as evidências que nos fornecem o texto sagrado, busquemos responder a essas importantes questões. Nesta abordagem, contaremos também com auxílios externos.
Evidencia-nos a própria Bíblia ter sido Moisés o autor do livro de Gênesis. Tanto os profetas quanto os apóstolos e o próprio Cristo atestam-lhe a autoria completa do Pentateuco (Js 8.31; Dn 9.11; Jo 7.23; 1 Co 9.9). No original hebraico, o Gênesis acha-se interligado ao Êxodo por uma conjunção. Logo, o segundo livro do cânon sagrado pode ser lido desta forma: “E estes, pois, são os nomes dos filhos de Israel ...” (Êx 1.1)
Não há o que duvidar. O Gênesis foi escrito por Moisés que, inspirado pelo Espírito Santo, reconstituiu-nos os princípios da História Sagrada.
Todos os livros do Cânon Sagrado apresentam uma reivindicação e um tema específicos. Quanto ao Gênesis, o seu assunto central aparece logo no primeiro versículo: “No princípio, Deus criou os Céus e a Terra” (Gn 1.1).
Em virtude de sua temática, inferimos-lhe de imediato a reivindicação: “Que todos adoremos a Deus como o Criador, Senhor e Preservador de todas as coisas”. Nele vivemos, nele nos movemos e, sem Ele, não existimos, nem somos.
III. DATA E LOCAL DE SUA COMPOSIÇÃO
O Gênesis, à semelhança dos demais livros do Pentatêuco, foi escrito no Sinai, durante a peregrinação dos filhos de Israel rumo a Canaã. Não descartamos, por outro lado, a possibilidade de Moisés tê-lo composto ainda no Egito, pois o seu objetivo, conforme mais adiante veremos, era fundamentar o êxodo hebreu.
Se quisermos precisar uma data, podemos apontar o XV século antes de Cristo. Aliás, é o que estabelece a cronologia bíblica tradicional.
Deus inspirou Moisés a escrever o Gênesis, tendo em vista dois objetivos.
O primeiro foi estabelecer as bases do Êxodo. A geração que deixaria o Egito, para apossar-se das herdades de Canaã, deveria saber, antes de tudo, que o Deus de Abraão não mudara. Aquele que havia chamado o pai da nação hebreia a uma nova realidade espiritual garantir-lhes-ia o cabal cumprimento de todas as promessas. Portanto, que a nação descansasse nos braços do Altíssimo.
Em segundo lugar, o Gênesis foi escrito para responder-nos a estas importantes e imperiosas indagações: “Quem criou os Céus e a Terra? E quem me criou?”. Sem o primeiro livro da Bíblia, ainda jazeríamos em trevas espirituais. E, dessa forma, não teríamos condições de comungar com o Senhor e Criador de todas as coisas.
Providencialmente, o Senhor levou Moisés a escrever o Gênesis numa linguagem alfabética e facilmente assimilável. É bem provável que o Legislador haja aprendido a escrita sanaítica durante o seu exílio em Midiã. Se ele tivesse composto o primeiro livro da Bíblia em egípcio, hoje, a mensagem divina seria tão indecifrável como aquelas inscrições que jazem nas paredes das mastabas e pirâmides.
Consideremos também o estilo literário adotado por Moisés. Ao invés da poesia, a prosa coerente e precisa do historiador que prima pela exatidão e pela verdade. Isto não significa que, no Gênesis, não haja poesia. Há sim, e das melhores. Todavia, ao contrário de Homero, o hebreu não mitologizou fatos, nem fantasiou a História.
Moisés, sempre guiado pelo Espírito Santo, soube como separar a realidade do mito que já começava a distorcer a História Sagrada. Utilizou-se ele da tradição oral e dos registros genealógicos que, desde Adão, vinham preservando a linhagem messiânica. Enfim, o Legislador contou com a supervisão divina ao escrever o primeiro livro do Cânon Sagrado. Podemos confiar na narrativa mosaica.
CONCLUSÃO
Hoje, possuímos um relato fidedigno da origem dos Céus, da Terra e do Homem. A cosmogonia bíblica é confiável, pois conta com a chancela do próprio Deus. O que lemos em Gênesis é história, não fantasia.
Louvado seja Deus!
MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM
Genesis, o Livro das Origens
O Gênesis fascina-me o espírito. Tudo nele é relevante, didático, profundo, belo e devocional. Até as suas genealogias trazem-me preciosas lições. Da criação do Universo à morte de José, percorro um caminho que, apesar das agruras e provas, conduz-me logo ao Criador. Em cada página, encontro um Deus que, não se limitando a criar, deleita-se em revelar-se à criatura.
Neste livro, enterneço-me com os patriarcas. No Crescente Fértil, refaço-lhes as peregrinações desde a imponente Ur à rústica Betel. De suas vitórias, compartilho. Aos seus idílios, assisto. Que outro autor poderia descrever com tanta poesia o encontro de Jacó e Raquel? E a história de José? Não há quem não chore ao ler o drama do escravo hebreu que veio a governar o Império Egípcio.
Em cada capítulo do Gênesis, tenho uma nova experiência com o Deus de Isaque e de Abraão.
Iniciemos, pois, o nosso diálogo com uma literatura alta, rica e artisticamente bem trabalhada. Mas este não é o seu principal mérito. À semelhança dos demais livros da Bíblia Sagrada, o Gênesis é a inspirada, inerrante e infalível Palavra de Deus. Não foi escrito apenas para encantar-nos a estética, mas para encaminhar-nos à ética inigualável e perfeita do Criador.
O Gênesis foi escrito por um dos homens mais sábios da história. Filho de Anrão e Joquebede, pertencia Moisés à casa de Levi, a mais conservadora das tribos hebreias (Ex 6.20; 32.26-28). Sua biografia é pontilhada por lances dramáticos e inexplicáveis. Ainda recém-nascido, foi preservado do infanticídio desencadeado pelo rei do Egito, visando à eliminação do povo de Israel (Êx 2.1-10). Providencialmente adotado pela filha do Faraó, é levado ao palácio, onde recebe a educação mais esmerada da época (At 7.22).
Homem feito, saiu a ver as agruras de seus irmãos. E, na ânsia por ajudá-los, acaba por matar um egípcio. Vê-se, então, forçado a refugiar-se em Midiã. Nesse diminuto reino localizado ao norte da Arábia, entrega-se ao pastoreio do rebanho de Jetro, seu sogro (Ex 3.1). Ali, solitário e reflexivo, dispõe de espaço e tempo para meditar nos propósitos do Deus de Abraão. Que perguntas avivaram-lhe o espírito? E que indagações fez ao Eterno de Israel?
Deus utiliza o isolamento de Midiã, para trabalhar-lhe a personalidade. No Egito, entre cativos e exatores, jamais se teria desenvolvido espiritualmente.
Foi em seu exílio, que Moisés inteira-se de uma invenção que revolucionaria a transmissão do conhecimento: o alfabeto. Surgido na região do Sinai, seria logo adotado pela maioria dos povos. Providencialmente, o Senhor impediu que a sua Palavra fosse escrita em caracteres egípcios, pois tanto o demótico, conhecido pelo povo, como o hieróglifo, dominado apenas pelos sacerdotes, não possuíam a plasticidade e a segurança necessárias para registrar os inícios da História Sagrada.
Não sabemos em que período de seu ministério, Moisés escreveu o primeiro livro da Bíblia Sagrada. Mas podemos garantir que o Êxodo é uma sequência natural do Gênesis, pois, no original hebraico, ambos os livros acham-se ligados por uma conjunção aditiva.
Não é tarefa nada fácil precisar a data e o local em que Moisés escreveu o Gênesis. Para não nos perdermos em especulações, algumas absurdas e outras impiamente vazias, adotaremos a posição conservadora por ser a mais segura e racional.
III. REIVINDICAÇÃO E TEMA
Todos os livros da Bíblia possuem, além do tema central, uma reivindicação específica. Por isso, devemos ler a Palavra de Deus com atenção e cuidado, para não lhe ignorarmos as demandas.
Quem lê o Gênesis com devoção e amor, aceita de imediato a exigência divina. Sim, tudo pertence ao Senhor, inclusive você e eu. Aleluia!
Além de uma reivindicação específica e de um tema central, o Gênesis foi escrito com, pelo menos, dois objetivos: fundamentar teológica e historicamente o êxodo hebreu e responder-nos às grandes perguntas da vida.
O objetivo primacial do Gênesis, portanto, era fundamentar teológica e historicamente os filhos de Israel, a fim de que assumissem a sua identidade como povo de Deus. Eles deveriam saber que a sua liberdade não era fruto de um movimento político, nem de uma convulsão social, mas o cumprimento das alianças que o Senhor estabelecera com Abraão, Isaque e Jacó. Aliás, o próprio José, pouco antes de morrer, profetizara, no Gênesis, o Êxodo: “Eu morro; porém Deus certamente vos visitará e vos fará subir desta terra para a terra que jurou dar a Abraão, a Isaque e a Jacó”. Em seguida, José fez jurar os filhos de Israel, dizendo: “Certamente Deus vos visitará, e fareis transportar os meus ossos daqui” (Gn 50.24,25).
Nas Sagradas Escrituras, todos os atos de Deus são bem fundamentados teológica e historicamente. O que aconteceu no Êxodo alicerça-se no Gênesis. As alianças firmadas neste cumprem-se naquele. O mesmo podemos dizer com respeito a nossa salvação. O que teve início no primeiro livro da Bíblia plenifica-se no último.
Adão não tinha qualquer dúvida quanto à criação, pois conhecia pessoalmente o Criador. Mas os seus descendentes, por parte de Caim, logo endeusaram a criatura, permitindo-se arrastar pelo sexo e por atos cada vez mais violentos. Sim, violência e sensualidade, os dois primeiros deuses da humanidade; daí, nasceram todos os ídolos.
Não demorou muito para que os filhos do próprio Sete caíssem nos mesmos pecados de Caim (Gn 6.1-3). Se não fosse o piedoso Noé, toda a raça humana teria perecido no Dilúvio.
A era atual em nada difere daquela época, conforme afiança o Senhor Jesus: “Pois assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do Homem. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do Homem” (Mt 24.37-39).
Em consequência do pecado, o deus deste século não demorou a cegar e a perverter a mente da humanidade (2 Co 4.4). E, assim, a narrativa que Adão e Noé transmitiram aos seus filhos acabou por degenerar-se em mitologias blasfemas e grosseiras. A família de Sem, através de Abraão, ainda manteria, por alguns séculos, a pureza do criacionismo. Mas, já no tempo do Êxodo, a tradição oral já não era confiável. Por isso, o Senhor convoca Moisés não apenas para libertar Israel do Egito, como também perenizar, através da palavra escrita, a verdade sobre os inícios de todas as coisas.
Tendo em vista a pureza do Gênesis, rejeitamos a hipótese de que o autor sagrado foi buscar rescaldos nas mitologias babilônicas para redigir o primeiro livro da Bíblia. Supervisionado pelo Espírito Santo, selecionou os registros mantidos pelos hebreus, depurando a tradição oral da criação que o seu povo ainda conservava. É claro que, nessa tarefa, ele contou igualmente com a revelação divina. De modo que, hoje, temos um texto confiável, lógico e coerente. Não temos qualquer dúvida quanto à inspiração divina do Gênesis, que compreendeu tanto a iluminação como a supervisão do Espírito Santo.
Moisés foi chamado por Deus no momento mais crítico da história de Israel, pois Faraó estava prestes a exterminar os hebreus. E, com eles, perder-se-iam a narrativa da criação e os registros genealógicos que nos remetem a Adão e ao próprio Deus (Lc 3,38). Além disso, a linhagem do Messias também seria destruída, tornando inviável o advento de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Não há como mesurar a importância de Moisés na História Sagrada. O seu necrológio, apensado ao Deuteronômio, faz jus à sua biografia: “Nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moisés, com quem o SENHOR houvesse tratado face a face, no tocante a todos os sinais e maravilhas que, por mando do SENHOR, fez na terra do Egito, a Faraó, a todos os seus oficiais e a toda a sua terra; e no tocante a todas as obras de sua poderosa mão e aos grandes e terríveis feitos que operou Moisés à vista de todo o Israel” (Dt 34.10-12).
Bastava o Gênesis para que Moisés se imortalizasse. Mas a sua obra não parou aí; transcendeu, fazendo-se eterna. Séculos mais tarde, vamos encontrá-lo no Monte da Transfiguração. Ali, juntamente com Elias, conferenciava com o Verbo de Deus acerca do momento mais ingente da História Sagrada: a expiação da humanidade no Calvário. A profecia de Gênesis 3.15 cumpria-se plenamente.
Ao contrário de Homero, legou-nos Moisés uma cosmogonia altamente confiável. Se o primeiro dispôs apenas do engenho humano, o segundo foi assistido pelo Espírito Santo, que o inspirou, dirigindo-o em toda a redação da obra. Na composição do livro de Gênesis, por conseguinte, Deus providenciou todos os detalhes, para que tivéssemos uma obra inerrante e infalível: alfabeto, língua, gênero literário e estilo.
Por esse motivo, Deus isolou Moisés por quarenta anos em Midiã, para que o seu servo aprendesse o alfabeto sinaítico. Através dessa invenção maravilhosa, ele teria condições de transmitir às gerações futuras os inícios da História Sagrada. Embora não se saiba quem de fato criou a linguagem alfabética, o certo é que ela veio a ser assimilada rapidamente pelos hebreus, fenícios, gregos e latinos. Destes, veio a ser adotada pela maioria das línguas modernas.
Durante o cativeiro babilônico, os escribas judeus houveram por bem substituir o alfabeto sinaítico pelo ashurith, conhecido também como quadrático devido à sua forma retangular. E, a partir do século 6º de nossa hera, apareceram os massoretas, cujo principal trabalho foi a vocalização do texto original hebraico, para que este não acabasse por perder a sua pureza fonética.
É claro que, no decorrer do Antigo Testamento, os livros do Pentateuco foram submetidos a vários processos editoriais. Mas todas essas intervenções foram orientadas e supervisionadas pelo Espírito Santo, visando preservar a integridade do texto sagrado.
A História da Criação seria, séculos depois, salmodiada pelos cantores de Israel. Mas, quando da redação do Gênesis, o Senhor levou Moisés a utilizar um gênero literário adequado à historiografia sagrada, realçando a credibilidade do primeiro livro da Bíblia.
Enfim, o Gênesis é tão belo e singular que só podia ser divino. Escrito há mais de três mil e quinhentos anos, continua a encantar crianças, adolescentes, adultos e anciãos. O primeiro livro da Bíblia Sagrada, portanto, é uma história real, não uma parábola, nem uma coleção de alegorias, como sugerem os liberais e inimigos da Palavra de Deus. Se o interpretarmos doutra forma, jamais poderemos aceitar, como verdade, a História da Redenção.
O Gênesis pode ser dividido em duas grandes seções: a História Primitiva e a História de Israel.
De forma sintética, mas profundamente clara, a Palavra de Deus mostra como vieram a existir o Céu, a Terra, os animais e o homem. Narra também a ocorrência do Dilúvio e o evento da Torre de Babel, revelando como originou-se a diversidade cultural da humanidade.
Nessa seção, Deus estabelece suas alianças com os pais da família hebraica. De um lado, promete-lhes que os protegerá em suas peregrinações até introduzi-los na terra de Canaã. Do outro, os hebreus se comprometem a guardar-lhe os mandamentos e devotar-lhe uma adoração exclusiva e única. Todos fomos chamados a uma vida perfeita diante de El Shaday (Gn 17.1).
CONCLUSÃO
Como nos sairíamos sem o Gênesis? Ainda estaríamos presos às mitologias babilônicas, indianas e gregas. Sem ele, jamais poderíamos libertar-nos dos mitos pós-modernos, que nos chegam todos os dias como verdade e ciência. Enfim, sem as verdades do Gênesis, jamais teríamos alcançado a liberdade em Cristo, pois a doutrina da salvação tem, no primeiro livro da Bíblia Sagrada, a sua gênese.
Por isso, agradeçamos a Deus por nos haver providenciado uma porção tão indispensável e bela de sua inspirada e inerrante Palavra. Quanto mais o tempo passar, mais constataremos a exatidão da obra que nos legou Moisés.
Leia o Gênesis com a sua família. No culto doméstico, abra a Bíblia neste livro e estude-o metódica e sistematicamente. Assim, você impedirá que os seus pequeninos sejam vítimas dos falsos postulados científicos como a Teoria do Big Bang e o Evolucionismo.
FONTE CPADNEWS /WWW.MAURICIOBERWALD.COMUNIDADES.NET